Por Renato Toniol
Kenin, ousadia na medida certa
Cercado por incertezas quanto a sua realização, devido à suposta má qualidade do ar em decorrência das queimadas ocorridas no país, o Aberto da Austrália 2020 encerra a sua 108º edição total, sendo a 52º da era aberta, com uma mescla de experiência e juventude.
No feminino, o tênis repleto de consistência e variação da estadunidense Sofina Kenin, derrubou o estilo mais agressivo da espanhola Garbine Muguruza, que mesmo contando com maior experiência em Grand Slam, não sustentou a vantagem após fechar o primeiro set, e levou um atropelo nas duas parciais seguintes.
Espantei-me com a frieza da norte-americana, que disputava a sua primeira final de torneios desta categoria, e mesmo com menor peso de bola que a adversária, soube balança-la no fundo de quadra, variando também com efeito slice para cortar o ritmo.
O momento chave da partida foi no quinto game do terceiro set, quando a parcial estava empatada em 2x2, e Kenin sacava em 0x40, porém, levantou o game com total ousadia, onde desferiu paralelas indefensáveis, disparando 5 winners consecutivos. Show time!
A partir de então, Muguruza se apequenou, e a conquista de Kenin passou a ser questão de tempo.
Coragem e ousadia na medida certa para lhe render o primeiro título de Grand Slam. Merecido.
Djokovic, monstro
Não há lugar no mundo onde o sérvio Novak Djokovic se sinta tão à vontade para jogar tênis como nas quadras do Melbourne Park.
Destaca-se que Nole (apelido do sérvio) jamais deixou de ganhar o torneio em todas as vezes em que chegou ao menos na semifinal, o que mostra o quanto ele cresce mentalmente nestas circunstâncias.
Nesta temporada de 2020, novamente ele fez valer a sua experiência, e embora tenha levado um susto daqueles, ao ver o austríaco Dominic Thiem virar o jogo para dois sets a um, mostrou porque tem provavelmente a melhor força mental do circuito.
Algo a se destacar é que, mesmo atrás do placar, e vendo a sua hegemonia em solo australiano ficar sob real ameaça, ele soube colocar os nervos no lugar, mesmo após um terceiro set apático. Os erros da base aos poucos foram diminuindo, assim como o saque voltou a ajudá-lo, embora tenha feito menor número de aces que o adversário, 9x13.
Interessante observar que, na maioria das vezes em que forçou a devolução de saque pelo lado direito de Thiem, que é o seu lado mais forte, o austríaco teve dificuldades para contra atacar.
Thiem tentou por muitas vezes utilizar o slice, que incomoda demais Djokovic, já que o sérvio nitidamente tem maior dificuldade em gerar potência nessas bolas sem peso, porém não se apressou e soube trabalhar bem as jogadas da base, e mesclar com subidas precisas à rede, mostrando o seu vasto repertório técnico.
Com o oitavo título no Aberto da Austrália, Nole não somente se distancia ainda mais como o maior campão do torneio, como recupera o posto de número 1 do mundo, que estava nas mãe do espanhol Rafael Nadal. De quebra, se coloca na disputa para ser o maior campeão de torneios Grand Slam, tendo agora 17 títulos contra 20 de Roger Federer e 19 de Rafael Nadal.
Outra marca que ele persegue é para entrar na briga para ser o tenista com maior reinado como número 1 do mundo, já que nesta segunda-feira inicia a sua 276º semana na liderança, estando bem próximo do segundo colocado, o norte-americano Pete Sampras, já aposentado do circuito, que teve 286, e de Roger Federer, um pouco mais distante, com 310.
Que monstro!
fotos: Twitter/AO
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