Últimas Notícias

Parada das Nações Tóquio 2020 - Albânia



A República da Albânia foi um dos países mais isolados da Europa até o início dos anos 1990 e isso refletiu em sua fraca campanha olímpica. Considerado por alguns como ‘Coreia do Norte europeia’, o país entrou na história olímpica por ter sido a única nação a ter participado de todos boicotes entre 1976 a 1988 e uma das das poucas nações do velho continente a não ter subido ao pódio ainda. A Albânia segue em busca de sua primeira medalha olímpica.

O país declarou independência do Império Otomano em 28 de novembro de 1912, sob a liderança de Ismail Qemalo. Enquanto o governo de Constantinopla, já às beiras do colapso, cogitava dar maiores poderes para o território com maioria albanesa (que incluia o atual Kosovo), as potências vizinhas apoiaram a independência já vislumbrando o fatiamento do império.

Depois de uma série de governos, que incluiu dois períodos de monarquia, o Rei Zog I permitiu que o país caísse em uma influência italiana e o país foi eventualmente ocupado pela Itália entre 1939 e 1943, sendo protetorado de Roma. Em setembro de 1943, a Alemanha ocupou a Albânia e apontou o nacionalista Balli Kombëtar, um dos principais inimigos dos italianos, como líder do governo-fantoche.

Uma intensa guerra civil se seguiu até que os comunistas venceram no fim de 1944 e após expulsar os alemães, montaram um governo provisório em outubro daquele ano, sob liderança de Enver Hoxha, que seria ditador do país até sua morte, em 1985.

Imagem que representa a amizade sino-albanesa nos anos 1960 - Foto: Reprodução/Espresso Stalinist

Inicialmente próximo à União Soviética, a Albânia se afastou de Moscou e ficou ao lado da China na ruptura sino-soviética durante a década de 1960. Por sua vez, a aproximação da China aos EUA no início dos anos 1970 foi considerada como uma traição para os líderes do Partido Comunista albanês e o país se isolou de todas as principais potências mundiais.

Já sob liderança de Ramiz Alia, escolhido como Hoxha para ser seu sucessor, o país foi varrido pelos protestos que aconteceram na Europa oriental em 1989. Os comunistas venceram a primeira eleição da Quarta República em 1991, mas o governo entrou em colapso e novas eleições foram convocadas com vitória do Partido Democrático em 1992, iniciando reformas econômicas.

Com o fim do comunismo, vieram os aproveitadores e a Albânia sucumbiu a um esquema de pirâmides, aplicado por bancos e demais capitalistas com apoio do governo que fazia propaganda dos chamados “investimentos”, quase levando a uma nova guerra civil na nação e agravando as questões econômicas e sociais do que é considerado um dos países mais pobre da Europa.

Fotos de refugiados albaneses eram recorrentes no noticiário internacional dos anos 1990. Essa imagem foi usada por Olivero Toscani em uma de suas muitas peças para a Benetton que traziam questões urgentes para a sociedade - foto: reprodução

Início da Albânia nos Jogos Olímpicos


O país finalmente enviou representantes para os Jogos de Munique em 1972. Fatos Pilkati e Afërdita Tusha, única mulher da delegação e porta-bandeira na cerimônia de abertura, participaram da pistola livre de 50m mista; Ismail Rama e Beqir Kosova na carabina deitada 50m mista; enquanto Ymer Pampuri disputou a prova de 60kg no levantamento de pesos. Dois treinadores, o Ministro de Esportes e um agente da segurança estatal cujo trabalho era garantir que atletas albaneses não conversassem com colegas de outras nacionalidades completavam os nove representantes do país na Alemanha Ocidental.

O grande destaque da delegação foi Ymer Pampuri, um palhaço de circo que praticava halterofilismo nas horas vagas. À época eram disputadas três etapas na prova de levantamento de pesos: antes dos atuais Arranque e Arremesso, os atletas começavam a disputa pelo Desenvolvimento, e nele Pampuri foi um dos três atletas a bater o recorde olímpico, levantando 127,5kg.

Porém, as outras disciplinas não eram praticadas na Albânia, segundo depoimento de Pampuri, e ele foi o que levantou os menores pesos em arranque (90kg) e arremesso (125kg), terminando apenas em nono lugar entre os 11 competidores que terminaram, com 342,5kg.  

