Em um país que até recentemente quem contraia lepra é bastante discriminado, Yasuji Hirasawa, ex-paciente da doença, participará do Revezamento da Tocha Olímpica para os Jogos de 2020, em Tóquio.
Hirasawa, de 92 anos, atualmente é o presidente do Sanatório Nacional de Lepra, localizado em Higashimurayama, um subúrbio a oeste da capital japonesa.
Até 1996 existia no Japão uma lei chamada de "Lei de Prevenção a Lepra", que também é conhecida como Hanseníase, criada em 1953. Até então, as pessoas que contraíram a doença eram segregadas e "escondidas" da sociedade em sanatórios. Esse costume era oriundo do Japão antigo, em que se consideravam os portadores de hanseníase abandonados pelos três tesouros: Buda, as leis e os monges.
Acreditava-se que a doença era hereditária e por isso as famílias também eram discriminadas e por isso, expulsavam os parentes portadores de casa.
Após a confirmação de que iria participar do Revezamento, Hirasawa, que contraiu a doença aos 13 anos, disse que: "Quero fazer essa oportunidade de que a hanseniase é curável." Ele assistiu a maratona dos Jogos de 1964 sozinho nas ruas. Os leprosos de outros países tinham permissão para assistir os eventos no estádio Olímpico, enquanto os japoneses doentes eram proibidos de entrar.
Sobre os Jogos de 1964, Hirasawa falou que: "Os Jogos estavam ao meu alcance, mas fui excluído. Foi frustrante."
Sobre o revezamento, ele falou que: "Participar do Revezamento da Tocha levará conforto a alma daqueles que morreram desapontados."
"É uma cruz muito pesada para carregar, mas eu quero levar a tocha olímpica com os pensamentos deles em meu coração", completou Hirasawa
O japonês levará a tocha dentro do sanatório que preside em 14 de julho.
Foto: The Nippon Foundation
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