Últimas Notícias

Daniel Dias segue focado na Paralimpíada do próximo ano e despista aposentadoria: "vou deixar pra pensar depois de Tóquio"


Estrela da natação paralímpica mundial, Daniel Dias foi um dos principais líderes da campanha que pediu o adiamento dos Jogos de Tóquio. Em suas redes sociais, vibrou muito com a decisão do COI e do IPC e, agora, em entrevista ao Surto Olímpico, conta um pouco de sua visão sobre a mudança, as experiências na quarentena e suas expectativas para o próximo ano.

"Achei uma decisão sábia e sensata. Era o que tinha que ser feito para o bem de todos. Acredito que beneficia a todos os atletas que agora podem se preparar de forma adequada", diz ele sobre o adiamento.




Com 24 pódios desde Pequim-08, Daniel é, atualmente, o décimo atleta com mais medalhas na história dos Jogos Paralímpicos. No próximo ano, ele pode até atingir o top-5 das estrelas paralímpicas mundiais, se conquistar três medalhas. Sendo ainda mais esperançoso, caso suba ao pódio mais de seis vezes, chegará até o top-3.

Daniel sabe que atingir o feito seria histórico, mas admite que não é um de seus principais objetivos da carreira "Não chega ser uma meta, sempre espero dar o meu melhor a cada competição e se isso representar feitos deste tamanho ficarei honrado em fazer história", conta.


Vida na quarentena
A quarentena forçada pela pandemia de Covid-19 está obrigando os atletas a realizarem treinamentos de sua própria casa. Com Daniel, o processo é ainda mais difícil, pois precisa administrar o tempo entre cuidar de seus três filhos e manter a forma física. Ele conta ao Surto que está conseguindo fazer alguns exercícios adaptados que seu preparador recomenda, o suficiente para "não ficar parado".





Aposentadoria
Atualmente com 31, Daniel terá 33 anos na disputa da próxima Paralimpíada. Apesar da alta idade para o esporte de alto rendimento, o multi-medalhista diz que o adiamento dos Jogos não alterou nenhum plano futuro de sua carreira e despista ao falar sobre uma possível aposentadoria depois de Tóquio-2020.

"Eu vivo um ciclo paralímpico de cada vez, então, vou deixar pra pensar depois de Tóquio. Atletas não gostam de falar disso né? Mas é pra ser pensado com certeza e preparado pra isso. Mas hoje meu foco é Tóquio", afirma.


Passagem de bastão e Instituto Daniel Dias
Assim como foi inspirado por Clodoaldo Silva, Daniel sabe que é muito importante na vida de muitos atletas hoje em dia. Por ser o maior nome do esporte paralímpico brasileiro, tenta observar ao máximo os futuros talentos da natação paralímpica. O Instituto Daniel Dias (IDD) o ajuda muito com isso. 

Daniel Dias em ação no Parapan de Lima (Foto: Rodolfo Vilela/Rededoesporte.gov.br)

Criado em 2014 com a iniciativa de contribuir com o fomento do esporte paralímpico brasileiro, o projeto tenta descobrir e desenvolver novos campeões. "Acreditamos que a ferramenta do esporte pode transformar vidas", nos conta Daniel.

Atualmente, cerca de trinta atletas, de diferentes idades, deficiências e níveis de performance, são atendidos pelo projeto. No último Parapan, em Lima-2019, os atletas do IDD conquistaram doze medalhas, incluindo seis ouros do pioneiro do projeto, Daniel.

Mesmo despistando a aposentadoria, a lenda aposta em Wendell Belarmino, que não faz parte do IDD, para "herdar seu trono".

Wendell no Prêmio Paralímpicos (Foto: Marcello Zambrana/CPB/Exemplus)

"Temos um grande trabalho de base sendo feito pelo Comitê Paralímpico Brasileiro, e em breve teremos grandes nomes na modalidade. Mas hoje aposto no Wendell Belarmino que foi uma grande revelação no último Mundial", revela Daniel, questionado sobre o futuro da natação paralímpica.

Com 21 anos, Wendell compete na classe S11, para atletas cegos. No Mundial de Londres, em 2019, Wendell conquistou um ouro, uma prata e um bronze, e subiu ao pódio sei vezes no Parapan de Lima semanas antes. Pela temporada fantástica, foi eleito o atleta revelação do Prêmio Paralímpicos do ano passado.


Rio 2016
Todo esse processo de categorias de base e o surgimento de novos talentos foi muito alavancado em partes graças aos Jogos Paralímpicos de 2016. Para Daniel, o fato de terem ocorrido no quintal de casa foi fundamental para o desenvolvimento do esporte paralímpico, por conta da presença do público e pela divulgação da imprensa.

"O Rio 2016 foi um divisor de águas. As pessoas puderam conhecer melhor o esporte paralímpico e ver que somos antes de tudo atletas. E que aqui é alta performance. Claro que em termos de preconceito em si ainda pode se melhorar, mas já foi um avanço", comenta ele.

"A imprensa foi fundamental para isso. Ter a transmissão dos Jogos fez com que o público se aproximasse do esporte paralímpico e conhecesse melhor os atletas brasileiros", conclui.

Foto: Rodolfo Vilela/Rededoesporte.gov.br

0 Comentários

.

APOIE O SURTO OLÍMPICO EM PARIS 2024

Sabia que você pode ajudar a enviar duas correspondentes do Surto Olímpico para cobrir os Jogos Olímpicos de Paris 2024? Faça um pix para surtoolimpico@gmail.com ou contribua com a nossa vaquinha pelo link : https://www.kickante.com.br/crowdfunding/ajude-o-surto-olimpico-a-ir-para-os-jogos-de-paris e nos ajude a levar as jornalistas Natália Oliveira e Laura Leme para cobrir os Jogos in loco!

Composto por cinco editores e sete colaboradores, o Surto Olímpico trabalha desde 2011 para ser uma referência ao público dos esportes olímpicos, não apenas no Brasil, mas em todo o mundo.

Apoie nosso trabalho! Contribua para a cobertura jornalística esportiva independente!

Digite e pressione Enter para pesquisar

Fechar