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Parada das Nações Tóquio 2020 - Aruba

Aruba na Parada das Nações


A ilha feliz do Caribe


Aruba é um simpático estado autônomo localizado na América Central, a cerca de 30km do norte da Venezuela. A ilha caribenha faz parte dos países que integram o Reino dos Países Baixos, juntamente com Curaçao, território vizinho à Aruba, e Bonaire. O pequeno país de 30km² é um importante ponto turístico ao sul do Caribe, muito por conta das suas praias de água azul-turquesa, que "convida" milhares de pessoas ao ano.

Não a toa o território tem um slogan de a "ilha feliz". Como não ser feliz em uma ilha cercada de águas calmas e paisagens belíssimas?

Até chegar ao status que o território tem hoje, houveram muitas lutas e invasões. Américo Vespúcio e Alonso de Ojeda foram os primeiros exploradores a passarem pela ilha, ainda em 1499. Os espanhóis voltaram para o país natal e influenciaram na colonização e escravização da ilha e dos nativos, anos após a primeira passagem de Vespúcio e Ojeda.

Carnaval nas ruas do centro de Aruba
Carnaval nas ruas de Aruba - Foto: Autoridade de Turismo de Aruba

Durante um século, Aruba foi terra da Espanha, mas os Países Baixos tomaram a ilha em 1636, ainda durante a Guerra dos Trinta Anos. Os próximos séculos foram de um país pobre, mas que passou por momentos de ascendência após a construção de uma refinaria de petróleo no século XX, quando Aruba se uniu às Antilhas Neerlandesas. Na década de 1990 a ilha de Aruba fechou a refinaria de petróleo, se tornou um território autônomo em 1986 e começou a sobreviver do turismo, carro chefe da sua economia nos dias atuais.

Dentre as curiosidades de Aruba está uma das línguas oficiais, o papiamento. Apesar do neerlandês também ser oficial na ilha, o idioma praticamente só é tratado em termos administrativos, sendo o papiamento o idioma mais falado no dia a dia, juntamente com o inglês e espanhol, por conta do turismo. O papiamento é uma língua crioula, ou seja, originária da junção de diversos idiomas e dialetos, dentre eles o português, de onde saiu várias palavras utilizadas no idioma. Além de Aruba, o papiamento é falado em Curaçao e Bonaire.

Por falar em semelhança brasileira com o idioma, Aruba também fala outra língua conhecida pelos brasileiros: o carnaval. Durante um mês as ruas são invadidas, por desfiles, torneios musicais e festas de rua, fazendo do Carnaval a maior festa do país (foto acima).

Uma ilha feliz e esportiva


Engana-se quem pensa que a pequena ilha caribenha não seja esportiva. É claro que a nível olímpico Aruba está muito atrás das suas vizinhas do Caribe, mas tem muita vida esportiva.

A começar pelo futebol, que conta com alguns brasileiros no Campeonato Arubano. Aliás, uma das equipes de futebol do país chama-se Brasil Juniors, uma homenagem a um dos bairros da capital, o bairro Brasil.

Saindo do futebol e indo para o atletismo, foi com um atleta de Aruba uma das cenas mais emblemáticas dos últimos anos no esporte mundial. Em 2019, o arubano Jonathan Busby estava próximo de finalizar a prova eliminatória dos 5000m do Campeonato Mundial de Atletismo, em Doha, no Catar. Se arrastando, Busby tentava, em um espírito esportivo gigantesco, terminar o percurso. Foi aí que Braima Suncar Dabó, de Guiné Bissau, voltou pra ajudar o até então colega desconhecido. A cena marcou o mundo inteiro.

"Na hora que eu sofri a lesão e estava caindo, do nada apareceu uma mão me segurando. Era a mão de um anjo. Não tenho muitas palavras para descrever o que aconteceu. Foi uma das cenas mais marcantes da minha vida. Posso dizer que ganhei um irmão. O Dabó já faz parte da minha família. Sem contar que as imagens rodaram o mundo, então ele já é uma celebridade em Aruba", disse Jonathan Busby, em entrevista ao GE na época.