Os Jogos Olímpicos de Munique contaram como Campeonato Mundial de 1972 em todas três categorias e total. Por ter o peso menor do que os dois concorrentes que também levantaram 127,5kg no desenvolvimento, Ymer Pampuri foi coroado campeão mundial do ano na categoria, feito inédito para o país em esporte olímpico.

Momento histórico em que Ymer Pampuri levanta 127,5kg no desenvolvimento, que lhe deu o título de campeão mundial e recordista olímpico - apesar disso, ele saiu sem medalha de Munique


Depois deste começo promissor, o que se viu foi um apagão olímpico. Em matéria para o periódio norte-americano The New York Times de 4 de agosto de 1992, em que conta a trajetória albanesa até o retorno olímpco, David Wallechinsky afirma que Hoxha ficou decepcionado com a campanha e ao julgar que o país não era uma potência olímpica, optou por não só não enviar representantes aos Jogos Olímpicos de 1976, 1980 e 1984, quanto fechar completamente a Albânia para o esporte internacional

Não era verdade. Elizabeta Karabolli, venceu a prova de pistola de 25m no Campeonato Europeu de 1979, além de ter sido medalhista de prata em 1978 e bronze em 1977, sendo a primeira pessoa de seu país a vencer um título europeu. A prova não era olímpica, mas a carabina deitada em 50m era, e foi nela que Ermira Dingu, 6ª no mundial de 1974, sagrou-se campeã europeia em 1980. As provas no europeu eram femininas e nos Jogos Olímpico eram mistas, mas sinaliza que apesar do pouco apoio estatal, os representantes da Albânia tinham condições de competir em alto nível. Foram duas de uma geração de atletas que não experimentou os Jogos Olímpicos.

Por conta de seu não-alinhamento aos regimes de Moscou e Washington e , por muito tempo se considerou que a Albânia tivesse apoiado os boicotes da China em Moscou 1980 e da União Soviética em Los Angeles 1984, mas apesar de não ter sido a motivação principal, é certo que o regime de Hoxha aproveitou o tema político para ganho próprio. A mesma coisa aconteceu já durante o governo de Ramiz Alia. 

Em Seul 1988, a Albânia novamente não respondeu ao convite do Comitê Olímpico Internacional – é incerto se eles apoiaram o boicote de Cuba e Coreia do Norte pela não inclusão do vizinho do norte na organização de eventos ou se simplesmente não quiseram participar, novamente por não acreditarem ser uma potência esportiva e não ver sentido participar somente pelo chamado 'espírito olímpico'.


Retorno ao Olimpo e medalhas de seus atletas... pela Grécia


1992 marcou o retorno da África do Sul aos Jogos Olímpicos e a primeira aparição em décadas de uma Alemanha Unificada. Mas a Albânia também fez história ao desfilar. Em 1992, sete anos depois da morte do líder Enver Hoxha e com duas eleições democráticas no período de 12 meses, o país já estava integrado de vez ao mundo globalizado e não foi com surpresa que desfilou no estádio olímpico de Barcelona. Sete atletas estiveram na capital da Catalunha, dois no atletismo e natação: Alma Qeramixhi não terminou a disputa do heptatlo, prova da qual ainda detém o recorde nacional de 21 de junho de 1990; nas piscinas, o americano Frank Leskah representou a Albânia nos 50m e 100m livres e 100m peito, mas sem avançar de fases.

Dois atiradores participaram de Barcelona 1992: Kristo Robo carregou a bandeira da albânia na cerimônia de abertura, ficou em 30º na pistola rápida de 25m masculina, enquanto Enkelejda Shehu foi a 14ª na pistola de 25m. A maior delegação foi no levantamento de pesos: Sokol Bishanaku, Fatmir Bushi (67,5kg) e Dede Dekaj (110kg), ficaram em 13º, 11º e 9º, respectivamente.





A participação da Albânia poderia ter sido histórica em Barcelona, se o governo desse maior liberdade para seus atletas de viajarem - ou se as condições econômicas e sociais fossem melhores no país. O fato é que cinco pessoas nascidas na Albânia venceram medalhas olímpicas representando a Grécia entre 1992 e 2000, quatro delas no Levantamento de Pesos. E eles nem haviam sido os primeiros casos. Aleksander Kondo e Xhelal Sukniqi se afastaram de seus companheiros durante o Europeu de 1985 em Titogrado, Iugoslávia (atual Podgorica, Montenegro) e emigraram para os EUA. Kondo, dono de vários recordes nacionais, morreria em 1987 em um acidente de carro em Nova Iorque. 

