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SurtoLista: Cinco grandes hegemonias da história das Olimpíadas


"Não é todo favorito que vence". Essa é uma verdade absoluta que os amantes do esporte já estão acostumados a ouvir. Nas Olimpíadas, isso não é diferente. Nos mais de 124 anos de sua rica história, os Jogos Olímpicos já foram palco de muitas surpresas.

Já houve momentos, no entanto, em que alguns países demonstraram tamanha superioridade técnica em determinada modalidade que não deixaram margem para que outras nações competissem de igual para igual ou que as zebras passeassem. Por um longo período, tais culturas dominantes deixaram seu legado hegemônico marcado na história, execrando a tal famosa frase dita no início desse texto.

Pensando nessas grandes supremacias olímpicas, o Surto Olímpico listou cinco das grandes maiores hegemonias que o maior evento esportivo do planeta já vivenciou, e que, talvez, possam ser desconhecidas pelo público geral.  Consideramos a maior quantidade de ouros conquistados de forma consecutiva por um país em uma prova específica.  Aproveite mais uma edição do SurtoLista.

1 - Estados Unidos - salto em distância masculino - atletismo (1924-1960)



Iniciando, temos o salto em distância, que está no programa desde Atenas-1896. Os Estados Unidos, que sempre tiveram uma poderosa cultura do atletismo, dominaram a prova nas primeiras edições olímpicas. Houve um período específico em que a supremacia pôde ser confirmada com clareza e, por isso, entrou na nossa lista: o país conquistou a medalha de ouro em oito Olimpíadas consecutivas, entre 1924 e 1960. Detalhe: com oito atletas diferentes!

O mais conhecido desse período é Jesse Owens, que ganhou a prova em Berlim-1936, à época da Alemanha Nazista. Por coincidência, esta foi a única edição na qual os EUA não fizeram dobradinha na prova. Em todas as outras sete do período, houve pelo menos dois atletas ianques no pódio.

Depois de 1968, os EUA ainda conquistaram o ouro em 9 das 13 edições. Ao todo, o país possui 47 medalhas olímpicas no salto em distância, mais da metade do total de medalhas distribuídas pela prova em toda a história, que é 84. O maior jejum norte-americano sem títulos durou apenas duas edições olímpicas. O país passou Pequim-2008 e  Londres-2012 sem conquistar o ouro, mas as conquistas foram retomadas no Rio, com Jeff Henderson.


2 - Hungria - Esgrima - Sabre masculino (1924-1964)



Um dos mais tradicionais das Olimpíadas, a esgrima é um esporte de muito equilíbrio, cujo domínio é usualmente alternado entre os países europeus, em quaisquer que sejam as armas. Houve uma época, no entanto, em que a Hungria deixou a tradição de lado e criou uma enorme disparidade técnica em relação a seus rivais continentais no sabre masculino.

Os húngaros conquistaram nove ouros olímpicos de forma consecutiva na disputa individual, entre Paris-1924 e Tóquio-1964. A sequência poderia ter sido ainda maior, uma vez que Jenő Fuchs foi bicampeão em 1908 e em 1912, mas a Hungria foi impedida de participar dos Jogos de 1920 por ser uma das causadoras da Primeira Guerra Mundial, encerrada dois anos antes da edição.

Para entender o nível das conquistas do período hegemônico, é preciso entender que eram três atletas por país dentro de um grupo de 52 competidores, em média. Também é possível destacar a poderosa cultura húngara do sabre na disputa por equipes, na qual foram conquistadas sete medalhas de ouro em sequência, entre 1928 e 1960. O principal nome do período foi Pál Kovácz, dono de cinco ouros por equipes e um individual.

A supremacia húngara no sabre foi ficando pelo caminho com o passar do tempo. Depois de Roma-1960, o país só voltou a conquistar um ouro na prova por equipes em Seul-1988. Atualmente, vive um jejum de 24 anos sem medalhas na prova. No individual, a Hungria teve uma seca semelhante à prova coletiva e só voltou a levar o título em 1996. Hoje, no entanto, o país tem o atual bicampeão olímpico, Áron Szilágyi.


3 - Estados Unidos - Saltos ornamentais - 3m masculino (1920-1968)



Quem vê os chineses brilhando hoje, não sabe que os Estados Unidos já foram hegemônicos nos saltos ornamentais. Desde sua inclusão no programa, em 1904, até a década de 80, os ianques dominaram os pódios da modalidade.

Na prova do trampolim 3m masculino, em especial, os norte-americanos conseguiram uma supremacia de 11 Olimpíadas, conquistando o ouro na prova em todas as edições de 1920 até 1968, e com 11 atletas diferentes. Em todas as 11, houve mais de um atleta dos EUA com medalha e em sete houve um pódio 100% norte-americano, com ouro, prata e bronze.

