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Profissionais falam sobre psicologia clinica do esporte em live do Time Brasil


O Instagram do Time Brasil foi invadido por uma breve aula sobre psicologia clínica do esporte. As psicólogas Sâmia Hallage e Aline Wolff comandaram a rede social durante uma hora na noite desta quarta-feira, 20, e, dentre outros temas, explicaram o trabalho da área que atua junto ao Comitê Olímpico do Brasil, falaram sobre atendimento dos atletas durante pandemia e defenderam processo contínuo para eficácia da preparação mental. As profissionais fizeram questão de ressaltar que não há resposta certeira sobre como lidar com período de quarentena, tema de muitas perguntas durante a live, e que, como tudo na preparação mental, as soluções são individuais.

“Estamos aprendendo a gerenciar esse momento da pandemia. Não temos respostas concretas. Imaginamos cenários e estamos construindo. E tudo bem, não tem problema. Vem uma coisa de: aproveite esse momento, treine em casa. E precisamos ter calma, tudo bem ter emoções difíceis. Não é uma feira livre de oportunidades. Isso vai acontecer, mas não podemos ter uma ansiedade de construir isso num primeiro momento”, disse Aline. “Não existe fórmula para enfrentar esse momento. Nosso papel é nos debruçarmos no universo particular de cada indivíduo”.

“O que conseguimos ver foram algumas fases. Conseguimos identificar nessa caminhada com os atletas que quando as informações começaram a aparecer, o sentimento era de medo e insegurança. Quando os Jogos foram adiados e saiu a nova data, todos deram uma relaxada. Ganhamos um tempo, não estamos treinando como estamos acostumados, mas tudo bem. E, nesse momento, conseguimos deixar que cada um trilhasse seu caminho”, completou Sâmia. “Só não temos o atendimento presencial durante a quarentena, mas o trabalho segue respeitando o tempo de cada um”.


“Sentir falta da rotina de treino significa que aquilo era importante. Essa pausa pode ser muito reveladora. Vai ajudar os atletas a se relacionarem de maneira diferente com as pausas. Atleta tem dificuldade de parar, mas essa descompressão faz bem”, analisou Aline.

Preparação mental é trabalho contínuo
Sâmia, que também é professora, recebeu perguntas de muitos de seus alunos. Algumas específicas sobre o trabalho da psicologia clínica do esporte, uma área que ainda tem uma demanda grande de profissionais. Aline, que já passou por clubes com grande tradição em esportes olímpicos como Grêmio Náutico União, de Porto Alegre, e Flamengo, no Rio de Janeiro, ressaltou a importância de um trabalho contínuo para uma verdadeira preparação mental.


“Imprensa e muita gente perguntando com nessa ideia de que “agora é que os atletas precisam de mais apoio”. A gente trabalha a longo prazo. Se inicia num ciclo olímpico, mas acompanhamos alguns por mais de um ciclo, depende da história de cada um. Não é uma coisa que inaugura no momento do sofrimento, precisa de tempo, de uma relação sólida desse profissional com o atleta e com toda a comissão técnica. Não agimos só no problema. Se ele apareceu ali é porque não foi trabalhado antes”, contou Wolff.

“Muito importante entender que a psicologia não salva nada. O psicólogo não é o profissional que vem para apagar incêndio, como era encarado alguns anos atrás. Esse novo profissional vem para fazer parte de uma comissão técnica, desde o início do trabalho”, contou Hallage. 

“A ideia da psicologia clínica do esporte é trazer todos os conceitos robustos da psicologia para o esporte. Precisamos de visão holística desse atleta que tem vida, tem família, tem filhos, mas também tem as metas no esporte. Olhamos o ser humano, porque acreditamos que quando ele está bem, se ele tem todas as áreas da vida dele contempladas, ele vai conseguir desempenhar melhor. E trabalhamos também esse desempenho, com reação e concentração, etc. No COB temos esse olhar total.

Trabalho de visualização e dificuldade para dormir
A visualização, uma das técnicas mais utilizadas no trabalho de preparação mental, foi tema de uma das perguntas. Sâmia e Aline foram unânimes em reforçar a importância da ferramenta, mas também em que a adoção dela depende da decisão de cada atleta atendido.

“A ideia é que ela seja usada junto com a preparação física para ajudar no desempenho. Hoje, nessa época que não se está treinando normalmente, a visualização pode substituir esse treinamento, como fazemos com atleta em reabilitação. Nessa fase, a visualização pode ser útil porque ele pode ver movimentos que não está podendo fazer”, explicou Sâmia.

“Muitos atletas gostam e usam de maneira bem rotineira. A visualização também pode ativar emoção. E, nesse momento que estão privados de viver a competição, a visualização entra muito bem porque ele pode se ver competindo e pode produzir uma ativação emocional que é importante para os atletas”, completou Aline.

Fechando a live de pouco menos de uma hora, as psicólogas responderam a uma pergunta recorrente entre atletas de alto rendimento e amadores. Muitos afirmam não conseguir dormir bem em véspera de competições. Ao invés de dicas, a resposta foi sobre uma mudança na forma de encarar o problema.

“Os atletas ficam tão ansiosos porque não dormiram que se esquecem de se concentrar no que têm que fazer de verdade. É melhor dormir? Sim. Podemos fazer algumas coisas como exercício de respiração, deixar o celular de lado, regular pensamentos ruins que invadem a cabeça na hora de dormir. Isso fisiologicamente funciona, mas sobretudo deixar o sono ser o que ele é: natural. O mais importante é perceber que não dormir bem não significa que vai dar tudo errado na competição”, afirmou Aline.

Foto: Reprodução/Time Brasil

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