Aos 48 anos de idade, o velejador Robert Scheidt disse em entrevista que se sente preparado para lutar pela sua sexta medalha em Jogos Olímpicos, em Tóquio.
O recente vice-campeonato na última seletiva europeia da classe Laser para Tóquio, disputada em Vilamoura, Portugal, ratifica sua confiança. No Brasil, como nos seis Jogos Olímpicos anteriores, a torcida – e a expectativa – é pelo ouro.
Em sua casa, na cidade italiana de Torbole, não é diferente. O filho Erik, de 11 anos, segue os passos do pai. Já tem título paulista e brasileiro de Optimist e saiu com essa frase quando Robert chegou em casa com o troféu de segundo lugar. “É, foi bom, mas dava para ter ganho”. Scheidt.
O velejador falou sobre a influência da pandemia na preparação: "Do lado humano, a pandemia é uma coisa muito triste. Muitas vidas perdidas. Para mim, também foi um momento de bastante apreensão. Porém, pelo lado esportivo, o tempo a mais teve um impacto positivo. No ano de 2020 eu não vinha em uma fase muito boa, tive problemas físicos, com lesões e não fiz um bom Campeonato Mundial. Com os meses e esse ano a mais eu consegui me organizar melhor, ajustar alguns pontos na preparação e mexer em coisas que não estavam muito boas. Trabalhei muito duro nesse período e consegui elevar meu nível. Assim, acredito que esse tempo a mais foi benéfico."
Scheidt ainda comentou sobre o fato de competir sem ter a pressão do favoritismo: "Me sinto mais leve que em outros Jogos. Não sendo o favorito, você pode fazer as coisas com mais tranquilidade, já que os holofotes não estão em você o tempo todo. Mas isso não significa que eu queira menos a medalha, que eu sonhe menos. Pelo contrário, a vontade de chegar no pódio e fazer uma boa campanha é igual das outras vezes. Na verdade, é até maior. Estou chegando no final da minha carreira e as chances de poder seguir nessa caminhada olímpica vão diminuindo. Realmente, a responsabilidade não está tão grande sobre mim por não ser um dos favoritos, mas não quer dizer que eu queira menos."
Sobre Enoshima, local de disputas dos Jogos, o brasileiro disse que: "Devido a pandemia, nenhum atleta conseguiu se preparar de maneira perfeita. Normalmente na vela, os atletas se deslocam para o local de competição muitas vezes para se adaptar a raia, ao vento, ao mar, enfim, ao clima, que é tão importante no nosso esporte. E, dessa vez, ninguém teve muitas chances de treinar na raia olímpica. Eu acredito que chegar em cima da hora, em um evento de grande pressão, pode ser um ponto a meu favor. Eu já passei por muitas situações em seis Olimpíadas, pois o lado mental, a calma, a tranquilidade em função de ter vivido muitas coisas, pode me ajudar em um torneio em que esse reconhecimento do local da disputa não pode ser explorado. Em relação às condições, a raia em Enoshima pode mudar de tempo, de vento fraco a forte. Não predomina uma condição e tem que estar pronto para o que vier. Serão seis dias de competição e, naturalmente, vai haver variação no clima. E isso me favorece. Sou um velejador que cobre bem tanto vento forte como fraco. Então, seria mesmo bom que não tivéssemos a mesma condição a semana toda."
Foto: OSGA/João Costa Pereira
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