Uma postagem direcionada ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, foi estopim para que 18 atletas deixassem o Scrap Yard Fast Pitch, uma equipe norte-americana de softball. A publicação foi considerada como uma resposta aos protestos anti-racistas e envolvia uma foto do time.
Tudo começou quando a gerente geral do time, Connie May, tuitou uma imagem das jogadoras de pé durante a execução do hino norte-americano no perfil oficial da equipe no Twitter. Na descrição, a seguinte frase, em inglês: "Ei, Donald Trump, Pro Fast Pitch sendo jogado ao vivo ... Todo mundo defendendo a BANDEIRA!", se referindo a partida de sotfbal que estava sendo realizada, um dos poucos esportes televisionados em meio a pandemia.
O presidente norte-amricano critica veementemente ações de protesto enquanto o hino do país é tocado em eventos, ação muito difundida pelo jogador de futebol americano Colin Kaepernick, ex-San Francisco 49ers, chegando até em outras competições de todo o planeta.
No entanto, a foto postada por May em momento algum teve consentimento das atletas da equipe, gerando enorme discussão no vestiário e mal-estar nos bastidores, por tratar-se de uma mensagem que opõe-se à campanha Black Lives Matter, que combate o racismo.
Alertada por mensagens na internet, a campeã olímpica da modalidade, Cat Ostermann ficou chocada com a postagem. "Um choque real, genuíno e sem palavras tomou conta do nosso vestiário", disse a arremessadora em entrevista ao jornal The New York Times.
A partir desse momento as jogadoras passaram a se questionar sobre o acontecimento e o que aquilo representava para elas.
A publicação foi apagada da rede social. Mas o estrago já havia sido feito. E as atletas entraram em um consenso: não era possível continuar jogando em um time que usa imagens das atletas para cunhos políticos. As 18 jogadoras abandonaram a Scrap Yard.
“Quanto mais conversávamos sobre isso, mais irritada eu ficava e finalmente disse: 'Estou pronta, não vou usar esta camisa'”, disse Osterman. "Fomos usadas como peoas em um post político e isso não é bom".
"Não vamos tolerar isso em nosso esporte. Não foi tão difícil quanto todos pensam, porque sabíamos que era a coisa certa a fazer", ressaltou.
Já a jogadora Haylie McCleney publicou um print do post efetuado por May, dizendo: "Podemos estar de pé nesta foto, mas com certeza não é com esse intuito. Eu estou envergonhada. Estou de coração partido. Estou desgostosa. Scrap Yard, nunca mais serei associada à sua organização. Vidas negras importam sim. A surdez de tom sobre isso é inacreditável!"
We might be standing in this photo but we SURE AS HELL AREN’T STANDING FOR THIS. I’m embarrassed. I’m heartbroken. I’m DISGUSTED. @ScrapYardFP I will never be associated with your organization again. BLACK LIVES MATTER. The tone deafness on this is UNBELIEVABLE!!!!!!! pic.twitter.com/5jSNipTFLd— Haylie McCleney (@hayliemac8) June 23, 2020
Esse sequer foi o primeiro caso polêmico envolvendo declarações de May. Após a morte do ex-segurança George Floyd, a gerente geral divulgou uma nota em nome da Scrap Yard dizendo: "Acreditamos que vidas negras são importantes, como todas as vidas", algo que causou consternação entre as jogadoras.
"Eu realmente nunca pensei que ela não se importava com a minha vida ou com a vida de Kiki até esse post", disse Kelsey Stewart, uma das duas jogadores negras do time, junto com Kiki Stokes.
"Foi bom saber que Kiki, que é negra, não precisava falar muito - que eu não precisava falar muito", concluiu Stewart, em relação ao fato de suas colegas serem conscientes e terem tentado combater o racismo naquele caso.
Foto: Sue Ogrocki/Associated Press
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