Últimas Notícias

Surto História: A incrível vida do surfista Mick Fanning

 

Foto: Reprodução/PortugueseFanShare.com

Michael Eugene Fanning, ou apenas Mick Fanning, considerado um dos melhores surfistas do mundo, voltou a mostrar seu talento no último fim de semana e, para a alegria de seus fãs, o atleta de 39 anos, teve mais uma oportunidade de competir no Circuito Mundial. Pegando essa onda, o Surto Olímpico resolveu contar um pouco da história deste tricampeão mundial, enquanto esperamos pela próxima etapa do WSL. 


Foto: Reprodução/DailyTelegraphAustralia

Fanning nasceu nos subúrbios de Sydney, Austrália, na cidade de Penrith. De família humilde, nunca teve muito, mas, para ele, a sua família era o suficiente. E a família exerceu um papel fundamental na sua paixão pelo surfe. Quando mais novo, Mick costumava ir à praia, incentivado pela sua mãe, Elizabeth, que colocava todos os cinco filhos dentro de um carro e dirigia, por duas horas, pela costa de Sydney. Como o caçula da família, Mick sempre precisou competir com seus irmãos por tudo, comida, brinquedos e, eventualmente, ondas. Segundo ele, foi daí onde surgiu a sua natureza competitiva.


Aos três anos de idade, os seus pais se separaram. Isto poderia ter afetado negativamente em seu crescimento, mas Fanning teve uma infância feliz, uma vez que ele sempre teve a praia para confortá-lo. O australiano possuía uma veia esportiva desde pequeno. Até os dez anos de idade, ele já tinha tentado o futebol, rugby, atletismo e até mesmo o críquete. Porém, o surfe lhe conquistou.

 

..., mas o surfe era diferente, eu recebia uma energia do surfe, que eu não conseguia tirar de mais nada...

 

Para ele, a vida ficou ainda melhor quando sua mãe conseguiu um emprego em Gold Coast, cidade famosa pelas suas belas praias; e fez com que Mick tivesse a oportunidade de desenvolver ainda mais a sua paixão.


Foto: Reprodução/StabMagazine.com


Não demorou até Fanning começar a competir em eventos para juniores e, rapidamente, chamar a atenção pelo seu talento; recebendo contratos de empresas interessadas em estampar as suas marcas, em sua imagem.


Eu escrevi uma lista de objetivos em um pedaço de papel, e o prendi em uma parede em cima da minha cama... Vencer um Pro Junior, vencer um evento WQS, participar do Championship Tour, vencer um evento do WCT e se tornar um campeão mundial.

 

Mick sonhava alto, e não era por menos. Até os 16 anos de idade, a sua vida era tão boa quanto a de qualquer outro garoto. No entanto, foi a partir deste ponto que as coisas começaram a dar errado.

 

Foto: Reprodução/GE.com (Sean e Michael Fanning)

Sean Fanning, o irmão mais velho de Mick, também era um grande surfista. Lado a lado, os dois despontavam como joias do surfe australiano. Eles tinham os mesmos objetivos e sempre que podiam praticavam e competiam juntos. Numa ocasião, Sean e Mick estavam em uma festa. Eles acabaram se separando e Sean decidiu que iria voltar para casa de carro com alguns amigos, enquanto Mick iria a pé.


No caminho para casa, Mick foi parado por um policial que lhe disse que um acidente tinha acontecido, e que seu irmão havia falecido. Se isto não bastasse, ele ainda ficou encarregado de ter que contar sobre o acidente à sua família. 


Eu me tranquei no quarto e não saí de lá por uma semana. Quando eu finalmente me recompus, minha motivação para alcançar meus objetivos entrou numa hipervelocidade. Eu queria honrar o meu irmão, completando o seu sonho


Em 1999, Fanning fez a sua estreia no Circuito Mundial, no Coke Surf Classic em Manly Beach, Austrália. O resultado com certeza não foi o esperado pelo australiano. Ele terminou na trigésima terceira posição, sendo eliminado pelo havaiano e campeão mundial, Sunny Garcia, na repescagem.


Dois anos depois, Mick teve um dos seus mais gloriosos momentos dentro do Championship Tour. Ele participou como wildcard, do Rip Curl Pro, em Bells Beach, um dos melhores e mais famosos points de surfe na Austrália. O seu desempenho nesta competição foi fantástico, Fanning venceu o evento, e batendo o seu ídolo de infância, o também australiano Danny Wills, na final. Ele aproveitou a oportunidade para dedicar o título ao seu irmão.


