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Pamela Rosa: "Olimpíadas devem aumentar a popularidade do skate com certeza"


Campeã mundial de Skate Street em 2019, a atleta de São José dos Campos, Pamela Rosa é uma das esperanças de medalha olímpica para o Brasil, nos Jogos de Tóquio, em 2021. Mesmo ainda sem a vaga garantida para as Olimpíadas, por causa da paralisação dos eventos qualificatórios devido à pandemia de coronavírus, a líder do ranking mundial se mostra satisfeita com a jornada em busca da classificação, conforme relata em entrevista ao Surto Olímpico.

"Apesar de ainda não estar classificada para os Jogos Olímpicos me sinto lisonjeada por fazer parte desse processo, sei que é histórico o momento que o skate está vivendo e que quando se concretizar, marcará o esporte para sempre".

Esta será a estreia do skate no programa olímpico e duas modalidades foram escolhidas: o Street, que simula os obstáculos encontrados nas ruas, como escadarias, rampas e corrimões; e o Park, um bowl com transições, áreas desniveladas e com profundidade misturado com alguns elementos de rua, obrigando o skatista a realizar essas transições. 

O skate também faz parte das "Olimpíadas dos esportes radicais", mais conhecidos como X-Games. O evento radical ocorre todos os anos, diferentemente dos Jogos Olímpicos e Pamela ressalta que ambos têm seu valor. "O X-Games é um evento tão consolidado que é tradicional para a modalidade. Mas os Jogos Olímpicos, são o máximo que se almeja em todos os sentidos e em todos os esportes, e no skate jamais se pensou nisso" afirmou a skatista.

Foto: Julio Detefon
O modo de classificação do skate para as Olimpíadas é simples. Serão 20 vagas por gênero em cada modalidade. Nessas 20 vagas, uma é do país anfitrião, no caso, o Japão, e três vagas vão para os atletas que formarem o pódio dos campeonatos mundiais, ainda sem data e local de competição definidos. As 16 vagas restantes serão definidas de acordo com o ranking olímpico da World Skate, entidade que promove o esporte. Cada continente deve ter pelo um atleta classificado, e os países não podem ultrapassar o limite de três atletas em cada categoria.

O adiamento dos Jogos Olímpicos foi tema de preocupação para Pamela. Um ano após o título mundial, ela chegaria como favorita ao pódio olímpico. Mas a skatista de 20 anos diz não se preocupar com o "rótulo" de favorita e afirma que o adiamento prejudicou todos os candidatos à vaga olímpica. 

"Esse adiamento apesar de necessário, foi prejudicial a todos os skatistas, não tem como negar. Aquele planejamento inicial que era feito, foi totalmente alterado. Teremos que aprender a lidar com essa nova realidade, mas são coisas que os skatistas estão acostumados, quando surpreendidos, temos que reagir e improvisar" declarou Pamela. 

A prática do esporte e o engajamento das mulheres

Na pesquisa mais recente, encomendada em 2015 pela Confederação Brasileira de Skate (CBSk) ao Instituto Datafolha, o Brasil tinha mais de 8,5 milhões de skatistas no país. Já a pesquisa divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o IBGE, em 2014, constatou-se que 11% das residências no país conta com pelo menos um praticante do esporte. E de acordo com a líder do ranking mundial do Skate Street, a popularidade do esporte deve aumentar ainda mais. 

"As Olimpíadas devem aumentar a popularidade do skate, com certeza" afirmou Pamela. "Se apenas com o anúncio de que faria parte do programa olímpico já fez o número de meninas praticantes aumentar. Com a enorme visibilidade olímpica, então..." reiterou. 

Foto: Julio Detefon
Comparando os dois últimos censos sobre o esporte, é possível detectar que o número de mulheres praticantes do skate quadruplicou. Segundo o Instituto Datafolha, em 2009, eram aproximadamente 400 mil mulheres skatistas. Já em 2015, o número saltou para 1,6 milhões de mulheres no skate. 

Entretanto, o número de mulheres skatistas representa apenas 19% do número total de praticantes do esporte. Perguntada sobre preconceito na modalidade, Pamela diz que nunca precisou lidar com o problema. "Meus pais sempre me acompanham, então nunca rolou isso. Todos os skatistas sempre foram muito respeitosos comigo". 

Além de Pamela, outras duas brasileiras são favoritas para conquistar a vaga olímpica no Skate Street feminino, Rayssa Leal e Leticia Bufoni. Pamela diz que apesar de não se encontrar tanto com as duas companheiras da modalidade, mantêm boa amizade com ambas e que espera ser possível um pódio inteiro verde e amarelo nas Olimpíadas. 

"Me considero amiga das meninas. A gente se vê pouco, mas nos damos bem. Penso que é possível as três brasileiras estarem no pódio, independentemente de quem se classifique para representar o país. Quem estiver lá terá grandes chances", reconheceu a atleta. 

Foto: Julio Detefon
Ainda assim, Pamela não acredita ser possível apontar quais seriam as prováveis rivais em busca do título olímpico. "Não considero ninguém favorita. Isso não é ficar em cima do muro, mas a questão é que no skate o nível de todas as meninas está altíssimo. Notem bem o que todas evoluíram nesse ciclo" apontou. 

Apesar de ser muito jovem, Pamela pensa em seu futuro no esporte e confirma o que gostaria de fazer posteriormente. "Quero andar de skate o máximo possível, aliando isso com a possibilidade de trabalhar na área esportiva, em alguma profissão e, se Deus quiser, montar uma escolinha de skate, onde eu possa retribuir à sociedade, tudo que esse esporte já me proporcionou. Os alunos poderão tornar-se atletas e ótimos cidadãos".

Alguns esportes, como a ginástica, impõem idades mínimas para participar de competições e Jogos Olímpicos, ao contrário do skate. E Pamela diz não ver problema nisso. "Isso não envolve questão técnica, já que o parâmetro é o nível e temos muitas jovens dominando o skate. Porém submetê-las as mesmas estruturas dos mais velhos é algo que não acho correto, assim como também não acho que deveriam privilegiá-las por isso".

Pamela agora aguarda a retomada dos torneios de skate para enfim garantir sua vaga nos Jogos Olímpicos de Tóquio, que serão realizados em 2021, após o adiamento por causa da crise causada pela pandemia de coronavírus.

Foto: Julio Detefon

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