A ilha feliz do Caribe
Aruba é um simpático estado autônomo localizado na América Central, a cerca de 30km do norte da Venezuela. A ilha caribenha faz parte dos países que integram o Reino dos Países Baixos, juntamente com Curaçao, território vizinho à Aruba, e Bonaire. O pequeno país de 30km² é um importante ponto turístico ao sul do Caribe, muito por conta das suas praias de água azul-turquesa, que "convida" milhares de pessoas ao ano.
Não a toa o território tem um slogan de a "ilha feliz". Como não ser feliz em uma ilha cercada de águas calmas e paisagens belíssimas?
Até chegar ao status que o território tem hoje, houveram muitas lutas e invasões. Américo Vespúcio e Alonso de Ojeda foram os primeiros exploradores a passarem pela ilha, ainda em 1499. Os espanhóis voltaram para o país natal e influenciaram na colonização e escravização da ilha e dos nativos, anos após a primeira passagem de Vespúcio e Ojeda.
Carnaval nas ruas de Aruba - Foto: Autoridade de Turismo de Aruba |
Durante um século, Aruba foi terra da Espanha, mas os Países Baixos tomaram a ilha em 1636, ainda durante a Guerra dos Trinta Anos. Os próximos séculos foram de um país pobre, mas que passou por momentos de ascendência após a construção de uma refinaria de petróleo no século XX, quando Aruba se uniu às Antilhas Neerlandesas. Na década de 1990 a ilha de Aruba fechou a refinaria de petróleo, se tornou um território autônomo em 1986 e começou a sobreviver do turismo, carro chefe da sua economia nos dias atuais.
Dentre as curiosidades de Aruba está uma das línguas oficiais, o papiamento. Apesar do neerlandês também ser oficial na ilha, o idioma praticamente só é tratado em termos administrativos, sendo o papiamento o idioma mais falado no dia a dia, juntamente com o inglês e espanhol, por conta do turismo. O papiamento é uma língua crioula, ou seja, originária da junção de diversos idiomas e dialetos, dentre eles o português, de onde saiu várias palavras utilizadas no idioma. Além de Aruba, o papiamento é falado em Curaçao e Bonaire.
Por falar em semelhança brasileira com o idioma, Aruba também fala outra língua conhecida pelos brasileiros: o carnaval. Durante um mês as ruas são invadidas, por desfiles, torneios musicais e festas de rua, fazendo do Carnaval a maior festa do país (foto acima).
Uma ilha feliz e esportiva
Engana-se quem pensa que a pequena ilha caribenha não seja esportiva. É claro que a nível olímpico Aruba está muito atrás das suas vizinhas do Caribe, mas tem muita vida esportiva.
A começar pelo futebol, que conta com alguns brasileiros no Campeonato Arubano. Aliás, uma das equipes de futebol do país chama-se Brasil Juniors, uma homenagem a um dos bairros da capital, o bairro Brasil.
Saindo do futebol e indo para o atletismo, foi com um atleta de Aruba uma das cenas mais emblemáticas dos últimos anos no esporte mundial. Em 2019, o arubano Jonathan Busby estava próximo de finalizar a prova eliminatória dos 5000m do Campeonato Mundial de Atletismo, em Doha, no Catar. Se arrastando, Busby tentava, em um espírito esportivo gigantesco, terminar o percurso. Foi aí que Braima Suncar Dabó, de Guiné Bissau, voltou pra ajudar o até então colega desconhecido. A cena marcou o mundo inteiro.
"Na hora que eu sofri a lesão e estava caindo, do nada apareceu uma mão me segurando. Era a mão de um anjo. Não tenho muitas palavras para descrever o que aconteceu. Foi uma das cenas mais marcantes da minha vida. Posso dizer que ganhei um irmão. O Dabó já faz parte da minha família. Sem contar que as imagens rodaram o mundo, então ele já é uma celebridade em Aruba", disse Jonathan Busby, em entrevista ao GE na época.
Busby, inclusive, é atual campeão da prova de meia maratona da KLM Aruba Maratona, que vai para sua terceira edição em 2021. A prova internacional é um dos principais eventos anuais do calendário esportivo de Aruba e conta com quatro distâncias, bons patrocínios, além de sonhar em ser a maior prova de rua do Caribe.
Com tantas praias calmas, ventos constantes e cenários paradisíacos, a população arubana se encanta por esportes aquáticos radicais, principalmente o windsurf e o kitesurf. Os jovens, principalmente, crescem passando a gostar do esporte, o que tem trazido resultados.
Aruba tem dois grandes atletas entre os melhores do mundo no circuito mundial PWA (Associação Profissional Windsurfers) e no circuito IFCA (Associação Internacional de Classes Funboard), ambas competições com chancela da World Sailing. Trata-se dos irmãos Nathan e Ethan Westera. Com apenas 18 anos, Nathan é medalhista de bronze no Mundial Junior da IFCA em 2018, além de ter sido vice-campeão sub-17 do circuito IFCA um ano antes.
Ethan pode estar em Paris 2024 - Foto: Carter/PWA Tour |
Já o irmão mais velho, de 23 anos, é número 20 do mundo na foil - a nova classe olímpica para Paris 2024 - e coleciona títulos em etapas do circuito mundial PWA no slalom e freestyle. Com sua idade e em plena evolução na nova classe, Ethan Westera é cotado para estar em Paris 2024 na nova disciplina dos Jogos Olímpicos.
