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Isolamento testa psicológico dos atletas, adverte médico do CPB


O período de isolamento social em detrimento da pandemia do novo coronavírus (COVID-19) afetou diretamente o esporte de alto rendimento, dado o cancelamento de todos os eventos e treinos enquanto o surto não for contido. Mas o problema não está apenas na perda de condição física e técnica dos atletas. O aspecto emocional merece cuidado especial, segundo alerta o doutor Hésojy Gley, médico do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB).

Ele foi o convidado do "CBDV Ao Vivo" de sexta-feira (17). Por questão de segurança, o programa foi realizado à distância, em live transmitida no Instagram da Confederação Brasileira de Desportos de Deficientes Visuais (CBDV).

"Nosso objetivo é controlar danos e, para isso, foi montado um time de especialistas para montar esse planejamento de acompanhamento. Em casa, não se pode fazer muita coisa. O combinado é fazer com que eles tivessem um trabalho de controle mental satisfatório. Um dos maiores choques para eles foi não estarem socializados e conseguirem treinar. Tivemos incidência alta de problemas psicológicos, psíquicos. Os atletas não conseguiam nem pensar direito no que treinar, como treinar", explica o médico, que atua no movimento paralímpico desde os Jogos de Atenas, em 2004.

"Na população de atletas paralímpicos, os trabalhos científicos mostram que o percentual de questões psicológicas e psiquiatras é maior. O atleta de alto rendimento já tem problemas grandes com ansiedade, depressão. As modalidades individuais têm esse percentual maior. Ficou muito mais evidente isso agora. Temos um trabalho com os psicólogos muito mais intenso do que a gente imaginava", ressalta o doutor. 

O grupo de trabalho visa conscientizar os atletas de que, mesmo em casa, é preciso manter uma rotina mínima: acordar, comer e dormir em horários certos e não desanimar mesmo tendo à disposição treinos de baixa intensidade. 

"Como toda medida de saúde, nós fazemos as orientações básicas. O atleta de alto rendimento precisa de orientação, por mais determinado e autodidata que seja. Nesse suporte, o nosso grupo de trabalho entra em contato individualmente e diz 'olha, estamos aqui, vamos continuar te acompanhando'. Essa é a primeira coisa, dar o suporte emocional", afirma o médico.

Coronavírus representa risco maior aos cegos
Os atletas da CBDV têm buscado se manter ativos, mesmo impossibilitados de treinarem em seus clubes e seleções. Recentemente, alguns deles fizeram parte do Desafio da Quarentena, iniciativa criada pela Confederação justamente tendo o intuito de incentivar a comunidade paralímpica a seguir em ação dentro de casa, com exercícios que podem ser adaptados facilmente.

No caso de quem possui deficiência visual, o isolamento social se torna ainda mais importante, dada a frequência com que se utiliza as mãos. "Os deficientes visuais se tornam um grupo muito especial, porque a forma de contágio dessa doença é por mãos, olhos, boca e nariz. A mão é o vetor, você encosta no rosto e contamina sua mão. Por mais que se faça uma super higiene, é difícil fazer 100% com frequência extremamente alta", diz o doutor.

Foto: Divulgação

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