Se considerarmos os saltos ornamentais como um todo, no período dessas 11 Olimpíadas, partindo de Antuérpia até chegar na Cidade do México, houve 44 disputas por medalha, nas provas de 3m e 10m masculinas e femininas. Dessas, os Estados Unidos só não subiram no pódio em uma única prova, que foi na plataforma 10m feminina de 1920. É bom destacar que, na maioria das vezes, competiam três atletas por país, num grupo de 15 a 25 competidores.

O encerramento do poderio dos Estados Unidos coincidiu com a entrada da China nos Jogos Olímpicos, na década de 80. O país asiático, que tem uma rica cultura nos saltos, passou a dominar a modalidade. Hoje, possui uma das maiores hegemonias da atualidade, tendo 54 pódios em 56 disputas. Esse, no entanto, é um assunto para o próximo SurtoLista. Fique de olho!


4 - União Soviética - Ginástica Artística - Equipes feminina (1952-1980)



Hegemonia e União Soviética combinam muito bem. A extinta nação participou de apenas nove Olimpíadas, de 1952 até 1988, mas deixou um forte legado de domínio em diversas modalidades que ficou pra história. O exemplo mais claro disso é a ginástica artística feminina, o carro-chefe do poderio soviético.

As europeias venceram todas as provas por equipes que disputaram. Foram oitos ouros consecutivos de 1952 até 1980. Como houve o boicote da União Soviética aos Jogos de Los Angeles, em 1984, as meninas não tiveram a oportunidade de aumentar a sequência de invencibilidade, mas voltaram a ser campeãs em Seul-1988.

Os Jogos da Coreia do Sul foram, aliás, os últimos que a União Soviética participou antes de ser dissolvida. Algumas remanescentes da era vitoriosa soviética competiram sob bandeira neutra em Barcelona-1992, no Time Unificado, e também conquistaram o ouro da prova por equipes.

Saindo um pouco do foco desse SurtoLista, abrimos um parênteses para engrandecer a ginástica artística feminina soviética como um todo. Nas nove Olimpíadas disputadas pela nação, houve 56 disputas de medalha na ginástica artística. Em apenas uma delas, a URSS não subiu no pódio (Barras assimétricas de Montreal-1976). Encabeçada por Larissa Latynina, foram conquistados 33 ouros, 29 pratas e 26 bronzes (com duas provas descontinuadas).


5 - Estados Unidos - salto com vara masculino - atletismo (1896-1968)



Mais uma vez os ianques aparecem na nossa lista, e dessa vez com uma marca de arregalar os olhos. No salto com vara masculino, outra prova do atletismo que está presente no programa olímpico desde 1896, os Estados Unidos tiveram um aproveitamento de 100% de títulos olímpicos até os Jogos da Cidade do México, em 1968.

Não, você não leu errado. De 1896 até 1968, foram 16 ouros conquistados de forma consecutiva pelos norte-americanos. Foram 72 anos de invencibilidade de um período que é, até hoje, o maior de um país na história olímpica (edições de 1916, 1940 e 1944 não aconteceram pelas Guerras). Detalhe: apenas em 1932, 1964 e 1968 não houve mais de um atleta norte-americano no pódio. O maior nome do período longínquo foi Bob Richards, que foi bronze em Londres-1948 e tornou-se bicampeão em Helsinque-1952 e Melbourne-1956.

Um fato curioso aconteceu em Paris-1900. O campeão norte-americano da vez foi Irving Baxter, que igualou o recorde olímpico da época e saltou 3.30m. Ele, no entanto, não era atleta do salto com vara e, sim, do salto em altura, e havia acabado de ser campeão em sua especialidade quando foi chamado, às pressas, para participar da prova. O que aconteceu foi que os três atletas norte-americanos do salto com vara optaram por competir na segunda-feira, o que era permitido, mas a organização decidiu, de última hora, que apenas os saltos de domingo seriam válidos para o resultado final. Assim, os americanos precisaram improvisar e chamaram dois atletas às pressas, incluindo Baxter, e ainda conseguiram uma dobradinha.

Após a era de ouro, um atleta dos Estados Unidos só voltou a subir no lugar mais alto do pódio do salto com vara em 2000 e em 2004, com Nick Hysong e Timothy Mack, repesctivamente. Na última Olimpíada, na Rio-2016, o norte-americano Sam Kendricks foi medalhista de bronze, naquela mesma prova em que Thiago Braz ficou com o ouro. Sam é o atual bicampeão mundial e pode retomar as conquistas ianques em Tóquio-2020.

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