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Medalhista paralímpico Blake Leeper perde apelo no CAS para competir contra atletas sem deficiência


Buscando a chance de competir nos Jogos Olímpicos de Tóquio, no ano que vem, contra atletas sem deficiência, o velocista Blake Leeper, dono de uma medalha de prata e outra de bronze nas Paralimpíadas de Londres 2012, perdeu na última segunda-feira (26), um processo no Tribunal Arbitral do Esporte (CAS), no qual ele tentava provar que não levava vantagem na competição pelo uso de suas próteses. 

A corte manteve uma decisão da World Athletics, órgão regulador do atletismo, afirmando que Leeper, corredor duplo amputado, que utiliza próteses em formato de lâminas para correr, tem vantagem sob atletas sem deficiência, por causa da altura acrescida pelo equipamento.

Na sentença, os três juízes que participaram da audiência optaram pela decisão porque segundo eles “as próteses permitiam que ele corresse a uma altura de vários centímetros mais alta do que sua altura máxima possível se ele tivesse pernas biológicas intactas”.

De acordo com a equipe jurídica de Leeper, a defesa feita pela World Athletics alegava que as próteses deram ao atleta as pernas de um homem de 1,80 metro, quando ele deveria ter 1,50 metro com pernas biológicas. 

Ainda segundo os advogados do velocista, esses números foram determinados usando o padrão de Altura Máxima Permitida em Pé (MASH) que as organizações paraolímpicas têm usado para vários eventos. 

Porém, como foi dito pela equipe jurídica ao site especializado Runners World, esses limites de altura são baseados em dados extraídos de proporções de altura de pessoas caucasianas e asiáticas e não de atletas negros.

Os argumentos utilizados pelos juízes e pela World Athletics causaram revolta em Leeper, que revelou que anteriormente isto não era um empecilho para a entidade reguladora da modalidade, e que está é um novo argumento. 

“Eles nem mesmo consideraram que nenhum povo negro estava representado na criação dos padrões MASH”, disse Leeper ao site Runner's World. 

“Eles ignoraram e seguiram em frente. O que isso me diz é que há uma grande variável nessa situação, especificamente para minha altura, e ela foi negligenciada". 

"Suas lâminas não lhe dão uma vantagem, mas por ser muito alto em uma população na qual não é considerada nos padrões, sua vida negra não é o suficiente para que possamos considerá-lo em outra população", ironizou Leeper. 

O atleta disse ainda que inicialmente, a World Athletics estava preocupada com as características das próteses, como rigidez da lâmina e retorno de energia, preocupações semelhantes às apresentadas contra Oscar Pistorius, que disputou os Jogos Olímpicos de Londres em 2012, parando na semifinal dos 400m rasos. 

Mas nem tudo significou derrota para Leeper. Além de poder apelar novamente nos tribunais, o velocista viu o CAS reverter a forma de como será feito o julgamento de casos como o dele. 

Agora é da World Athletics o ônus da prova. Isso significa que a entidade é obrigada a fornecer garantias suficientes que prove neste caso que Leeper, ou qualquer outro atleta amputado, é beneficiado ao usar as próteses em competições contra atletas sem deficiência, sustentando então seu posicionamento. 

“É triste que tenhamos que lutar tanto para que os atletas deficientes fiquem livres do ônus da prova injusto”, disse Leeper em nota. 

"Isso estava errado, e fico satisfeito que o painel tenha revogado essa regra. Mas não posso aceitar a decisão do painel de privar-me do meu direito de competir contra atletas sem deficiência, na mesma altura de corrida em que esses atletas competem naturalmente com base em um estudo de proporções corporais que não incluiu um único atleta negro. Nunca desistirei e continuarei a fazer tudo o que puder para competir e ser julgado por padrões que não são discriminatórios, em todos os sentidos", concluiu.

A World Athletics repudiou as declarações de Leeper, emitindo o seguinte comunicado.

A World Athletics rejeita veementemente a (nova) alegação da equipe jurídica do Sr. Leeper de que a conclusão de que ele 'corre alto' é baseada em uma regra paralímpica 'racista'. A regra do IPC sobre 'Altura em pé máxima permitida' (MASH) é baseada na melhor evidência disponível de dimensões corporais e tem sido aplicada por vários anos a todos os atletas paraolímpicos (incluindo atletas afro-americanos) sem problemas. A World Athletics não tem nenhuma prova de que os atletas afro-americanos tenham dimensões corporais significativamente diferentes (proporcionalidade), e certamente não na extensão identificada neste caso. A disparidade de 15 cm encontrada no caso do Sr. Leeper entre o comprimento da perna protética e o comprimento natural da perna não se deve a diferenças raciais nas dimensões corporais.

Foto: Reprodução





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