Busby, inclusive, é atual campeão da prova de meia maratona da KLM Aruba Maratona, que vai para sua terceira edição em 2021. A prova internacional é um dos principais eventos anuais do calendário esportivo de Aruba e conta com quatro distâncias, bons patrocínios, além de sonhar em ser a maior prova de rua do Caribe.

Com tantas praias calmas, ventos constantes e cenários paradisíacos, a população arubana se encanta por esportes aquáticos radicais, principalmente o windsurf e o kitesurf. Os jovens, principalmente, crescem passando a gostar do esporte, o que tem trazido resultados.

Aruba tem dois grandes atletas entre os melhores do mundo no circuito mundial PWA (Associação Profissional Windsurfers) e no circuito IFCA (Associação Internacional de Classes Funboard), ambas competições com chancela da World Sailing. Trata-se dos irmãos Nathan e Ethan Westera. Com apenas 18 anos, Nathan é medalhista de bronze no Mundial Junior da IFCA em 2018, além de ter sido vice-campeão sub-17 do circuito IFCA um ano antes.

Nathan Westera nas águas de Aruba
Ethan pode estar em Paris 2024 - Foto: Carter/PWA Tour

Já o irmão mais velho, de 23 anos, é número 20 do mundo na foil - a nova classe olímpica para Paris 2024 - e coleciona títulos em etapas do circuito mundial PWA no slalom e freestyle. Com sua idade e em plena evolução na nova classe, Ethan Westera é cotado para estar em Paris 2024 na nova disciplina dos Jogos Olímpicos.

A gente sai do mar e volta para as areias escaldantes da Eagle Beach, onde Aruba recebe anualmente o Aruba Beach Tennis Open, uma das etapas mais importantes e charmosas do Circuito Mundial ITF  de Beach Tennis. Nos Jogos Mundiais de Praia Doha 2019, os únicos representantes de Aruba vieram da modalidade, com Aksel Samardzic e Sander Castro - que pararam nas oitavas de final da disputa em duplas.


Voltando para as águas, foi da classe originária do windsurf, a RSX, que saiu a primeira medalha da história de Aruba nos Jogos Pan-Americanos. O bronze de Mack van den Eerenbeemt na prova masculina do RSX em Lima 2019. O iatista é nascido nos Países Baixos, mas faz quase 10 anos que representa Aruba.

"É a primeira medalha do meu país, fiquei brigando com o Brasil. Estou muito, muito feliz. É a primeira de toda a história. Estou feliz de ser o primeiro atleta a conseguir", comemorou Mack em entrevista ao GE após a conquista em 2019.

A medalha na prova da vela deixa claro de onde vem a força do esporte arubano, do contato com a natureza. A nível olímpico, a vela é sempre a maior esperança em levar atletas para os Jogos Olímpicos e é de lá onde ponde pintar uma possível primeira medalha olímpica do país, que ainda não possui nenhum classificado para Tóquio 2020.

Mack van den Eerenbeemt recebendo a primeira medalha panamericana de Aruba
Mack no pódio da classe RSX nos Jogos Pan-Americanos Lima 2019 - Foto: Comitê Olímpico Aruba

Se em Olimpíadas Aruba ainda não possui medalhistas, nos Jogos Sul-Americanos e Jogos Centro-Americanos e Caribe a história é outra. Nos Jogos Sul-Americanos de Cochabamba 2018, os arubanos saíram com três pratas e um bronze, totalizando quatro medalhas. Duas pratas e um bronze vieram no boliche com Tashaina Seraus e Kamilah Dammers, além da prata no levantamento de pesos com Joel Kuiper.


