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Liderada pela CBDA, Transparência das Confederações Olímpicas tem boa avaliação e surpreende pesquisadores

Capa do Ranking de Transparência das Confederações Olímpicas


Divulgado na semana passada, o Ranking de Transparência - Confederações Olímpicas Brasileiras revelou uma boa transparência e prestação de contas no ambiente digital dos websites das confederações. O trabalho de estudo e pesquisa é uma parceria da plataforma Gestão em Jogo - que une a prática esportiva com o conhecimento científico - e a Liga de Administração Esportiva (LAE) - responsável por preparar estudantes da Ibmec para o mercado de trabalho.


"A ideia surgiu em um projeto conjunto nosso. Dada a importância do setor de esporte, o objetivo central é mensurar o nível de transparência e prestação de contas, dois pilares da governança, e como as confederações brasileiras das modalidades olímpicas de verão estão lidando com dimensões importantes desses pilares para os seus stakeholders", comentou o diretor-executivo do Gestão em Jogo Renan Barabanov.


O ranking foi analisado com base nas informações disponibilizadas nos websites das 33 Confederações Olímpicas Brasileiras de esportes de verão, julgada em nove itens: demonstrações contábeis; estatuto; cargos e salários; organograma; missão, visão e valores; facilidade no acesso à informação; competições; eleições; e documentos oficiais. Os dados foram coletados de novembro a dezembro de 2020.


Pelo menos 15 Confederações tiveram resultados satisfatórios, bem próximo da pontuação máxima. Para a Gestão em Jogo, a análise foi uma surpresa positiva que fomenta o debate da transparência esportiva.


"Nos surpreendeu. A gente tem um julgamento, um sentimento de senso comum, que as Confederações, o esporte, as instituições em geral (empresas, governo), não têm transparência no Brasil. A gente verificou que sim, existe um bom nível de prestação de contas", comentou Barabanov.


O ranking foi o primeiro nesta magnitude produzido de forma particular no Brasil, mesmo que ele aborde apenas a governança em um âmbito específico (ambiente digital). De acordo com o diretor executivo da Gestão em Jogo, o feedback tem sido positivo e o ranking será aprimorado para o ano de 2021.


"No geral, a grande maioria tem sido positiva [o feedback], principalmente aqueles mais bem classificados, com boas sugestões e críticas construtivas. Algumas Confederações têm retornado, muitas pedindo maior detalhamento e querendo saber onde foram bem ou mal", comentou.


"A gente deixa muito claro que nosso objetivo aqui, além de ser um ranking colaborativo - ou seja estamos sempre abertos a feedbacks, sugestões e críticas - é algo em constante transformação que pode e será aprimorado para as próximas edições. Por isso é muito importante a participação, principalmente das Confederações que contam com profissionais e dirigentes que estão no dia a dia dos esportes".


Em entrevista à nossa reportagem, Renan Barabanov frisou o formato do ranking, que analisou apenas a prestação de contas e transparência num âmbito digital, tomando como base os websites oficiais.


"O que acho interessante é que muita gente confundiu. 'Ah, mas aquela Confederação foi bem e ela está passando por um problema de administração e gestão'. Nós não avaliamos esses pilares e nada impede que a Confederação passe por outros problemas e tenha uma boa gestão, analisou o diretor, antes comentar outras formas de prestação de contas. Mala direta, envio de documentação física, mural, comunicado, jornais, são outras formas de prestação de contas que não foram analisadas no ranking, até por questão de braço e tempo", contou Renan. 


Transparência e prestação de contas são dois pilares da governança, apesar de haver diversas outras dimensões como a democracia, a participação comunitária, sustentabilidade, diversidade, questões financeiras. De forma bem clara, nós acreditamos que esses trabalhos de análises, principalmente as comparativas, podem fomentar o debate em torno da transparência e prestação de contas, melhorando de forma geral todo o sistema de governança do esporte brasileiro


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Ranking mostra CBDA líder em transparência


A Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA) foi a grande líder do ranking de transparência. A CBDA terminou o ranking com 41 pontos, um a mais do que a Confederação que rege o atletismo, a CBAt, e a que comanda o voleibol, a CBV. Os aquáticos só não lideraram dois quesitos: organograma e competições, sendo "campeã" nos outros sete quesitos. O link do ranking completo você confere aqui.


"É uma situação tranquila pra gente. É o pilar inicial que plantamos desde o primeiro dia e vai ser sempre assim, até o último dia da nossa gestão. A transparência será sempre prioridade, com os nossos colaboradores isso virou rotina. Tudo isso que foi verificado em nosso site não é mera formalidade, isso já está acontecendo naturalmente porque a gente precisa de governança e austeridade", destacou o presidente da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos, Luiz Fernando Coelho.


Inundada em corrupção nos últimos anos por antigas gestões, a CBDA viu o seu ex-presidente Coaracy Nunes e outros diretores serem presos em 2017 por corrupção e desvio de verbas públicas. O que vimos na sequência foi uma eterna crise financeira com a perda do patrocínio com os Correios


CBDA possui um website específico para o "Portal da Transparência" - Foto: Reprodução/CBDA

O resultado no ranking, no entanto, aparentemente mostra uma nova realidade da administração da CBDA. A atual gestão comanda a entidade desde setembro de 2019, vem ajustando as contas e recebendo elogios de atletas.


Questionado se houve pressão do Comitê Olímpico ou da Federação Internacional pelos casos de corrupção nos últimos anos, Luiz Fernando Coelho disse que é obrigação de toda e qualquer Confederação ser transparente.


"Não há pressão de FINA ou Comitê Olímpico, isso é obrigação nossa e de toda e qualquer Confederação. O ranking é mais uma prova de que a gente está no caminho certo e as consequências disso será a chegada de mais aporte financeiro, de patrocinadores que verifiquem e se identifiquem com essa transparência e governança, com esse novo modo de operar e de gerir uma Confederação. Que sejamos espelho, é isso que a gente vai ter como regra até o último dia de gestão", explicou o dirigente.


Nem todo mundo foi bem


Na parte de baixo do ranking estão algumas confederações de esportes com grande expressão no Brasil, como a Confederação Brasileira de Basquete (CBB), Confederação Brasileira de Ginástica (CBG) e Confederação Brasileira de Handebol (CBHb). A Confederação Brasileira de Skate (cbsk) e a Confederação Brasileira de Tiro com Arco (CBTARCO) ficaram com as duas últimas posições, em 32º e 33°, não apresentado um site transparente à comunidade esportiva. 


A Confederação Brasileira de Futebol (CBF), mais rica entre todas as confederações olímpicas, também ficou com uma péssima posição no ranking, na antepenúltima colocação. Em 2019 a CBF bateu recorde em receita, tendo faturado R$ 957 milhões. O valor é pelo menos dez vezes maior do que os R$ 89,5 milhões de receita da CBV no mesmo ano, a segunda confederação que mais lucra no esporte brasileiro.


Nossa reportagem entrou em contato com a Confederação Brasileira de Futebol (CBF), através da assessoria de imprensa, para falar sobre o assunto e esclarecer o baixo rendimento no ranking de transparência, mas não tivemos retorno até o fechamento desta matéria. Igualmente, o Surto Olímpico foi atrás da Confederação Brasileira de Tiro com Arco (CBTARCO) via e-mail e também não tivemos retorno até a matéria ir ao ar.


Foto em destaque: Reprodução/Gestão em Jogo e Liga de Administração Esportiva (LAE)

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