Foto: Reprodução/surfingworld.com.au


Além da surpreendente vitória no CT Tour, o ano de 2001 presenteou Mick com o título do Qualifying Series. Assim, ele ganhou a sua vaga para competir no circuito mundial.

 

De repente eu estava viajando o mundo e surfando contra os melhores do mundo: Kelly Slater, Mark Occhilupo, Andy Irons, Shane Dorian, Rob Machado, Taylor Knox, e o resto do mundo

 

Os anos seguintes não foram ruins para Mick. Ele competiu no CT Tour como atleta principal, e conseguindo um quinto lugar no seu primeiro ano e uma quarta colocação em 2003. Além de uma vitória no Billabong Pro de 2002 em Jeffreys Bay, na África do Sul.


Em teoria, Fanning era um dos principais candidatos ao título para 2004. Porém, neste ano ele sofreu uma grave lesão na coxa direita, conhecida por ser uma das mais brutais do surfe, enquanto surfava nas Ilhas Mentawai, na Indonésia.


No entanto, para Mick isto foi necessário para que ele pudesse entender que somente o desejo de ser campeão não seria suficiente. Ele precisava entregar algo a mais, mudar a sua atitude e se dedicar como nunca, se quisesse levantar o título mundial.


Durante a minha reabilitação, eu comecei a entender o meu corpo melhor do que nunca. Eu queria ser campeão mundial, eu me tornei obcecado com este objetivo

 

Demorou até que Mick pudesse festejar o seu primeiro título mundial. Nos dois anos seguintes, o australiano teve alguns bons resultados, vencendo mais quatro etapas do WCT.  Apenas em 2007, Fanning conseguiu o tão sonhado título mundial, riscando todos os seus objetivos da sua antiga lista. A conquista aconteceu em solo brasileiro, no Santa Catarina Pro. Na ocasião, ele conquistou o título com quatro rodadas de antecedência.


No dia que eu venci o meu primeiro título mundial no Brasil, havia um golfinho perto da área de competição. Não era parte de um grupo, era apenas um golfinho solo, cruzando de um lado para o outro, e que ficava saindo da água durante as minhas baterias. Eu senti a presença do meu irmão Sean

 

Foto: Reprodução/GE.com


Quando Fanning levantou o seu troféu nas praias de Santa Catarina, além de ser o auge de sua carreira, foi, também, a primeira vez que um australiano o fazia; após um hiato de oito anos sem títulos para surfistas daquele país.


Mick ainda iria faturar os títulos de 2009 e 2013. Porém, nesse meio tempo ele sentia que a sua vida pessoal estava sendo afetada pelas responsabilidades que eram exigidas de um surfista da elite mundial. Principalmente com sua esposa, Karissa Dalton, com quem se casou em 2008.


Em 2015, Fanning estava muito bem, ele acreditava que aquele ano poderia ser um dos melhores de sua carreira, porém uma tempestade de problemas assolou-o naquela temporada. A começar pelo evento em Jeffrey’s Bay. 


Fanning estava confiante com outra vitória na etapa sul-africana do circuito mundial. Ele fez uma ótima campanha até a semifinal, aonde enfrentou o multicampeão Kelly Slater. Numa bateria apertada, o australiano foi superior e conseguiu a classificação para a final contra o compatriota Julian Wilson.


Logo no início da bateria final do evento, Mick sofreu um ataque de um tubarão. A competição foi imediatamente paralisada para o socorro dos atletas e averiguação dos seus estados de saúde e emocionais. A etapa acabou por ser cancelada e a vitória de Julian Wilson foi declarada, já que ele havia surfado uma onda e conquistado pontos.


Foto: Reprodução/Gazetadopovo.com.br

Definitivamente, 2015 não foi o melhor ano para Mick. No fim da temporada, ele estava liderando a disputa pelo título mundial contra o brasileiro Adriano de Souza e pronto para o evento final, o Pipe Masters, no Havaí. No dia em que teríamos o início da competição, a sua vida foi assolada por outra tragédia.


No dia em que estava tudo planejado para começar em Pipe, eu acordei cedo, muito cedo, com uma batida na minha porta. Minha linda mãe de pé, com lágrimas nos olhos e claramente sofrendo. Eu sabia que era ruim. Ela me contou que o meu irmão mais velho, Pete, tinha acabado de falecer.

