Na última semana, do dia 10 ao dia 14 de abril, foi realizado na Polônia, na cidade de Szczecin, o 8º Campeonato Individual de Ginástica Artística Europeu, que reuniu os melhores atletas da Europa e mostrou ao mundo como está o nível dos europeus, dando um indicativo também para o Brasil.
CATEGORIA MASCULINA
Entre os homens, a Rússia foi o grande destaque. O país conseguiu cinco ouros dos sete em disputas. Mostra que vem com uma equipe forte para disputar o mundial desse ano e, principalmente, as olimpíadas de Tóquio, para a qual já conseguiu vaga, desde o ano passado. Os únicos ouros que os russos “deixaram escapar”, foram conquistadas por lendas do esporte: Epke Zonderland (NED) na barra fixa e Max Whitlock (GBR) no cavalo com alça. Ambos são ou já foram campeões mundiais e olímpicos nos respectivos aparelhos.
Os russos, que deixaram escapar o ouro no mundial de Doha/2018, por equipes, por menos de 0.100, podem dar ainda mais trabalho para os asiáticos China e Japão.
Individual Geral
No individual geral, ouro e prata foram para os russos com uma ampla margem para o medalhista de bronze. Foram mais de 3 pontos de distância. O russo Nikita Nagornyy, que foi medalhista de bronze no individual geral em Doha/2018, fez uma pontuação que lhe daria o ouro no mundial. Olho nele! Seu companheiro, Artur Dalaloyan, atual campeão mundial, também melhorou sua nota em relação à Doha/2018, mas não o suficiente para superar Nagornyy.
Boa surpresa foi o cipriota Marios Georgiou em terceiro. Ele foi o décimo lugar no último mundial e melhorou mais de 2 pontos a sua nota final.
1º Nikita Nagornyy (RUS) – 88.665
2º Artur Dalaloyan (RUS) – 87.832
3º Marios Georgiou (CYP) – 84.398
Solo
Campeão mundial no aparelho em Doha/2018, Dalaloyan não teve problemas para repetir o feito no europeu, fazendo ainda mais bonito. Melhorou em 0.200 a nota do mundial. Artem Dolgopyan chegou às finais no último mundial, quando ficou em quinto, melhorou sua nota e garantiu a prata para seu país no europeu. Nome forte. O bronze ficou com Dmitrii Lankin, que é coadjuvante em meio a tantas estrelas no time russo, mas mostra ser peça importante para equipe.
1º Artur Dalaloyan (RUS) – 15.100
2º Artem Dolgopyan (ISR) – 14.900
3º Dmitrii Lankin (RUS) – 14.800
Cavalo com Alça
Notaça! Max Whitlock, atual vice-campeão mundial no exercício, fez uma apresentação quase impecável e, com sua nota, seria campeão mundial em Doha. Atual ouro olímpico, mostra que está na briga. Cyril Tommasone (FRA), experiente ginasta francês especialista no cavalo com alças, fez uma excelente nota para fica com a prata. No mundial passado, chegou às finais. Vladislan Polyashov completou o pódio, marcando a presença russa, também com pontuação de final de mundial.
1º Max Whitlock (GBR) – 15.533
2º Cyril Tommasone (FRA) – 14.800
3º Vladislan Polyashov (RUS) – 14.600
Argolas
Denis Ablyazin é nome experiente da ginástica russa. Com 26 anos de idade, têm três medalhas em mundiais e foi campeão europeu oito vezes. Sua nota na Polônia o garantiria no pódio em Doha. Marco Lodadio surpreendeu a todos com o bronze no mundial do ano passado, mas agora vem consolidando seu nome entre as boas promessas na argola. Ficou com a prata no europeu. Vahagn Davtyan, da Arménia, ficou com o bronze na competição e não dá pra dizer que foi surpresa. O armeno foi finalista no último mundial, quando terminou em 6º.
Nenhuma nota nas argolas foi superior a feita por Arthur Zanetti no mundial. Eleftherios Petrounias, que domina o aparelho há anos e que venceu as últimas quatro edições europeias, não esteve presente para defender seus títulos devido a uma cirurgia no ombro após o mundial de Doha, em novembro passado.
1º Denis Ablyazin (RUS) – 14.966
2º Marco Lodadio (ITA) – 14.966
3º Vahagn Davtyan (ARM) – 14.933
Salto
Novamente um russo no alto do pódio. Novamente Denis Ablyazin. O Russo teve um desempenho excelente. Sua nota seria suficiente para o ouro no mundial do ano passado. Andrey Medvedev (ISR), de 29 anos, surpreendeu. Embora finalista na última edição do europeu, o israelense nunca havia medalhado em uma competição desse porte. A pontuação o daria a medalha de bronze no mundial. Quem completou o pódio foi Artur Dalaloyan, favorito da prova. O russo foi medalhista de prata em Doha e ficou com nota inferior ao que fez no mundial.
