O ginasta britânico Nile Wilson, medalhista de bronze na barra fixa durante os Jogos Olímpicos Rio 2016, revelou que existe uma "cultura do abuso na ginástica artística da Grã Bretanha e disse que atletas são "tratados como pedaços de carne".
A revelação ocorre em meio a uma crise na modalidade, com países como Estados Unidos, Nova Zelândia e a própria Grã Bretanha enfrentando nos últimos tempos uma série de denúncias contra abuso emocional, físico e até mesmo sexual, como foi no caso dos estadunidenses.
No início do ano, Wilson fez uma reclamação sobre o Leeds Gymnastic Club, local onde treinava, dizendo que passou por uma briga com um membro sênior da equipe em um evento social do clube. Suas alegações foram investigadas e refutadas pela British Gymnastics, o que deixou o atleta desanimado.
"Senti que não estava sendo ouvido e sim que estava sendo injustiçado", disse o ginasta de 24 anos.
"Sentimos medo de falar, expressar nossas preocupações, porque eles nos têm, nosso sustento está em suas mãos. Se eu expressar minha preocupação, posso afetar minha seleção para os Jogos Olímpicos", alegou.
"Então, ficamos quietos, fazemos o que nos mandam. E, ao encerrar isso, sinto que essa é a cultura, é assim que tenho experimentado nas últimas duas décadas" disparou.
O Leeds Gymnastics Club se comprometeu a revisar as investigações sobre a briga alegada por Wilson. Porém, tanto o clube, quanto a British Gymnastics disseram que seguiram protocolos corretos de inspeção, "que foi feita de forma profissional".
Wilson disse ainda que, apesar de ter tido grandes treinadores, há uma ideologia de "vencer a todo custo" dentro do esporte, algo que prejudica emocionalmente os atletas.
“Certamente ficou claro que a isso existia e ainda existe hoje, o que eu definitivamente quero mudar”, declarou Wilson. Eu certamente diria que fui abusado, sem dúvida".
"Eu absolutamente descrevo isso como uma cultura de abuso. Eu vivi e respirei isso por 20 anos", concluiu o ginasta.
Foto: Reuters
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