 

Com certeza, este foi um dos piores momentos na carreira de Fanning, que estava perto de conquistar mais um título para a sua coleção, e, ao mesmo tempo, tinha que suportar a dor da perda de mais um irmão. Alguns meses antes, Mick teve a oportunidade de passar um tempo com seu irmão. Na ocasião, ele teve uma conversa com Pete, que revelou para ele que a sua coisa favorita era ver o irmão caçula competindo.


Com isso em mente, Fanning sabia que não podia desistir, e que ele precisava ir ao mar para honrar a vida e o desejo do seu irmão mais velho.


Foto: Reprodução/GE.com (Fanning prestes a entrar na água, após a notícia da perda do irmão.)


De certa forma, Fanning foi recompensado por sua decisão. No Round 4, ele teve uma das mais difíceis disputas em sua carreira: Kelly Slater e John John Florence. Uma lenda do surfe e um dos melhores surfistas da atualidade.


As ondas estavam incríveis, e todos nós tivemos ótimas descidas. Olhando para trás na minha carreira agora, eu acho que aquela bateria com John e Kelly foi a melhor para mim

 

Mick venceu a bateria com duas excelentes notas, e avançou para as quartas-de-final. Porém, ele acabou parado pelo brasileiro Gabriel Medina na semifinal, e perdeu o título para o Mineirinho. Provavelmente, aquele evento foi o último em que Fanning estava realmente disposto a competir no circuito mundial. No ano seguinte, Mick se separou de sua esposa, e participou apenas de cinco eventos do WCT.


Antes de começar a temporada de 2016, eu não sabia se queria competir, mas tinha total certeza que eu gostaria de me aposentar num bom momento. Eu surfei em cinco eventos para manter o meu lugar no tour e ganhar um tempo para considerar meus próximos passos

 

Um desses eventos era a etapa sul-africana. Local em que Fanning tinha negócios inacabados após o incidente na final do ano anterior. O point era um dos preferidos do australiano que já havia vencido lá anteriormente. Mick saiu vitorioso do evento novamente, batendo o havaiano John John Florence na final.


Este triunfo fez com que Fanning considerasse a sua participação em mais uma temporada completa no WCT. Ele sabia que as suas chances de conseguir novamente um título mundial diminuíam a cada ano. Por isso o foco de Fanning na temporada 2017 era apenas de desfrutar o esporte que ele amava.


“Eu percebi que eu não estava realmente tão determinado ao título, mas tive muito prazer de ver outras pessoas vencendo...”

 

Eu vi relances do futuro nas performances de John John e Felipe. Eu vi o tipo de fome e determinação que é preciso ter dentro de si para estar na disputa, como no Medina. Eu não via mais essa competição em mim

 

 


Foto: Reprodução/WSL / KELLY CESTARI

Fanning competiu na temporada 2017, e apesar de um bom desempenho, não conseguiu chegar ao pódio. No ano seguinte, o australiano anunciou que iria participar das duas primeiras etapas do campeonato, e, então, se aposentar.


Foi o que ele fez no Rip Curl Pro Bells Beach de 2018, alcançando à final e parando apenas contra o futuro campeão mundial, Ítalo Ferreira. Este sendo o capítulo final da carreira deste grandioso surfista.


Desde então, Fanning tem aproveitado para curtir mais a vida. Buscando novas experiências, tal como o surfe nas gélidas águas da Noruega, ou passando tempo com o seu primeiro filho, Xander, com a modelo estadunidense, Breeana Randall.


Foto: Reprodução/updateordie.com


Xander nasceu em agosto do ano passado. No mesmo dia em que o casal anunciou ao mundo a gravidez, Fanning surpreendeu a sua parceira com um pedido de casamento.


Foto: Reprodução/DaiLYmail

0 Comentários

.

APOIE O SURTO OLÍMPICO EM PARIS 2024

Sabia que você pode ajudar a enviar duas correspondentes do Surto Olímpico para cobrir os Jogos Olímpicos de Paris 2024? Faça um pix para surtoolimpico@gmail.com ou contribua com a nossa vaquinha pelo link : https://www.kickante.com.br/crowdfunding/ajude-o-surto-olimpico-a-ir-para-os-jogos-de-paris e nos ajude a levar as jornalistas Natália Oliveira e Laura Leme para cobrir os Jogos in loco!

Composto por cinco editores e sete colaboradores, o Surto Olímpico trabalha desde 2011 para ser uma referência ao público dos esportes olímpicos, não apenas no Brasil, mas em todo o mundo.

Apoie nosso trabalho! Contribua para a cobertura jornalística esportiva independente!

Digite e pressione Enter para pesquisar

Fechar