Por Renato Toniol
Vivendo um momento de transição no tênis, a tão difícil passagem do tênis juvenil para o profissional, o paranaense Thiago Seyboth Wild vem mostrando maturidade, e acima de tudo, volume de jogo surpreendente para dar passos importantíssimos em direção a um futuro promissor.
O título do ATP 250 de Santiago no Chile, obtido neste domingo, ratifica a grande transformação em seu jogo, e dá tranquilidade para seguir os próximos passos de sua carreira. Destacamos que Wild conquista este seu primeiro título em nível ATP poucos dias antes de completar 20 anos, ou seja, ainda mais jovem que Gustavo Kuerten, que ganhou o seu primeiro título próximo de completar 21, porém, obviamente que a conquista de Guga tenha uma relevância maior, já que conquistou como primeira taça, a de um evento de Grand Slam, tendo triunfado no saibro de Roland Garros em 1997.
Wild já dava mostras de que teria um futuro especial desde a juventude, sendo que em 2018, conquistou o título juvenil do US Open, e já optava por tênis moderno, presando pela agressividade dos golpes da base, mesmo que pecasse pela afobação em determinados momentos, algo aceitável para um tenista ainda tão jovem, e que busque um estilo extremamente agressivo.
Lembremos que 2020 é apenas o segundo ano em que Wild se dedica apenas ao circuito profissional, e a evolução é gigantesca. Tecnicamente, ainda possui espaços para melhora. O saque já começa a fazer alguns "estragos", mas ainda pode ser trabalhado uma maior variação de efeitos. O jogo de rede é onde comete os maiores erros, e merece atenção especial. Já dos golpes da base, é onde possui a sua maior fortaleza. Sólido com os golpes da base, sabe usar bem os ângulos da quadra,e desferir ataques desconcertantes na paralela. Destaca-se como ponto principal de seu repertório, o seu potente golpe de forehand. Ouso em dizer que, da nova geração do tênis, o brasileiro tem, se não o melhor, seguramente um dos melhores recursos com este golpe.
Por outro lado, temos de ter paciência neste momento. O primeiro título de ATP veio antes do que imaginávamos, sendo que a sua realidade era então é o circuito challenger. Com a pouca idade, as oscilações são totalmente aceitáveis. O resultado desta semana o levou para o número 113 do ranking mundial, e tem de chegar pelo menos entre os 104 primeiros até o início de abril para garantir vaga direta na chave principal de Roland Garros, e disputar assim o seu primeiro Grand Slam como profissional.
O conjunto da obra é muito animador. A idade é de um garoto, mas o tênis é de gente grande, pois tem jogo de sobra para dar uma grande alavancada no seu ranking em curto espaço de tempo. O top 100 é logo ali, e o top 50 é algo alcançável para o seu nível atual, e com a evolução que está por vir, podemos sonhar em voltarmos a ter um final de semana de alegria no tênis, algo a que éramos acostumados com Gustavo Kuerten.
Que domingo feliz!
Foto: Divulgação
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