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Surto Opina: O grande impacto do coronavírus no tênis mundial


Os efeitos da pandemia de coronavírus no tênis mundial não são representados apenas por uma série de cancelamentos no calendário. Há fatores que vão desde tenistas abaixo do top 300 do ranking, que precisarão de uma reserva financeira para se sustentar com o circuito paralisado até torneios que deixam de gerar emprego em diversos países. Até as federações têm seus problemas.

A Federação Internacional de Tênis (ITF), por exemplo, anunciou um programa de licença de equipe e corte salarial como resposta ao grave impacto econômico gerado pela pandemia. Segundo o presidente da entidade, David Haggerty, "quase 50% das atividades da ITF no primeiro semestre  foram adiadas, resultando em perda de aproximadamente metade da receita prevista". 

Segundo a ITF, mais de 900 torneios foram adiados em todos os seus circuitos, implicando também em possíveis problemas com direitos de transmissão. Mas Haggerty  deixou claro que ainda não precisará reembolsar nenhum contrato com a mídia, já que campeonatos como a Fed Cup e Copa Davis foram adiados ou ocorrem no fim da temporada".

Na semana passada, o tradicional torneio de Wimbledon anunciou o cancelamento da edição de 2020, com retorno apenas para o ano que vem, devido à pandemia do coronavírus. O último cancelamento havia acontecido na época da Segunda Guerra Mundial.

Otimismo em salvar a temporada

Na última quinta-feira (9) o presidente da ATP, Andrea Gaudenzi declarou ter planos para salvar até 70% da temporada, caso seja possível retomar o circuito em agosto. "Criamos 50 versões de calendário que mudamos a cada dia".

A ideia principal segundo Gaudenzi, é adiar a temporada de saibro para setembro (Roland Garros já confirmou o torneio entre os dias 20 de setembro e 4 de outubro, além dos Masters 1000 de Madri e Roma). 

O problema é que o US Open, Grand Slam jogado em superfície dura, termina apenas uma semana antes da  nova data programada para o Major francês. Assim, os tenistas teriam que optar entre descanso ou preparação para jogar mais partidas em melhor de cinco sets, dessa vez no saibro, elevando a possibilidade de lesões, com a mudança abrupta.

Além disso, seis torneios estão programados para acontecerem durante Roland Garros: ATP 250 de São Petesburgo, ATP 250 de Metz, ATP 250 de Zhuhai, ATP 250 de Chegdu e ATP 250 de Sofia, além da aclamada Laver Cup, torneio mundial que conta com apoio de diversas federações mundo afora e tem como principal embaixador, o tenista suíço Roger Federer.

Foto: Laver Cup/Divulgação

Caso esses torneios sejam mantidos, poderemos presenciar grande movimentação no ranking mundial, com tenistas que não gostam de saibro, optando por jogar campeonatos menores, deixando Roland Garros de lado ou até mesmo com atletas fora do top 200 erguendo troféus de maior escalão na ATP.  

Outra questão polêmica é em relação ao congelamento no número de semanas de Novak Djokovic como número 1 do mundo. O tenista sérvio está perto de ultrapassar a marca de Pete Sampras em semanas como líder do ranking da ATP (282 a 286). Espera-se ainda que consiga superar Roger Federer, atual recordista com 310 semanas na liderança. Mas com a contagem paralisada, isso deve demorar mais para acontecer. 

Muitos consideram injusto que as semanas não sejam contabilizadas para Djokovic, mas sem torneios para disputar por conta de uma pandemia, não há como somar ou perder pontos. Logo, parece sensato congelar tal contagem no topo do ranking. Mas há quem discorde. 

Vagas olímpicas

Outra disputa afetada é a de vagas para os Jogos Olímpicos. Com o ranking congelado até, no mínimo, dia 8 de junho, coincidentemente a data final para qualificação nas Olimpíadas, já está quase certo quem serão os classificados, salvo alguma mudança repentina, que ainda está em fase de estudo pela ITF, junto ao COI.

O critério de classificação para os Jogos Olímpicos de Tóquio (validos para o torneio masculino e feminino) contempla no momento os 56 melhores atletas do ranking, restringindo a no máximo quatro vagas por país.

As oito vagas restantes são distribuídas da seguinte forma: campeão e vice do torneio de tênis nos Jogos Pan-Americanos de 2019, campeão dos Jogos Asiáticos de 2019, o campeão nos Jogos Africanos, além do melhor tenista fora dos 56 melhores do mundo, representante da Europa e da Oceania. 

As últimas duas vagas ficam com um convidado representante do Japão, país sede e outra com um ex-medalhista olímpico ou grande campeão, que não esteja com ranking elegível (talvez o convite possa ser dado ao tenista escocês Andy Murray, atual bicampeão olímpico, que ocupa o 129º lugar, caso esteja recuperado das lesões). 

Além disso, os tenistas precisam estar ativos em competições de seleções internacionais, como Copa Davis e Fed Cup.

Tênis na batalha contra o coronavírus

Foto: US Open/Divulgação

Tenistas como Roger Federer, Rafael Nadal e Novak Djokovic realizaram doações milionárias para ajudar no combate ao coronavírus. O australiano Nick Kyrgios iniciou uma distribuição de alimentos na cidade de Camberra, onde reside.

Palco de batalhas épicas no tênis, agora o complexo que abriga o US Open, em Nova Iorque, será um dos campos de batalha contra o coronavírus, após ter sido transformado temporariamente em um hospital com 350 leitos, para auxiliar o sistema de saúde norte-americano, dando suporte aos pacientes que testaram positivo ao vírus, mas que não precisem da Unidade de Terapia Intensiva. 


Foto: Wimbledon/Divulgação

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