Já nos Jogos Centro-Americanos e do Caribe em Barranquilla 2018, Aruba fez história no esporte e bateu um recorde, ao sair com nove medalhas da competição (2 ouros, 1 prata e 6 bronzes). Destaque novamente para Mack Eerenbeemt - na vela - que um ano depois viria a sair medalhista dos Jogos Pan-Americanos -, e para Tashaina Seraus, que conquistaram o ouro em suas provas. Aruba levou medalha em esportes como nado artístico, natação, vela, ciclismo e principalmente no boliche, esporte com mais conquistas.

Dados esportivos e olímpico de Aruba



Principais esportes


+ Vela (windsurf)


É difícil citar os principais esportes de Aruba se a gente pensar a nível olímpico. O país ainda luta pela primeira medalha na maior competição esportiva do planeta. Entretanto, certamente a vela passa pelos esportes principais da pequena ilha. Windsurf e kitesurf, por exemplo, apesar de terem o "surf" no meio, são modalidades ligadas à vela.

O windsurfe chegou a ser classe olímpica e depois foi remodelada para chegar no que é o RSX nos dias atuais (classe que saiu a única medalha em Pan-Americano). Aruba está sempre levando alguns atletas para competirem na modalidade e, como citado durante o texto, possui atletas competitivos para fazerem bonito no cenário olímpico.

Comitê Olímpico Arubano aposta na vela para boa competição em Tóquio 2020 - Foto: Comitê Olímpico Aruba



Mesmo não tendo vaga assegurada, Mack Eerenbeemt deve disputar Tóquio 2020 e, inclusive, tem um forte investimento do Comitê Olímpico de Aruba desde 2018 para ele conseguir competir bem a competição. Se pensarmos em 2024, Ethan Westera aparece no páreo para a estreia da classe IQFoil em Paris.

+ Beach tennis


É claro que o 'tênis de praia' não é modalidade olímpica, mas é possível que possa vir a ser nas próximas Olimpíadas. O Comitê Olímpico Internacional (COI) tem observado com detalhe esses eventos de praia com a intenção de "achar" esportes mais dinâmicos e atrativos para os jovens. Além disso, a ITF é uma federação com certa tradição e moral com o COI, o que pode contar em uma possível entrada.

Aksel e Sander nos Jogos Mundiais de Praia, em Doha
Aksel (esq) e Sander (dir) nos Jogos Mundiais de Praia - Foto: Comitê Olímpico Aruba



Caso vire olímpica um dia, certamente Aruba seria beneficiado com a febre que a modalidade virou na ilha. Aksel Samardzic é considerado o principal destaque da modalidade.

+ Boliche


O boliche é mais um esporte "diferente" que Aruba tem grandes atletas. A principal delas, sem dúvidas, é Tashaina Seraus, 5ª colocada na prova individual nos Jogos Pan-Americanos de Lima 2019 e campeã dos Jogos Centro-Americano e do Caribe, em 2018.

 
Tashaina Seraus do boliche arubano
Tashaina Seraus, destaque de Aruba no boliche - Foto: Comitê Olímpico Aruba

No entanto, Tashaina aparentemente não terá mais chances de conquistar a tão sonhada medalha pan-americana, já que o boliche foi retirado do programa dos Jogos de Santiago 2023. O esporte segue tentando entrar nas Olimpíadas, com a World Bowling adotando mudanças nas regras em prol de dinamicidade nas competições. Caso entre em 2028, Aruba teria grandes chances.

Atleta Destaque


Mack van den Eerenbeemt: o iatista é a "estrela" do esporte olímpico de Aruba. Não por acaso o Comitê Olímpico assinou acordo de apoio ao atleta em 2018, quando ele ainda tinha 19 anos. Conquistou medalhas no continente Americano e chegou ao auge em Lima 2019, quando chegou à primeira medalha da nação e foi porta-bandeira na cerimônia de abertura. Em Tóquio, Mack novamente deve representar a nação arubana ao carregar a bandeira na abertura dos Jogos Olímpicos.


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