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Skate America 2019 - Dia 2


Os favoritos não decepcionaram no dia decisivo do Skate America, primeira etapa do Grand Prix de Patinação Artística da temporada de 2019/2020. Em Pares, Cheng Peng e Yang Jin da China ficaram com o ouro, mesmo com um acidente durante o programa. No Individual Masculino, o norte-americano Nathan Chen (foto) teve uma vitória folgada. Em Dança no Gelo, Madison Hubbell e Zachary Donohue dos EUA venceram o duelo com os russos Alexandra Stepanova e Ivan Bukin e no Individual Feminino Anna Shcherbakova da Rússia, se concentrou, não errou, executou dois saltos quádruplos e ficou com o ouro.


Pares:
Os chineses Cheng Peng e Yang Jin confirmaram o bom resultado do programa curto em seu programa livre, e garantiram a medalha de ouro com 200.89 pontos na somatória final. A performance do fortíssimo programa longo de "Cloud Atlas" não foi limpa, e numa queda com colisão num salto triplo toe em lançamento, Peng colidiu com a barreira de limite da pista, machucando o tornozelo. Peng completou a performance com dor e saiu mancando, mae nas entrevistas após o evento não falou sobre a possível gravidade da lesão e preferiu comentar o resultado: a primeira medalha de ouro da dupla em etapa do Grand Prix após várias vezes terminando em segundo lugar: "Ganhamos várias pratas e ansiávamos por uma medalha de ouro. Nos esforçamos muito e esta medalha de ouro é como um novi início para nós, que esperamos levar além".

A prata ficou com os russos Daria Pavliuchenko e Denis Khodykin, que apostaram em um programa bastante original ao som de "Tron: Legacy" de Daft Punk e somaram 196.98 pontos. Um erro grave—queda na saída do lançamento triplo flip—derrubou a nota do elemento e a fluência da performance, o que se refletiu em uma nota de componentes mais baixa. Campeões mundiais júnior de 2018, o par encarou o resultado sem festas: "Foi uma performance boa, mas não a nossa melhor e eu tive um erro grande", comentou Paviluchenko, bastante séria. Kodykin ainda demonstrou alguma positividade: "Demos passos a frente em nossa patinação e elementos técnicos".

O bronze ficou com  Haven Denney e Brandon Frazier, dos EUA, que apresentaram um programa espetacular tanto na parte artística e quanto na criatividade da abordagem de elementos. Ao som de "O Rei Leão", com uma performance limpa e caprichada, realçada por levantamentos extremamente complexos e muita força interpretativa, a dupla ficou com a segunda melhor nota do Programa Livre, e avançou uma posição na somatória final.


Masculino:
Nathan Chen, dos EUA apenas confirmou a vitória do programa curto no Programa Livre, por uma margem folgada de 45 pontos. Com um programa pragmático, mas de valor de base altíssimo—Chen executou três de quatro saltos quádruplos programados, mais dois saltos triplo axel—o patinador somou 299.09 pontos. Chen mostrou-se mais satisfeito com essa performance do que com a do programa curto: "É a primeira etapa do Grand Prix da temporada, a minha primeira competição de verdade desde o Mundial, então foi bom mostrar os dois programas. Estou feliz com a pontuação, mas ainda tenho um monte de coisas para melhorar. No geral, um bom ponto de partida".

A medalha de prata ficou com o também norte-americano Jason Brown, que fez o grande momento artístico do dia, em uma intensa apresentação de "A Lista de Schindler". Brown, que é judeu, demonstrou todo um trabalho narrativo em expressão corporal sobre a tragédia dos campos de concentração nazistas da IIa Guerra Mundial de modo digno, emocionou a plateia e mesmo sem saltos quádruplos ganhou pontos na extraordinária qualidade da performance "Eu cresci aprendendo sobre o Holocausto e Oskar Schindler. Sempre quis me apresentar com o tema, mas entendia que teria que ser quando eu tivesse nível para isso, maturidade, quando estivesse realmente pronto". E completou: "Meu papel aqui foi fazer com que as pessoas refletissem sobre os eventos passados em 'A Lista de Schindler', não o de contar literalmente uma história".

