O Brasil conquistou no último domingo (23.06), na Tailândia, os
títulos masculino, com Rafael/Renato (PB), e feminino, com
Vitoria/Victoria (RJ/MS) do Campeonato Mundial Sub-21 de vôlei de praia.
O feito, sem precedentes na história da modalidade, contou com um
planejamento de longo prazo e a manutenção da linha de trabalho, na
análise dos técnicos das seleções de base, Robson Xavier (masculino) e
Marcelo Carvalhaes (feminino).
As duplas convocadas realizaram períodos de treinamento intensivo no
Centro de Desenvolvimento de Voleibol (CDV), em Saquarema (RJ),
utilizando a mesma estrutura das seleções adultas de praia e quadra. As
ações tiveram apoio do Comitê Olímpico do Brasil (COB). Além disso, dos
quatro atletas campeões mundiais, três já haviam tido experiência em
mundiais de base anteriores, sendo preparados para o evento.
O técnico Robson Xavier comentou a importância das ações para buscar e
também lapidar novos talentos do vôlei de praia brasileiro.
“Renovação é imprescindível, é importante, e estamos há cerca de
quatro, cinco anos trabalhando seriamente com isso, com muitas ações e
foco. Buscando novos talentos e, principalmente, trabalhando com eles,
com investimento, com oportunidades em torneios internacionais, com
campeonatos de base. Todo esse processo é de suma importância para
nossos resultados em mundiais. Um processo de todas as mãos: comissão
técnica das seleções de base, centros de treinamento, atletas, CBV,
apoio da diretoria”, destacou.
Robson também lembrou a importância da continuidade. O campeão
Renato, por exemplo, foi convocado pela primeira vez aos 16 anos, ao
Mundial Sub-19 de 2016, quando foi campeão. Vitoria e Victoria, campeãs,
não haviam passado do classificatório em 2017, mas foram novamente
convocadas para subir desta vez ao lugar mais alto do pódio.
“Algumas vezes não conseguimos o resultado que queríamos de forma
pontual ou imediata, mas estamos também preparando esses jovens pensando
no futuro, para torneios seguintes. A derrota ensina muito. Muitas
vezes as pessoas pensam no resultado rápido, mas é necessário um projeto
de longo prazo para que as coisas deem resultado. Com continuidade e
seriedade é possível alcançar os resultados. Esperamos que esses atletas
sigam agora na categoria adulta buscando o espaço no cenário nacional e
internacional”, completou.
O técnico Marcelo Carvalhaes, o ‘Big’ também comentou o apoio com a
estrutura do CDV e para observação de atletas. Ele assumiu as seleções
de base femininas de praia em janeiro deste ano, dando continuidade ao
excelente trabalho realizado pela técnica Cida Lisboa, que pediu para
deixar o cargo. Big também destacou o comprometimento dos jovens.
“Temos que agradecer à CBV pela confiança e apoio que nos deu,
especialmente a mim. Dei continuidade ao excelente trabalho que vinha
sendo feito. Escolhemos como dupla principal duas defensoras e nos deram
tranquilidade para trabalhar. A equipe foi fantástica para que
tivéssemos toda a estrutura e um ambiente de união. As meninas foram
incríveis, são duas atletas com um talento imenso e que vão dar alegrias
também no adulto. Estamos sempre mostrando ao mundo que o voleibol
brasileiro é de técnica, tática, raça. Talvez nunca sejamos os mais
altos, mas o trabalho, técnica e estudo sempre farão a diferença”, disse
Big.
O técnico Robson Xavier, que também comanda a Associação Maringaense
de vôlei de praia (AMVP), esteve presente nas três conquistas do Mundial
Sub-21 em sequência – 2016, 2017 e 2019. Ele destacou o desempenho de
Rafael/Renato, que perdeu apenas um set em sete jogos, e já projetou os
próximos objetivos das seleções de base nos próximos anos, com o Mundial
Sub-19, em 2020, e os Jogos Olímpicos da Juventude, em 2022.
“Fico feliz por ter participado dessa sequência de três títulos, esse
tricampeonato histórico. Claro que o título é o objetivo, mas nosso
trabalho principal estava em levar os meninos bem preparados,
apresentando um ótimo voleibol e um padrão tático. Isso foi possível
pelo fato de eles terem um trabalho muito bom no CT Cangaço, na Paraíba,
são muito bem preparados", disse Robson, que completou.
"Espero poder continuar nesse projeto por muitos anos, pois não é
algo que acontece por acaso. É motivo de muito orgulho ver esse trabalho
aplicado aqui, somos a equipe a ser batida, chegar uma vez é mais
simples do que se manter seguidamente no topo. Sonho que em 2022 sejamos
campeões dos Jogos Olímpicos da Juventude no masculino, acho que é o
título que falta para nossa galeria, vamos trabalhar muito, com apoio da
CBV, do Comitê Olímpico do Brasil e dos patrocinadores para alcançar
também esse objetivo”, destacou.
As ações com foco na renovação continuam já neste mês. A CBV
realizará seletivas para observar jovens nascidos a partir de 2002 em
oito cidades do país: Belo Horizonte (MG), Brasília (DF), Fortaleza
(CE), Itapema (SC), João Pessoa (PB), Manaus (AM), Rio de Janeiro (RJ) e
São Paulo (SP). As observações feitas por técnicos e assistentes da
base seguem até agosto, em parceria com o Comitê Olímpico do Brasil
(COB) e federações locais.
Em fevereiro deste ano, a CBV já havia realizado um Laboratório de
Detecção de Talentos com 22 meninos e 20 meninas em Saquarema, durante
dez dias. Na oportunidade o foco estava em atletas já em atividade,
selecionados a partir de indicações regionais das federações, observação
dos técnicos das seleções de base nos Campeonatos Brasileiros
Interclubes e de Seleções (CBI e CBS)) e na disputa dos Jogos Escolares
Brasileiros de 2018.
Com as conquistas do último final de semana, o Brasil soma agora 16
títulos no Campeonato Mundial Sub-21, sendo nove ouros no feminino e
sete no masculino. Renato, que em 2017 foi campeão junto de Adrielson
(PR), se iguala a dois atletas olímpicos que também venceram duas vezes o
Campeonato Mundial Sub-21: Pedro Cunha (RJ) e Pedro Solberg (RJ).
Foto: FIVB
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