Acostumada a dar tantas conquistas ao esporte brasileiro, a pivô Fabiana "Dara" Diniz sabe como é conquistar triunfos no esporte. No momento, assim como em grande parte do mundo, as vitórias estão sendo raras no esporte, mas a brasileira acredita que pelo menos neste instante a aprovação da PL "sem dúvidas é uma vitória". Em entrevista exclusiva ao Surto Olímpico, a capitã do título mundial do handebol brasileiro em 2013 comentou sobre a PL 2824/2020 aprovada nesta quinta-feira (16) e revelou que pensa em voltar a jogar.
Em entrevista via áudio, a paulista de Guaratinguetá conversou com nossa reportagem sobre alguns pontos do projeto de socorro ao esporte. Dara Diniz é assídua nas redes sociais e sempre se mostrou favorável à aprovação da PL. Na última semana, a esportista também participou do 'medalhaço' promovido nas redes sociais
A PL 2824 visa auxiliar o âmbito esportivo durante a pandemia do novo coronavírus. Dentre as medidas, um auxílio emergencial no valor de R$ 600,00 será pago para profissionais como atletas, paratletas, técnicos, fisioterapeutas, entre outros.
Dara, como é conhecida no mundo do esporte, não negou a importância da PL ter sido aprovada e disparou: "a água já passou do pescoço para muitos".
"[A aprovação foi] essencial e necessária. Com a pandemia a coisa ficou difícil pra todo mundo, em todos os âmbitos. Não tem ninguém da classe trabalhadora, de qualquer área, que não esteja prejudicada. O esporte não é diferente disso, os profissionais e atletas precisavam dessa ajuda para conseguir respirar", disse.
"Não posso dizer que a água está no pescoço, a água já passou do pescoço para muitos. Sem dúvidas é uma vitória importante para os profissionais da área conseguirem e continuarem sonhando com tudo o que o esporte é capaz de fazer para o cidadão e país", destacou a ex-atleta. "O esporte, de maneira geral, vem perdendo muito espaço nessa questão governamental", mostrando seu alívio com a aprovação do projeto.
"Eu estou muito feliz, já não vivo do esporte, mas o esporte foi e é minha vida. Tudo que sou hoje como pessoa eu devo ao handebol. Foi uma vitória pessoal minha também, minhas conquistas vieram todas do esporte".
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Dara e suas companheiras comemoram o título mundial de 2013 na casa das adversárias - Foto: Georgi Licovski/EFE/EPA |
A PL de socorro ao esporte nacional teve seu projeto inicial em maio, mas foi duramente barrado pelo Ministério da Economia, que dizia ser um valor muito alto para os cofres públicos (segundo o Ministério, a PL geraria um gasto de cerca de R$ 15 bilhões). Ajustado, o texto do projeto - que tinha caráter emergencial - foi novamente enviado à Câmara e vinha sendo adiado nos últimos dias.
Com passagem por grandes equipes da Europa, Fabiana disse ter algumas suposições para a demora na votação que pode determinar o futuro de muitos profissionais do esporte.
“Sinceramente eu não consigo entender a questão de ter adiado tanto, porque é uma emergência. Super importante que a gente tenha essa vitória, mas sinceramente não sei te explicar o porquê de deixar de lado. Todas as questões neste momento são emergenciais, não existe ninguém ou situação mais importante que as outras, com o esporte não é diferente. Não sei te responder a nível político, mas a gente tem algumas suposições pelo fato do esporte ter perdido alguns espaços, como o Ministério. Com certeza foi deixado de lado por motivos políticos", enfatizou.
Infelizmente aqui no nosso país a gente desvincula muito os setores. Esporte é esporte, saúde é saúde, educação é educação. Não é bem por aí, uma coisa está ligada a outra, literalmente
Aos 39 anos e com quatro Olimpíadas na bagagem, Dara sabe muito bem como cada centavo é válido dentro do esporte. Mesmo fora das quadras, no momento, ela não titubeou ao responder sobre o impacto da PL para Tóquio 2020.
“Aí o buraco é mais embaixo. Se tratando de Olimpíadas, não vai atender tanto a necessidade para o Brasil chegar ao melhor nível competitivo. Entretanto, como eu disse, é um respiro, um incentivo que não deixa o esporte a ver navios. Nós sabemos que temos grandes chances de pódio nos Jogos. É uma maneira de seguir sonhando de ser profissional do esporte", disse a pivô sexta colocada em Londres 2012.
Um dos pontos "polêmicos" da PL foi determinada em uma emenda do deputado Alessandro Molon (PSB-RJ), aprovada em plenário. A emenda dizia em confiscar bens de má gestão de dirigentes esportivos. Para Dara, o ponto do projeto de lei não é ruim.
"Não vejo como ruim", disse antes de fazer uma ressalva. "Mas tem que ser muito bem feita em igualdade de condições. O pente fino tem que ser passado do Oiapoque ao Chuí e não visar somente o esporte com menor apoio. Se existe uma pauta que pune a má gestão do benefício, que seja feita em todas as modalidades e não haja uma vista grossa, como muitas vezes acontece", declarou.
Dara ao comemorar o título mundial na Sérvia - Foto: Georgi Licovski/EFE |
Pós-Olimpíada do Rio, em 2016, Dara teve a difícil missão de anunciar aposentadoria. Com mais de 20 anos entregues ao handebol, a atleta entendeu que era momento de realizar um outro grande sonho: ser mãe. Hoje, já sendo mamãe de Noah, de 3 anos, Dara confessou haver uma possibilidade de retorno às quadras.
“Existiu uma possibilidade quase 100% de eu voltar a jogar se não fosse a pandemia. No meio de uma negociação com um clube aqui no Brasil veio a pandemia e entramos em stand by (espera). Acredito eu que essa negociação vá voltar quando o esporte retornar à ativa. Pode ser que eu volte a jogar sim, cabe essa possibilidade", declarou.
Antes de terminar, Fabiana Diniz foi incisiva ao ser questionada se ainda pensava em seleção brasileira.
“Não, não, não e redundantemente não", disse aos risos. "Seleção é uma coisa que já não penso mais, agora é só arquibancada e televisão torcendo muito pelas meninas. O esporte que penso em retornar a praticar não é em tão alto nível como uma seleção".
“Quero que meu filho me veja jogar e curta esse ambiente que foi meu a vida toda. Quero desfrutar um pouquinho de jogar sabendo que meu filho está me vendo e ganhar títulos, que é sempre bom. Uma vez atleta, sempre atleta. Pela seleção, só como torcedora número um", completou.
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Foto: Wander Roberto/Inovafoto
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