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Em live, Raissa Rocha conta como superou preconceito e racismo para ser medalhista mundial paralímpica no dardo


Em live realizada pelo Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) na terça-feira (30), a lançadora Raissa Rocha contou que sofreu preconceito por ser deficiente e racismo na adolescência e como o esporte transformou a sua autoestima. O bate-papo aconteceu no perfil oficial Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) no Instagram, @ocpboficial.

Em conversa descontraída e franca, a medalhista mundial no lançamento de dardo em Dubai 2019 na classe F56 (para cadeirantes) falou sobre a fase mais difícil da sua vida, a adolescência.

“A minha adolescência foi a fase mais dolorosa da minha vida. Eu vi o preconceito, o racismo. A pessoa não precisa falar, só um olhar basta. Eu não saía, não ia para festa, só reuniões em família. Também não ia no shopping. Não saía pelo medo do olhar das pessoas”, relatou a atleta.

Natural de Ibipeba, na Bahia, Raissa nasceu com má-formação nas pernas.

“Eu culpei a minha mãe pela minha deficiência quando era mais nova. A gente que nasce com alguma deficiência acha que precisa culpar alguém. Minha mãe sempre me incentivou a ser independente, a fazer tudo sozinha”, lembrou.

Raissa começou no lançamento de dardo aos 12 anos e afirma que o esporte foi importante para o seu crescimento como pessoa e na sua autoestima.

“O esporte me deu a autoestima. O dardo me transformou. Os Jogos Rio 2016 me deram um baque. Foi ali que decidi me dedicar. Treinar mais, ficar mais forte e até parecer um homem. A gente sabe que vai ficar pequeninha nas pernas e grande em cima”, explicou a campeã parapan-americana no dardo em Lima 2019.

Após os Jogos do Rio, a baiana passou pela transição capilar – processo mudança de textura do cabelo alisado para o cabelo natural cacheado/crespo – e confessou que no começo não foi tão fácil e o quanto o apoio da família foi importante.

“Estava fazendo transição e fui cortar o cabelo, a pessoa cortou toda a parte lisa. Eu fiquei muito mal, não queria sair na rua, não tinha como fazer nada. Estava me sentindo muito feia naquele momento, mas minha família disse que na hora que crescesse eu ficaria linda e isso me motivou”, recordou a atleta.

A lançadora falou também sobre a importância do autoconhecimento para superar estes momentos difíceis. “A gente precisa se amar, se aceitar como é. Eu preciso me amar para depois amar o próximo, entrar em um relacionamento. Eu sou a Raissa, atleta, blogueira e sou cadeirante também.”

Neste ano, Raissa participou da campanha da marca de cosméticos Avon ao lado de atletas como Marta (futebol), Mayra Aguiar (judô). Ela ressaltou a importância do fato de ter sido escolhida para o projeto.

“Foi muito gratificante. O mais importante de tudo foi estar lá como atleta paralímpica, representando a minha modalidade e o esporte paralímpico como lançadora. Porque, quando se fala do atletismo, as pessoas vão saber mais dos atletas de pista. Eu entendo que a pista chama mais atenção, mas, já que eu sou nova, quero trazer um pouquinho da atenção para gente [atletas de provas de campo]. Os atletas do campo, hoje, são os melhores do mundo e quero mostrar isso para pessoas”, afirmou.

Foto? Gui Christ/CPB

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