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Ginastas da Grécia denunciam décadas de abusos por parte de treinadores



Na última quarta-feira (07), um grupo de 22 ginastas - entre homens e mulheres - enviaram uma carta à Katerina Sakellaropoulou, presidente da Grécia, e Kyriakos Mitsotakis, primeiro ministro do país, denunciando décadas de abuso e negligência sofridos por parte dos treinadores, segundo o jornal grego EfSyn.


Os ginastas denunciaram tratamento agressivo e abusivo, com práticas que incluem jejum forçado, agressão física e mental e assédio sexual. No conteúdo da carta publicada ontem, os atletas denunciam que treinadores os agrediam com tapas, chutes, empurrões e puxões de cabelo, além de lançar objetos que os atingiam durante os treinos. Em algumas ocasiões, os técnicos chegavam até a remover os colchões de queda, causando lesões nos ginastas.


Em relação aos abusos psicológicos, as denúncias alegam que os técnicos forçavam treinos em temperaturas extremas e impediam que os atletas fossem ao banheiro. Também, devido às regras rígidas em relação à manutenção do peso, atletas eram forçados a fazer jejum prolongado, chegando ao desmaio. Por vezes, se encontraram recorrendo a comer restos de comidas encontrados nas lixeiras dos hotéis e até mesmo pasta-de-dente dos quartos.


 Essas práticas abusivas podem estar acontecendo desde 1985, ou seja, há mais de três décadas.


"Pela primeira vez, um grito de protesto sobre abuso físico e psicológico feito por um grande número de ginastas é expresso em massa.", afirma Alexandros Adamidis, advogado dos denunciantes, ao jornal EfSyn.


Após a publicação da carta, o presidente da federação de ginástica da Grécia, Thanassis Stathopoulos, afirmou que convocou reunião imediatamente, além de reiterar apoio aos atletas: "Seguiremos com total sigilo e avaliaremos o peso de cada denúncia.", declarou.


A identidade dos ginastas que assinaram a carta foi mantida em sigilo.


Grandes nomes da ginástica no país já haviam denunciado péssimas condições para treino há quase um ano, após o principal ginásio do país alagar no último mês de julho. Eleftherios Petrounias campeão olímpico nas argolas em 2016, alegou que, devido a condições precárias do local de treinamento, a seleção é obrigada a abandonar os treinos sempre que chove. Além disso, denuncia que a federação não realiza inspeções nos equipamentos há anos.


Campeão Olímpico Eleftherios Petrounias (REUTERS/Mike Blake)

Outros casos de grande expressão relacionados ao abuso e assédio na ginástica vieram a tona nos últimos anos, incluindo escândalos na ginástica Brasileira e dos Estados Unidos.

No Brasil, o ex-técnico Fernando de Carvalho Lopes é réu em um caso de abuso de atletas menores de idade que corre na justiça desde maio de 2016. Após as denúncias iniciais, outros 40 ginastas revelaram que também foram vítimas do treinador entre 1999 e 2016.

Nos Estados Unidos, o escândalo envolvendo o médico da seleção nacional Larry Nassar é considerado um dos maiores casos de abuso no esporte no país. O escândalo envolve quase 300 vítimas ao longo de duas décadas. Entre as vítimas, a maioria menor de idade na época, estão grandes nomes do esporte, como as campeãs olímpicas Simone Biles e Gabby Douglas.

Em 2019, a HBO lançou o documentário "At the Heart of Gold: Inside the USA Gymnastics Scandal", expondo detalhes do caso.

Foto em destaque: KARIM JAAFAR AFP/Arquivo

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