Um grupo de halterofilistas do país se destacava em competições juvenis e continentais. Durante o Europeu de 1990, disputado em Aalborg, na Dinamarca, delegados gregos abordaram os albaneses e convidaram especificamente sua maior estrela Pyrros Dimas, a treinar na Grécia. Sem permissão de sair do país e sem perspectiva de futuro, Dimas e alguns colegas escaparam a pé para o país vizinho. 

Pyrros Dimas, nascido em Himarë, em 1971, ficou em 4º lugar no Europeu de 1990, mesmo sem condições de treino. Ao se tornar cidadão grego em 1992, se tornou um dos principais atletas de seu esporte, sendo tricampeão olímpico entre 1992 e 2000, e apesar de lesão em 2004, foi porta-bandeiras da Grécia na Abertura e ainda levou um bronze em seu novo lar. Pior ainda, ele gritou "para a Grécia", em grego, ao levar o ouro em 1992, um acontecimento traumático para os albaneses. Hoje ele treina a equipe norte-americana que aos poucos vem se tornado uma nova potência no esporte.

Dimas saiu do país ao lado de quatro colegas, todos também bem-sucdedidos. Giorgos Tzelilis, Leonidas Kokas, Leonidas Sabanis e Viktor Mitrou. Leonidas Kokas, nascido em Korçë em 1973, levou medalha de prata em Atlanta 1996 na categoria 91kg; Giorgos Tzelilis, nascido em Vlorë em 1973, ficou em quarto em Atlanta 1996 e foi vice-mundial em 1998, 1999 e 2001, e se casou com a também atleta albanesa Mirela Maniani em 1997, que por sua vez seria a quinta albanesa a ganhar medalha pela Grécia; Viktor Mitrou, nascido em Vlorë em 1973, ficou em 4º lugar em 1996 e 2004 e foi medalhista de prata nos 77kg em Sidney 2000. Leonidas Sabanis, nascido em 1971 em Korçë, havia sido medalhista de bronze pela Albânia no Europeu de 1989, antes de se mudar para o país dos seus pais. Na Grécia, foi medalhista de prata em Atlanta 1996 e Sidney 2000, além de ter levado bronze em Atenas 2004, a primeira da Grécia no evento, mas testou positivo para excesso de testosterona e chegou a ser preso por seis meses e afastado por dois anos. O selo em homenagem à sua medalha, retirado de circulação imediatamente, hoje é item de colecionador.

Em 1996 sete atletas competiram (quatro homens e três mulheres), com destaque para o primeiro ciclista, Besnik Musaj, que não completou sua prova de estrada e para a estreia na luta livre, com Shkelqim Troplini, nos 100kg. O lutador faleceu em 9 de novembro de 2020 de Covid-19 em sua cidade-natal de Durres, com apenas 54 anos. A melhor colocação no papel foi a de Ilirjan Suli, 14º (de 24 competidores) nos 76kg do levantamento de pesos, enquanto Enkelejda Shehu, em sua segunda olimpíada, foi 15ª na pistola de 25m feminina - Djana Mata ficou em 20º na mesma prova. Completaram a delegação Vera Vitanji, 25ª no salto triplo e Mirela Maniani, do lançamento de dardo, foi a porta-bandeira.

Medalhista de prata no Campeonato Europeu juvenil de atletismo na Hungria em 1995, Mirela Manjani - como era conhecida no início de carreira - lançou a 62,46 representando a Universidade de Alabama, dos EUA, no ano seguinte. Essa marca daria uma final olímpica em Atlanta, e a deixaria a quase três metros da medalha, e principalmente mostrava um grande potencial para a atleta de 19 anos. Até que ela se casou com o levantador de pesos grego Giorgos Tzelillis em 1997, trocando de cidadania e ganhando suas maiores glórias no país vizinho: bicampeonato mundial em 1999 e 2003, prata em Sidney 2000 e bronze em Atenas 2004, como Mirela Maniani-Tzelili.

