Quatro anos depois de assombrar o mundo com uma das apresentações mais espetaculares da história olímpica, Nadia Comaneci estava novamente em uma Olimpíada. Os Jogos de 1980 eram em Moscou, casa das maiores rivais esportivas e parceira política da Romênia, a União Soviética.
O ciclo havia sido conturbado para Nadia. Alçada a estrela mundial e usada como propaganda do regime comunista da Romênia, a atleta não conseguiu ter o mesmo tempo para se dedicar aos treinos e o resultado foi apenas quatro medalhas nos mundiais de ginástica de 78 e 79 - esse último, por conta de um problema médico que a fez competir em menos provas.
Mas para 1980, ela deixou as distrações de lado e treinou forte ao lado de seu mentor Bela Karolyi para poder se chegar em Moscou no seu auge técnico e físico com seu novo - aos 18 anos, Nadia tinha crescido sete centímetros e precisava adaptar seus movimentos ao seu novo tamanho para não ficar para trás.
Nas preliminares, Nadia viu que teria duas fortes rivais: Maxi Gnauck da Alemanha Oriental e Yelena Davydova, da União Soviética, que tinha superado a sua 'rival' de 76, Nellie Kim. Davydova em uma apresentação perfeita ganhou 10 no solo mas ficou quinto. Comaneci ficou em quarto. Gnauck foi a melhor na fase preliminar.
Na fase final, em 24 de julho, Davydova começou na trave e conseguiu uma nota incrível de 9.850, mas Gnauck se manteve firme na liderança, mesmo com Comaneci fazendo uma atuação mágica novamente nas barras, onde recebeu uma nota 10 - única da noite. A alemã oriental se manteve na liderança até o último aparelho, quando na trave ela acabou cometendo um pequeno erro e ganhando a nota de 9.700. Davydova fez um grande atuação nas barras assimétricas, fazendo 9.950 pontos. Só Comaneci poderia tirar o ouro da soviética na trave.
Nadia precisava de tirar mais de 9.925 para ficar com ouro, nota esta que ela conseguiu pela última vez na atuação lendária em Montreal 76. Nadia não conseguiu repetir a perfeição de quatro anos antes, mas ainda assim foi uma atuação espetacular. Mas após o fim da sua apresentação a nota não apareceu.
Seu treinador, Bela Karolyi, começou a ficar impaciente com o que estava acontecendo. As notas dos juízes, sempre divulgadas rapidamente, levaram longos 30 minutos para serem divulgadas, fazendo quase os jogos pararem, pois as televisões só queriam saber o motivo da demora da divulgação das notas.
E depois de 30 minutos, saíram as notas: 10,9.9, 9.8 e 9.8. com a maior e a menor nota sendo descartadas, Nadia terminou com 9,850 e dividiu a prata com Gnauck. Davydova era ouro. Karolyi protestou veementemente, o que causou uma péssima impressão para o governo romeno, tão próximo do soviético.
No dia seguinte, Nadia superou Davydova ao levar o ouro na trave e ela levou o ouro no solo, ao empatar com Nellie Kim. Com a prata por equipes, saiu de Moscou com 4 medalhas.
Em 1981, em uma excursão nos Estados Unidos, seus treinadores, Bela e Marta Karolyi desertaram e Nadia, que voltou à Romênia passou a ser constantemente monitorada pelo governo romeno, o que a deixou de fora de competições internacionais.
Em 1984, esteve em Los Angeles. A Romênia incrivelmente não aderiu ao boicote comunista e segundo rumores, só aceitou ir aos jogos após um acordo de que os Estado Unidos não aceitariam nenhum desertor romeno. Mas ela não foi como atleta e sim, como observadora e viu a nova pupila de Karolyi, Mary Lou Retton (USA) dominar os jogos. Na volta à Romênia, encerrou sua carreira e acabou virando lenda, mas nem ao menos saber, já passou a viver cada vez mais reclusa por conta da vigilância da ditadura romena, que só acabou quando ela fugiu do país em 1989, antes de uma revolução no país acabar com o regime.
foto: wikipedia
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