Nem toda derrota é o fim. A seleção brasileira perdeu na Billie Jean King Cup, diante a Polônia no último sábado (17), por 3 a 2. Mas essa derrota pode ser um meio de amadurecimento, de ver o nível de trabalho feito Roberta Burzagli, capitã do Brasil no torneio, e também de notar a evolução de nossas atletas.
Quando as convocações das duas equipes foram reveladas, o primeiro pensamento que veio na cabeça era uma possível derrota do Brasil, que iria para a cidade de Bytom, na Polônia, sem sua principal jogadora de simples nos últimos anos: Beatriz Haddad Maia.
Seja por 3 a 0 ou 3 a 1, não dava para imaginar que nossa seleção teria chances, mesmo sem a participação de Iga Swiatek, campeã de Roland Garros 2020, pelo lado polonês. Mas aconteceu tudo ao contrário do imaginado. Lutamos até os últimos instantes e nossas tenistas transformaram o confronto contra a Polônia numa disputa ‘ganhável’, além de dar ao torcedor brasileiro uma dose de ‘emoção da boa’, tão necessária no momento difícil que vivemos durante a pandemia.
Laura Pigossi comandou a seleção. Com ‘sangue nos olhos’, venceu a ex-top 30 Ursula Radwanska em sua partida na sexta-feira após uma derrota de Carol Meligeni no jogo 1 daquele dia, deixando o placar empatado em 1 a 1. No sábado, Pigossi novamente fez grande partida. No terceiro set, diante Magdalena Fręch, esteve na liderança em duas oportunidades.
Infelizmente Laura perdeu chances, fatos ocasionados talvez pelas discussões com o árbitro da partida, devido às marcações duvidosas no ponto de vista da brasileira. Fręch aproveitou os momentos de falta de concentração da adversária e tomou a liderança no jogo, ficando com a vitória.
Mas nem tudo estava perdido com o 2 a 1 para a Polônia. Carol Meligeni entrou em quadra e conquistou uma grande vitória em sua partida no sábado, empatando novamente o confronto, garantindo o jogo 5 da série. E é importantíssimo ressaltar, nos quatro jogos de simples o Brasil levava desvantagem em relação ao ranking das tenistas adversárias e ainda assim conquistamos dois dos quatro pontos, sempre precisando vencer para empatar o placar geral, o que também mostra resiliência e um ótimo trabalho da capitã Roberta Burzagli, ao manter as atletas acreditando no triunfo.
Nas duplas, para definir a classificação, uma partida muito dura, equilibrada, de altos e baixos nos dois lados. Luisa Stefani e Carol Meligeni venceram o primeiro set, ficaram muito perto da vitória, mas acabaram levando a virada. Perdemos, no detalhe. Mas definitivamente não foi o fim.
Nossas tenistas são jovens, a equipe tem uma média de 25 anos e ainda há muito para aprender. Luisa Stefani, a mais jovem do time, vem em franca ascensão e é a 25ª melhor duplista do mundo, com mais três Grand Slams para disputar nesta temporada. Não ficaria surpreso em vê-la no top-15 até o fim de 2021. Além disso, ao lado de Hayley Carter, a brasileira deve disputar o WTA Finals, claro, se mantiver ao longo do ano o mesmo nível de jogo apresentado no primeiro quadrimestre.
Carol Meligeni e Laura Pigossi também vivem boa fase e devem subir no ranking mundial de simples, podendo ficar entre as 300 melhores do mundo e quem sabe, brigar por vaga nos qualificatórios de Grand Slam. Gabriela Cé não entrou em quadra contra a Polônia, mas segue perto de Bia Haddad no ranking.
Com a derrota, o Brasil jogará em 2022 a divisão de acesso aos Playoffs, conhecida como Zona das Américas. Se der tudo certo e o Brasil se classificar, terá a oportunidade de batalhar novamente pela vaga no qualificatório da BJK Cup 2023.
Foto: Adam Nurkiewicz
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