Mirela Manjani carregou a bandeira da Albânia em Atlanta 1996, mas foi imortalizada como 
Mirela Maniani, medalhista olímpica pela Grécia em 2000 e 2004


Enquanto assistiam sua antiga compatriota levar a bandeira grega ao pódio em Sidney 2000, quatro atletas representavam a Albânia na Austrália: os corredores Oltion Luli e Klodiana Shala não passaram das eliminatórias no 100m masculino e 400m feminino; Djana Mata foi 21ª na pistola de ar 10m e 11ª na pistola de 25m feminina; e coube a Illirjan Suli conquistar o primeiro diploma olímpico da Albânia, ao terminar em quinto lugar no Levantamento de Pesos para homens com até 77kg, melhor posição até hoje alcançada por um albanês em Jogos Olímpicos.

Forte candidato a medalhas, ele levantou suas únicas marcas válidas na primeira tentativa (162,5kg no arranque e 192,5kg no arremesso), ficando a apenas 10kg da medalha. Ele foi medalhista de bronze no campeonato europeu do mesmo ano e foi medalhista de prata em arranque no mundial de 2002.


Em busca do pódio no século XXI


A participação em Atenas 2004 foi discreta: Dorian Çollaku, no lançamento de martelo, e Klodiana Shala, nos 400m com barreira não passaram da fase eliminatória, assim como os nadadores Kreshnik Gjata e Rovena Marku, nos 50m livre masculino e feminino, respectivamente. Sahit Prizreni perdeu seus dois combates na Luta livre até 60kg e os jovens irmãos Gert Trasha (62kg) e Theoharis Trasha (77kg) de 16 e 19 anos, ficaram em 13º e 12º no levantamento de pesos. Pela primeira vez, a Albânia não esteve representada no tiro esportivo.

O Comitê Olímpico Albanês conseguiu enviar sua maior delegação para Pequim 2008, com 11 atletas, incluindo a estreia no judô, com Edmond Topali nos 81kg e o retorno ao tiro, com Lindita Kodra, na pistola de ar 10m e pistola de 25m feminina, prova em que havia sido campeã europeia da Pistola de 25m em 2007, mas terminou apenas em 35ª, e em 40º na pistola de ar 10m.

Novamente, o país conseguiu convites para as provas mais rápidas da natação, com Rovena Marku nos 50m feminino e Sidni Hoxha nos 50m masculino. Atual recordista nacional dos 50m e 100m livre, Sidni é conhecido como “a sensação albanesa” e não possui nenhuma relação com o antigo líder do país, e retornaria a Londres e Rio de Janeiro. Dorian Çollaku e Klodiana Shala não conseguiram avançar mais uma vez no lançamento de martelo e 400m, como havia acontecido na Grécia.

Sahit Prizreni foi eliminado em seu único combate no 60kg da luta livre, mas Elis Guri, medalhista de bronze no Europeu de Lutas de 2008, conseguiu uma boa participação na estreia do país na luta greco-romana, terminando em oitavo lugar nos 96kg. Ambos se mudaram da Albânia por melhores resultados. Sahit Prizreni foi para a Austrália, onde conseguiu se classificar para os Jogos Olímpicos do Rio 2016.

Elis Guri é outro caso de albanês que teve muito sucesso depois de trocar de nacionalidade. Após as Olimpíadas ele decidiu se mudar para a Bulgária e ter melhores oportunidades. A troca de nacionalidade, que lhe obrigou a ficar fora das competições internacionais por dois anos, foi compensada pelo título mundial nos 96kg em 2011 e o sétimo lugar em Londres 2012.

Mais uma vez, o levantamento de pesos deu ao país sua melhor classificação, com o sexto lugar de Romela Begaj no 58kg feminino. Erkand Qerimaj ficou em 13º no 77kg masculino e Gert Tasha, agora com 20 anos, não completou sua participação no 69kg. Qerimaj foi campeão europeu em 2014 e medalhista de bronze em 2017.

Romela Begaj é a principal atleta feminina do país nos últimos anos, mas como outros compatriotas foi pega no exame anti-doping em suas maiores conquistas - Foto: FaxWen

Em Londres 2012, a Albânia contou com 11 atletas. Em sua quarta olimpíada, um recorde, Klodiana Shala abandonou a prova dos 200m rasos devido a uma lesão - e em 2020, um exame anti-doping retroativo deu positivo - , e Adriatik Hoxha - sem relação com Enver ou Sidni - ficou em 37º no arremesso de peso. Sidni, aliás, bateu recorde nacional nos 100m livre com 51.11m, mas também ficou em 37º. Noel Borshi competiu nos 100m borboleta feminino, terminando em 40º. O atirador Arben Kucana foi apenas 20º na pistola de ar 10m e 37º na pistola de 50m.