O resultado também foi a superação para Brown de um momento difícil: ele ainda está se recuperando de uma concussão sofrida em um grave acidente de carro no final de agosto, época em que participava do campo de treinamentos especial da Federação de Patinação Artística dos EUA (USFSA) em Irvine, California. O acidente custou a Brown a participação nos eventos da Challenge Series deste ano: ele teve que abandonar o Nebelhorn Trophy na Alemanha, onde entraria como favorito absoluto ao ouro. A técnica de Brown, Tracy Wilson, comentou o ocorrido: "Os air bags do carro inflaram e ele estava com o cinto de segurança, graças a Deus". Brown explicou que ironicamente foi o compromisso esportivo que o salvou de complicações futuras: "Se tem algum lado bom nisso tudo é que aconteceu durante o campo de treinamentos da USFSA: assim eu tive os médicos da equipe dos EUA ali à disposição. Segui imediatamente os protocolos de controle de concussão e efeito rebote."

Dmitri Aliev, da Rússia não conseguiu repetir a mesma qualidade de seu programa curto, teve muitos erros e por pouco não deixou o pódio escapar: acabou conquistando o bronze, mas foi muito beneficiado pelos erros de Keegan Messing, do Canadá, que também não conseguiu o extraordinário desempenho do dia anterior. Messing, com uma performance muito instável ficou apenas na 8a. posição no Programa Livre e caiu para o quarto lugar na somatória final.


Dança No Gelo:
Mais do que uma definição de ouro: o dia da Dança Livre do Skate America serviu para delinear a que deve ser uma das grande rivalidades do momento na categoria: em um dia onde Madison Hubbell e Zachary Donohue dos EUA asseguraram mais uma medalha de ouro com uma performance rica, veloz e de extrema qualidade técnica, quem brilhou mesmo foram os russos Alexandra Stepanova e Ivan Bukin, que hipnotizaram a platéia com uma apresentação quente, extremamente forte e muito reativa, com uso mais constante e integrado de elementos técnicos de nível 4. Os russos ganharam o dia, mas acabaram penalizados pelas falhas na performance da Dança Rítmica: na somatória final ficaram com a prata, menos de 3 pontos atrás da dupla dos EUA.

O bronze ficou com Laurence Fournier Beaudry e Nikolaj Sorensen do Canadá, que com o resultado se consolida como uma das duplas competidoras mais surpreendentes e temidas do ano. Vindos de um ano de afastamento compulsório para readequação de nacionalidade—problema que custou a participação da dupla nas Olimpíadas de PyeongCheng onde defenderia a Dinamarca—Fournier Beaudry e Sorensen trocaram a burocracia do país escandinavo pelo Canadá, entraram como azarões no Nebelhorn Trophy de 2019, venceram com folga sobre competidores mais experientes com trabalho não interrompido e no Skate America puderam entregar duas performances sólidas, mostrando que os resultados não foram mera sorte: "Acho que uma medalha de Grand Prix é algo que sonhamos desde que começamos a patinar juntos. Fizemos grandes planos com objetivos elevados para esta temporada", disse Soresen em entrevista.

Feminino:
Anna Shcherbakova, da Rússia veio de um programa curto com muitos erros determinada a não falhar. No programa livre teve também a possibilidade de usar sua maior arma: era a única competidora que contava com saltos quádruplos Lutz em seu repertório técnico. Ela não desperdiçou a oportunidade: realizando dois quádruplos Lutz sem erro, mais três triplos com apenas pequenas falhas, saiu da quarta posição no programa curto para quase vinte pontos de vantagem no programa livre e na somatória final venceu mais de 10 pontos à frente de Bradie Tennell, dos EUA.

Tennell, que liderou o programa curto desta vez entregou uma performance no programa livre quase limpa, mas com elementos de menor valor e ainda bastante contida em expressão. A norte-americana reconheceu os problemas e disse que espera conseguir uma performance melhor na sua próxima etapa do Grand Prix, o Skate Canada, a ser disputado já na próxima semana: "A segunda combinação de triplo lutz-triplo toeloop foi um pouco frouxa, então quero consertar aquilo pelo menos um pouco. Também quero me soltar mais: indo para a próxima semana meu objetivo principal é só patinar com liberdade".

O bronze ficou com outra russa, Elizaveta Tuktamysheva. Uma das poucas mulheres que realiza saltos triplo axel consistentes, Tuktamysheva entregou uma excelente performance com dois saltos do tipo e mais quatro outros triplos limpos, mas não conseguiu superar a perda de pontos em pequenas falhas múltiplas do dia anterior, o que a impediu de avançar mais na classificação.

Todas as tabelas com resultados, agenda de apresentações em horário local e súmulas detalhadas de julgamentos do Skate America de 2019 estão disponíveis AQUI, no site oficial de resultados do evento.

Foto: API

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