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Coluna Gran Willy: A irresponsabilidade que não surpreende


Durante o final de semana passado foi realizada a etapa de Belgrado da 'Adria Tour', um torneio de tênis beneficente, que reuniu três top-10 e outros cinco bons tenistas. Entre eles, o número 1 do ranking mundial da modalidade, o dono da "festa", Novak Djokovic, um dos idealizadores do evento. 

Mas festa em plena pandemia? Sim, a Sérvia aparentemente é "um Brasil da Europa", como disse um dos meus colegas do site Surto Olímpico. O país parece ter retornado ao "velho normal". Milhares de pessoas estiveram presentes no Novak Tennis Center para prestigiar o 'Adria Tour', que contou com músicos convidados, outras celebridades do esporte sérvio nas tribunas e nenhum distanciamento social. 

Mais que isso, nem o "mínimo do mínimo" estava sendo posto em prática: pouquíssimas pessoas utilizavam máscaras no complexo.  

O evento que teria quatro etapas e um jogo exibição, não será realizado como planejado, após o governo de Montenegro cancelar a fase que ocorreria em seu país, entre os dias 27 e 28 de junho por questões de segurança sanitária. 

Nesta segunda-feira (15), pela manhã, foi anunciado que o jogador de basquete sérvio Nikola Jankovic, que atua no Partizan, clube local, testou positivo para coronavírus. Uma semana antes do início do 'Adria Tour' ele esteve em contato direto com Djokovic, durante outro evento. 

A Sérvia está entre os 215 países afetados pelo coronavírus, o 54º com mais casos, tendo registrado 12.367 contaminados e 255 mortes, segundo dados do site Worldometers. Desses infectados, 11.511 já estão curados, mas a doença ainda existe dentro do país, diferentemente da Nova Zelândia, que na semana passada zerou os casos

Djokovic abraçou pessoas, esteve nas tribunas, jogou com uma criança e ao final de tudo foi para uma festa com os tenistas participantes do seu evento.

Mas por que esses casos todos estão sendo abordados? 


Foto: Reuters
Há pouco mais de um mês, escrevi uma coluna com título: Ídolos precisam ter responsabilidade social. Nela abordei entre outras coisas, o fato de Djokovic ter se posicionado contra a obrigatoriedade de uma vacina para que o circuito fosse retomado. Depois, tentou se retratar sobre o tema. Mas nas semanas seguintes, o tenista, que é o atual melhor do mundo, divulgou uma série de lives em suas redes sociais falando sobre tratamentos alternativos sem nenhum estudo científico. Pura pseudociência. 

Então, sinceramente, não há um pingo de surpresa em cada ato irresponsável de Djokovic. Ele já demonstrou sua falta de senso em outras oportunidades e possivelmente é a figura do esporte em alto rendimento que mais prejudicou sua própria imagem durante pouco mais de três meses de isolamento social durante a pandemia. 

Muitos, principalmente os fãs do sérvio, ainda dizem que isso não passa de perseguição da imprensa. Mas os fatos estão no texto. Djokovic é livre para pensar e fazer o que quiser, assim como as pessoas podem concordar ou não com seus atos. Faz parte do jornalismo apurar, criticar e debater quando pessoas têm atos irresponsáveis como estes. Principalmente figuras desta magnitude.

É muito comovente, de fato, o choro de Djokovic ao poder jogar uma partida de tênis para seu público depois de tantos anos. Levar alegria ao mundo durante uma pandemia. Mas como eu disse, estamos durante uma pandemia. Não é certo aglomerar pessoas, a não ser que não exista mais nenhum caso de coronavírus em seu país. O 'timing' do tenista sérvio foi errado. 

No entanto, algo ainda não deu para ser compreendido. Djokovic (e outros tenistas, claro) criticam os planos do US Open para que o Grand Slam possa ser realizado. A Associação de Tênis dos Estados Unidos (USTA) quer utilizar voos fretados, separar um hotel só para que os atletas possam ficar em segurança, treinos serão rigorosamente marcados, haverá testagem em massa e até uma diminuição na chave de duplas foi sugerida.

Mas com a mesma boca que Djokovic critica o US Open, que deve ser realizado sem público, a partir de 31 de agosto, ele anuncia um torneio com milhares de pessoas no complexo, que nem ao menos respeitam o distanciamento social. Quase ninguém usou máscaras praticamente. Então é um fato muito contraditório sim e que deve ser ao menos debatido. Faltou coerência. 

Além disso, faltou senso aos tenistas que participaram do 'Adria Tour' com essa aglomeração. Todos devem ser criticados. Alexander Zverev, Damir Dzumhur, Dominic Theim, Dusan Lajovic, Grigor Dimitrov, Filip Krajinovic, Nikola Milojevic e Viktor Troicki.

Mas qual é a sua opinião, leitora e leitor? Você concorda com Djokovic? Discorda? Comente no link em nossas redes sociais.

Foto: AP/Darko Vojinovic

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