Quatro albaneses participaram do Levantamento de Pesos, principal esporte do país na atualidade. Romela Begaj voltou aos Jogos, ficando em 11º nos 58kg feminino enquanto Endri Karina foi o 14º melhor no 94kg masculino. O 9º lugar de Briken Calja no 69kg foi o melhor resultado do país na capital inglesa, e Daniel Godelli não completou a prova na mesma categoria. Com três casos de doping, Calja subiu para sexto lugar retroativamente - por sua vez, ele foi banido por dois anos em 2013. 

A kosover Majlinda Kelmendi havia sido campeã mundial no mundial juvenil de Paris em 2009 e já era uma judoca de destaque no circuito mundial nos preparativos para os Jogos Olímpicos de Londres. Como Kosovo ainda não era reconhecido pelo COI, ela optou por representar a Albânia em 2012, já que apesar de ter nascido no Kosovo, sua família é albanesa. No que talvez tenha sido a chance mais real de medalha para a Albânia, ela caiu nas oitavas em uma luta apertada contra Christianne Legentil, de Ilhas Maurício. Kelmendi conquistou seus maiores títulos no Rio de Janeiro: o mundial em 2013 - seria bi em 2014 - e o ouro olímpico em 2016, já sob a bandeira kosover.

Na Rio 2016, a delegação foi a menor do século XXI, com apenas seis atletas, liderados por Luiza Gega, do 3.000m com obstáculo, na Parada das Nações. Assim como Izmir Smajlaj do salto em distância eles não avançaram de fase. Sidnei Hoxha, em sua terceira olimpíada, foi o 41º no 50m livre masculino e Nikol Merizaj foi a 43ª no 100m livre feminino, em sua estreia nos Jogos.

Enquanto mais uma vez o país não conquistou medalhas, chegou mais perto novamente no Levantamento de Pesos. Briken Calja ficou originalmente em 6º lugar, mas subiu uma colocação com um caso de doping, igualando a posição de Illirjan Suli em 2000. Já Evagjelia Veli ficou em 8º lugar no 53kg feminino.

Doping como principal rival


Muitas das principais conquistas recentes no levantamento de pesos tem sido acomapnhadas do temor de doping, que assolou o esporte no país. 

Daniel Godelli, com 20 anos, tinha sido campeão mundial juvenil em 2011 e foi o primeiro campeão mundial albanês em uma prova olímpica nos 77kg em 2014, mas teve o título rescindido após ser pego em teste de doping.

Romela Begaj foi medalhista de bronze no arranque no mundial de 2011 e chegou a comemorar o título mundial no arranque e a medalha de prata no geral no mundial de 2017, antes de ser eliminada após um teste anti-doping.

Primeiro-Ministro Edi Rama recebe atletas do Levantamento de Pesos depois do Campeonato Europeu em Maio de 2014, mas a vida dos esportistas albaneses está longe de ser só sorrisos - Foto: Pristina Insight / Gabinete do Primeiro-Ministro


A Albânia que se preparava para receber o europeu da modalidade em março, se viu num escândalo. Begaj negou ter usado qualquer substância. Elez Gjozaj, presidente da Federação Albanesa de Levantamento de Pesos, renunciou ao cargo e o campeonato não seria mais realizado em Tirana.

Além do baixo orçamento que o governo dá para a confederação local, os atletas ganham apenas 280 euros por mês e não possuem nenhum tipo de apoio. Jornalistas e especialistas locais reclamam da falta de um programa que auxilie os atletas a cumprir as normas internacionais.

Uma das principais promessas Erkand Qerimaj do esporte, disse ao Pristina Insight que "não temos médicos que nos digam o que podemos ou não tomar. Eu tomei Creatina para melhorar os músculos e declarei isso antes de um torneio. Meu treinador e eu não sabiamos que a substância havia sido banida alguns meses antes e era considerado doping". O primeiro resultado veio primeiro com o título europeu  de 2012. E o segundo resultado veio com suspensão de um ano.  


