Últimas Notícias

Surto História - O Incidente das 'pombas da paz' em Seul

 



Acredita-se que os pombos-correios eram usados nos Jogos Olímpicos da antiguidade para avisar as famílias e a aldeias que a sua cidade natal tinha ganho na Olimpíada, para que todos tivessem tempo hábil para prepararem grandes festas para receber seus heróis. Por isso, na primeira Olimpíada da era moderna disputada em 1896 em Atenas, as pombas foram soltas como representação de paz e liberdade.

Em Antuérpia 1920, o voo das pombas brancas da paz se tornou regra em cerimônias de aberturas, e em Berlim 1936, os alemães colocaram a soltura das aves antes do acendimento da pira olímpica, o que ficou como regra a partir de então.

Muitos dizem que a ideia de Barão de Coubertin no início era que cada pomba representasse cada país para não termos excessos, mas como ele nunca deixou isso oficialmente como regra, cada sede colocava o número de pombas que achava melhor. Os jogos de Roma em 1960, por exemplo, soltaram mais de 7.200 pombas na sua cerimônia de abertura, que milagrosamente não teve uma tragédia animal naquela cerimônia. Mas essa tragédia aconteceria 28 anos depois.

A cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de Seul em 1988, realizada em 17 de setembro,  estava brilhante. Tudo sincronizado, funcionando bem em um show de organização dos coreanos, que deixavam os presentes no estádio e os bilhões que assistiam à cerimônia pela TV emocionados. Antes da entrada dos últimos integrantes do revezamento da tocha, as pombas foram soltas em sinal de paz e liberdade, como mandava a tradição.

Aí que começou o problema: Algumas pombas perdidas, sem conseguir no estádio, resolveram descansar após o voo pelo estádio justamente dentro ou na beirada da pira olímpica que seria acessa minutos depois. Enquanto os três jovens atletas que acenderiam a tocha, Kim Won-Tak, Chung Sun-Man e Sohn Mi-Chung, subiam e se prepararam para ficar no pedestal móvel o que os levariam até onde acenderiam a pira, contava-se pelo menos 11 pombas empoleiradas na borda da pira - relatos dizem dentro da pira tinham muito mais pombas - sendo focalizadas para todo o mundo. Sem saber que elas estavam ali (ou achando que elas escapariam do fogo a tempo), o trio acendeu a pira. E aí a tragédia aconteceu: Com as chamas crescendo rapidamente, várias das aves foram incineradas quase que instantaneamente pela força do fogo, enquanto algumas voavam fugindo em chamas.

No estádio só quem está próximo pode ver de perto o acidente, e pela TV ficou bem claro que algumas pombas morreram queimadas. Os cinegrafistas que filmavam o acendimento da pira rapidamente mudaram para o plano aberto mostrando a pira de longe, mas o estrago já tinha sido feito. Várias pombas foram mortas em um dos momentos mais marcantes e esperados dos jogos. Mas que dessa vez, ficou marcado negativamente, sendo considerado um dos maiores incidentes da história olímpica. Nos dias seguintes, protestos massivos de organizações de apoio aos animais e de pessoas que se sensibilizaram com as pombas contra o COI e o comitê organizador de Seul 88 foram feitos, o acusando de ‘um genocídio de pombas em prol do entretenimento’.

Dado o estrago feito, o COI resolveu quebrar de vez essa tradição para que esta cena nunca mais se repetisse. Na cerimônia de Abertura dos jogos de Barcelona em 1992, as pombas foram soltas quase que no início da cerimônia, para que nenhuma ficasse tentada a descansar na pira quando ela fosse acesa de novo. A partir de Atlanta em 1996, o conceito da pomba da paz ficou mais simbólico, sem nunca mais usar as aves, as representando de outras maneiras. Na Rio 2016 por exemplo, crianças com pipas em forma de pomba corriam pelo Maracanã para representa-las.

O COI atualmente só autoriza a presença de pombas em eventos olímpicos menores que não tenham nenhum tipo de fogueira por perto, como por exemplo na cerimônia de abertura da vila olímpica, que foram soltas algumas pombas em Pyeongchang 2018.


foto: Reprodução/SB Nation

0 Comentários

.

APOIE O SURTO OLÍMPICO EM PARIS 2024

Sabia que você pode ajudar a enviar duas correspondentes do Surto Olímpico para cobrir os Jogos Olímpicos de Paris 2024? Faça um pix para surtoolimpico@gmail.com ou contribua com a nossa vaquinha pelo link : https://www.kickante.com.br/crowdfunding/ajude-o-surto-olimpico-a-ir-para-os-jogos-de-paris e nos ajude a levar as jornalistas Natália Oliveira e Laura Leme para cobrir os Jogos in loco!

Composto por cinco editores e sete colaboradores, o Surto Olímpico trabalha desde 2011 para ser uma referência ao público dos esportes olímpicos, não apenas no Brasil, mas em todo o mundo.

Apoie nosso trabalho! Contribua para a cobertura jornalística esportiva independente!

Digite e pressione Enter para pesquisar

Fechar