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Treinando como podem, atletas olímpicos são unânimes em apoiar o adiamento da Olimpíada de Tóquio para 2021



A pandemia de coronavírus tem causado muitos problemas a atletas do mundo inteiro. Tendo que ficar em quarentena, ficam impossibilitados de treinar em ginásios, pistas, piscinas e têm que improvisar treinamentos em casa. No  momento dessa postagem, o COI e o Comitê Organizador. de Tóquio 2020 cederam um pouco a pressão e deram um prazo de 22 de abril para decidirem se adiam a Olimpíada ou não.

Enquanto isso, os atletas vão seguindo de forma forçada o conselho do presidente do COI, Thomas Bach, de 'treinarem como puderem'. Mas em certos esportes, manter um nível de treinamento adequado para um atleta de alto nível é difícil.

A velejadora Fernanda Oliveira, bronze em Pequim 2008, estava com sua parceira Ana Barbachan se preparando para o mundial da classe 470 e o troféu Princesa Sofia na Espanha quando as competições foram canceladas e ela teve que voltar ao Brasil. Por ter filhos pequenos, Fernanda optou por fazer uma quarentena de prevenção longe deles: "Sei que é muito difícil evitar uma proximidade (com os filhos), optei por não voltar para casa. Não tenho sintomas, mas estou seguindo as orientações dos médicos do COB e sigo isolada, tentando fazer alguns exercícios, mas estou desde 11 de março sem velejar."

Ian Matos, dos Saltos Ornamentais, também tem tido dificuldades. "Estou fazendo um treinamento físico em casa que os profissionais do Time Brasil me enviaram. Mas como meu esporte é muito específico, poucas coisas da parte técnica eu consigo fazer em casa", explicou.

Rudá Franco, integrante da seleção de Polo Aquático, também revelou o grande impacto que o esporte sofreu com a pandemia. O Brasil disputaria o Pré-Olímpico Mundial da modalidade, que seria no final de março e foi adiado, ainda sem data para acontecer. "Nós jogadores não tivemos férias, pois acabou  Liga Nacional e logo em seguida começamos a nos preparar para o pré-olímpico. Estávamos treinando na Espanha e evoluindo bastante quando tudo foi cancelado e tivemos que voltar", disse ele.

Rudá também falou como está mantendo o treinamento, mesmo sem poder treinar coletivamente em uma piscina, já que está em quarentena preventiva por conta de ter voltado de um país com altos casos de Covid-19: "Nós estamos estamos tentando manter uma rotina de treinos, eu tenho feito dois treinos por dia em casa e cuidando da alimentação, mesmo em quarentena. Sabemos que há possibilidade do pré-olímpico ter uma data a qualquer momento. Então temos que ter responsabilidade para não jogar fora tudo que fizemos na preparação."

Dos entrevistados, todos são unânimes de que a Olimpíada de Tóquio deve ser adiada. Evelyn Dos Santos, velocista com participações nos Jogos de Pequim e Londres, falou sobre como os atletas estão sendo prejudicados tendo que treinar nessa situação de quarentena: "O treinamento dos atletas está sendo muito prejudicado, assim como é muito injusto com quem ainda não se classificou. Sei que é complicado adiar um evento desse porte, o maior evento do esporte, porém a saúde vem em primeiro lugar, assim como os princípios do olimpismo, que pregam a união, respeito e a empatia entre os povos."

Nádia Colhado, do basquete, teve sua recuperação de uma lesão sofrida prejudicada por conta da pandemia, já que não pode sair para fazer sessões de fisioterapia, e também é a favor do adiamento dos Jogos. "A saúde dos atletas tem que vir em primeiro lugar. Ninguém vai conseguir ter um nível adequado de treinamento com essa pandemia", afirmou ela.

Rudá Franco frisou que o pensamento do atleta de alto nível não pode estar focado em treinamentos nesse momento: "Não é hora do atleta pensar em performance, é hora de cuidar da saúde, da família e de se prevenir para que esse momento difícil passe o mais rápido possível".

"Não há chance de pensarmos na maior celebração do esporte mundial em meio a essa pandemia. Hoje o meu pensamento está nas pessoas, em fazer minha parte e contribuir para a saúde de todos", disse Fernanda, afirmando que não há o menor clima de ter Jogos Olímpicos em 2020.

Ian Matos revelou que não está preocupado se vai ter Olimpíada ou não e que existem outras preocupações muito maiores nesse momento. "Atualmente não estou preocupado com os Jogos. Estou preocupado com a pandemia, com a minha família em Belém (PA), com a incompetência do governo federal e com as milhares ou muito provavelmente milhões de vidas que vamos perder. As pessoas ainda não entenderam que o coronavírus já mudou a nossa vida e vai mudar muito mais daqui pra frente. Os Jogos Olímpicos são um problema minúsculo comparado com o que o ocidente tem que se preocupar."

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