Esportes


+ Levantamento de Pesos


Esporte em que a Albânia conseguiu seus melhores resultados e também gerou uma geração no final dos anos 1980 que seria multimedalhista olímpica… mas pela Grécia. Pelo Levantamento de Pesos, vieram as primeiras medalhas em mundiais e o primeiro título mundial momentâneo em esporte olímpico para o país, mas testes de doping retiraram os louros. Em 2018, o país baniu seus atletas de participarem de eventos internacionais por dois anos, gerando fúria de seus atletas. Hoje, o país só poderá levar dois homens e duas mulheres para Tóquio por ter tido 11 casos de doping desde 2008, mas sua única chance real de medalha - e potencialmente único atleta - é Briken Calja.


+ Tiro Esportivo


Tradicional esporte em que duas albanesas foram campeãs europeias em 1979 e 1980, mas hoje a Albânia já não figura entre as principais nações. Em 2007, Lindita Kodra foi campeã europeia na pistola feminina de 25m, mas não obteve excelentes resultados em Mundiais ou Jogos Olímpicos. Hoje a nação conta com apenas três atletas no ranking da ISSF, sendo apenas um deles no top100: Abren Kucana, olímpico em 2012, hoje com 53 anos, residência na Alemanha. Ele é o atual 79º melhor da pistola de ar 10m, curiosamente ao lado dos brasileiros Philipe Chateaubrian Neves Freitas Severo e Felipe Wu, medalhista de prata na Rio 2016.

+ Futebol


Esporte mais popular do país, ainda tem resultados pouco expressivos em nível mundial ou continental. O time masculino participou da Eurocopa pela primeira vez em 2016, setenta anos após ter vencido a Copa dos Balcãs. 


Destaques


Luiza Gega (atletismo)  Medalhista de ouro nos Jogos Europeus em Baku 2015 nos 1.500m, nos Jogos Mediterrâneos de Tarragona 2018 nos 3.000m com obstáculos, e medalhista de bronze na Universiade de Kazan 2013 nos 1.500m, e nos Jogos Militares de Wuhan 2019, Gega. Ela foi porta-bandeira na abertura da Rio 2016 e é a única albanesa a já ter índice para os Jogos Olímpicos de Tóquio, em julho deste ano. Ela terminou em 9º nos 3.000 metros com obstáculo no Mundial de Doha em 2019 e busca uma final olímpica.

Apesar de não contar com uma pista profissional em Tirana para treinar desde 2016, Gega tem evoluído e foi eleita a atleta do mês de janeiro/2020 pela Federação Europeia de Atletismo


Briken Calja (levantamento de pesos) 5º lugar na Rio 2016, ele é o atual sexto colocado no ranking olímpico da 73kg, atrás de um chinês, búlgaro, norte-americano, venezuelano e norte-coreano e deverá participar de sua terceira Olimpíada.

Orges Arifi (caratê) Campeão de uma etapa sub-21 de Copa do Mundo e medalhista europeu na mesma categoria, é 33º colocado na categoria 60kg e o melhor carateca do país no ranking da WKF e seria uma promessa para Paris 2024 ou Los Angeles 2028 se o esporte continuasse no programa olímpico. Apesar de ter nascido e morar em Pristina, capital de Kosovo, o jovem de 18 anos defende as cores da Albânia. 

Ele  passou por uma cirurgia no joelho em março de 2020, mas voltará a competições em no Premier de Istambul esta semana. A Albânia tem direito a uma vaga pela Comissão Tripartite e como a chave do karatê é pequena, ele teria chances reais de surpreender e conquistar uma medalha.



0 Comentários

.

APOIE O SURTO OLÍMPICO EM PARIS 2024

Sabia que você pode ajudar a enviar duas correspondentes do Surto Olímpico para cobrir os Jogos Olímpicos de Paris 2024? Faça um pix para surtoolimpico@gmail.com ou contribua com a nossa vaquinha pelo link : https://www.kickante.com.br/crowdfunding/ajude-o-surto-olimpico-a-ir-para-os-jogos-de-paris e nos ajude a levar as jornalistas Natália Oliveira e Laura Leme para cobrir os Jogos in loco!

Composto por cinco editores e sete colaboradores, o Surto Olímpico trabalha desde 2011 para ser uma referência ao público dos esportes olímpicos, não apenas no Brasil, mas em todo o mundo.

Apoie nosso trabalho! Contribua para a cobertura jornalística esportiva independente!

Digite e pressione Enter para pesquisar

Fechar