A gente sai do mar e volta para as areias escaldantes da Eagle Beach, onde Aruba recebe anualmente o Aruba Beach Tennis Open, uma das etapas mais importantes e charmosas do Circuito Mundial ITF de Beach Tennis. Nos Jogos Mundiais de Praia Doha 2019, os únicos representantes de Aruba vieram da modalidade, com Aksel Samardzic e Sander Castro - que pararam nas oitavas de final da disputa em duplas.
Voltando para as águas, foi da classe originária do windsurf, a RSX, que saiu a primeira medalha da história de Aruba nos Jogos Pan-Americanos. O bronze de Mack van den Eerenbeemt na prova masculina do RSX em Lima 2019. O iatista é nascido nos Países Baixos, mas faz quase 10 anos que representa Aruba.
"É a primeira medalha do meu país, fiquei brigando com o Brasil. Estou muito, muito feliz. É a primeira de toda a história. Estou feliz de ser o primeiro atleta a conseguir", comemorou Mack em entrevista ao GE após a conquista em 2019.
A medalha na prova da vela deixa claro de onde vem a força do esporte arubano, do contato com a natureza. A nível olímpico, a vela é sempre a maior esperança em levar atletas para os Jogos Olímpicos e é de lá onde ponde pintar uma possível primeira medalha olímpica do país, que ainda não possui nenhum classificado para Tóquio 2020.
Mack no pódio da classe RSX nos Jogos Pan-Americanos Lima 2019 - Foto: Comitê Olímpico Aruba |
Se em Olimpíadas Aruba ainda não possui medalhistas, nos Jogos Sul-Americanos e Jogos Centro-Americanos e Caribe a história é outra. Nos Jogos Sul-Americanos de Cochabamba 2018, os arubanos saíram com três pratas e um bronze, totalizando quatro medalhas. Duas pratas e um bronze vieram no boliche com Tashaina Seraus e Kamilah Dammers, além da prata no levantamento de pesos com Joel Kuiper.
Já nos Jogos Centro-Americanos e do Caribe em Barranquilla 2018, Aruba fez história no esporte e bateu um recorde, ao sair com nove medalhas da competição (2 ouros, 1 prata e 6 bronzes). Destaque novamente para Mack Eerenbeemt - na vela - que um ano depois viria a sair medalhista dos Jogos Pan-Americanos -, e para Tashaina Seraus, que conquistaram o ouro em suas provas. Aruba levou medalha em esportes como nado artístico, natação, vela, ciclismo e principalmente no boliche, esporte com mais conquistas.
Principais esportes
+ Vela (windsurf)
É difícil citar os principais esportes de Aruba se a gente pensar a nível olímpico. O país ainda luta pela primeira medalha na maior competição esportiva do planeta. Entretanto, certamente a vela passa pelos esportes principais da pequena ilha. Windsurf e kitesurf, por exemplo, apesar de terem o "surf" no meio, são modalidades ligadas à vela.
O windsurfe chegou a ser classe olímpica e depois foi remodelada para chegar no que é o RSX nos dias atuais (classe que saiu a única medalha em Pan-Americano). Aruba está sempre levando alguns atletas para competirem na modalidade e, como citado durante o texto, possui atletas competitivos para fazerem bonito no cenário olímpico.
Comitê Olímpico Arubano aposta na vela para boa competição em Tóquio 2020 - Foto: Comitê Olímpico Aruba |
Mesmo não tendo vaga assegurada, Mack Eerenbeemt deve disputar Tóquio 2020 e, inclusive, tem um forte investimento do Comitê Olímpico de Aruba desde 2018 para ele conseguir competir bem a competição. Se pensarmos em 2024, Ethan Westera aparece no páreo para a estreia da classe IQFoil em Paris.
+ Beach tennis
É claro que o 'tênis de praia' não é modalidade olímpica, mas é possível que possa vir a ser nas próximas Olimpíadas. O Comitê Olímpico Internacional (COI) tem observado com detalhe esses eventos de praia com a intenção de "achar" esportes mais dinâmicos e atrativos para os jovens. Além disso, a ITF é uma federação com certa tradição e moral com o COI, o que pode contar em uma possível entrada.
Aksel (esq) e Sander (dir) nos Jogos Mundiais de Praia - Foto: Comitê Olímpico Aruba |
Caso vire olímpica um dia, certamente Aruba seria beneficiado com a febre que a modalidade virou na ilha. Aksel Samardzic é considerado o principal destaque da modalidade.
+ Boliche
O boliche é mais um esporte "diferente" que Aruba tem grandes atletas. A principal delas, sem dúvidas, é Tashaina Seraus, 5ª colocada na prova individual nos Jogos Pan-Americanos de Lima 2019 e campeã dos Jogos Centro-Americano e do Caribe, em 2018.
Tashaina Seraus, destaque de Aruba no boliche - Foto: Comitê Olímpico Aruba |
No entanto, Tashaina aparentemente não terá mais chances de conquistar a tão sonhada medalha pan-americana, já que o boliche foi retirado do programa dos Jogos de Santiago 2023. O esporte segue tentando entrar nas Olimpíadas, com a World Bowling adotando mudanças nas regras em prol de dinamicidade nas competições. Caso entre em 2028, Aruba teria grandes chances.
Atleta Destaque
Mack van den Eerenbeemt: o iatista é a "estrela" do esporte olímpico de Aruba. Não por acaso o Comitê Olímpico assinou acordo de apoio ao atleta em 2018, quando ele ainda tinha 19 anos. Conquistou medalhas no continente Americano e chegou ao auge em Lima 2019, quando chegou à primeira medalha da nação e foi porta-bandeira na cerimônia de abertura. Em Tóquio, Mack novamente deve representar a nação arubana ao carregar a bandeira na abertura dos Jogos Olímpicos.
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