1º Denis Ablyazin (RUS) – 14.950
2º Andrey Medvedev (ISR) – 14.699
3º Artur Dalaloyan (RUS) – 14.533
Barras Paralelas
O campeão do individual geral teve um ótimo desempenho. Digno de medalha em mundial. E olha que o russo sequer alcançou a final em Doha. O resto do pódio surpreendeu. Petro Pakhniuk (UKR) e Ferhat Arica (TUR), sem grandes resultados no currículo, até então, deixaram pra trás grandes nomes do esporte, como Artur Dalaloyan (bronze no mundial e atual campeão europeu) e Oleg Verniaiev (ouro olímpico e campeão mundial em 2014, além de ser o atual medalhista de prata mundial).
1º Nikita Nagornyy (RUS) – 15.466
2º Petro Pakhniuk (UKR) – 15.333
3º Ferhat Arican (TUR) – 15.033
Barra Fixa
Se houve surpresas nas barras paralelas, não se pode dizer o mesmo das barras fixas. Atual campeão mundial, Epke Zonderland é uma lenda em atividade e ficou, mais uma vez, com o ouro. Vem forte para o mundial deste ano e para os Jogos de Tóquio. Carimba favoritismo. Tin Srbic, croata, é outro grande ginasta no aparelho. Campeão do mundo em 2017, em Montreal, bateu na trave em Doha. Ficou na quarta posição na ocasião. Aqui, medalha de prata.
Quanto a Artur Dalaloyan, medalhista de bronze no europeu, no último mundial a barra fixa foi uma mistura de amor e ódio. Na final do individual geral, foi o último aparelho disputado e garantiu a medalha de ouro para o russo. Mas na final do exercício, uma queda o deixou em último.
1º Epke Zonderland (NED) – 15.266
2º Tin Srbic (CRO) – 14.900
3º Artur Dalaloyan (RUS) – 14.800
E se os brasileiros participassem do europeu?
A ginástica masculina, que teve bons ciclos por equipe, agora passa por um período que inspira maior atenção. Tendo como parâmetro os resultados do último mundial, os brasileiros não teriam ido tão bem no europeu. Caio Souza, 13º no individual geral em Doha, com a mesma nota, repetiria a 13ª colocação.
Levando em consideração as notas dos brasileiros na final por equipes no mundial, apenas Arthur Zanetti medalharia na Polônia. Seria ouro nas argolas, sem o grego Eleftherios Petrounias.
CATEGORIA FEMININA
Entre as mulheres, o que se viu foi um excelente desempenho da França, que tende a se aproximar do bolo que briga por fora pelo pódio por equipes. Mélanie de Jesus dos Santos foi a grande estrela. 3 medalhas no europeu, sendo duas de ouro. A Rússia não foi tão bem quanto de costume. Com atletas que estiveram no Rio/2016 e em Doha/2018, esperava-se mais. Mesmo assim, garantiram duas medalhas de ouro. Com ótimo time masculino nos últimos anos, a Grã-Bretanha também mostrou evolução entre as mulheres.
Individual Geral
6º lugar no mundial de Doha, Mélanie de Jesus dos Santos tem nome brasileiríssimo, mas é descendentes de portugueses. Ela tem 19 anos e tem um grande potencial. Está em evolução e pode surpreender no próximo mundial com boas performances. Mesmo assim, fez uma pontuação inferior do que fez em Doha. A vitória no europeu foi apertadíssima, com a diferença de menos de 0.100 para a vice-campeã, a britânica Ellie Downie. O bronze ficou com Angelina Melnikova, que foi 5º no último mundial.
1º Mélanie de Jesus dos Santos (FRA) – 55.433
2º Ellie Downie (GBR) – 55.365
3º Angelina Melnikova (RUS) – 55.065
Salto
Com nota de medalhista mundial, Maria Paseka garantiu o ouro para a Rússia. Mesmo assim, a apresentação de um dos saltos (Chang) teve falhas graves. A francesa Coline Devillard, de apenas 18 anos, mostrou que a França tem a melhorar suas colocações em grandes competições. Prata pra ela. Em terceiro, Ellie Downie deu mais uma alegria para a Grã-Bretanha.
1º Maria Paseka (RUS) – 14.516
2º Coline Devillard (FRA) – 14.450
3º Ellie Downie (GBR) – 14.316
Barras Assimétricas
Sempre fortes nas barras assimétricas, as russas fizeram dobradinha. A nota de Anastasia Ilyankova, medalhista de ouro, seria suficiente para roubar a prata da Simone Biles em Doha. Angelina Melnikova ficou com a medalha de prata e a italiana Alice D’Amato com o bronze. A campeã mundial, a belga Nina Derwael, não esteve no europeu.
1º Anastasia Ilyankova (RUS) – 14.833
2º Angelina Melnikova (RUS) – 14.533
3º Alice D’Amato (ITA) – 14.400
Trave de Equilíbrio
Na trave de equilíbrio, a britânica Alice Kinsella fez bons 13.566 para ficar com o ouro. Essa nota não traria medalha no último mundial, mas seria suficiente para levar a ginasta à final. O pódio foi completado por francesas: Mélanie de Jesus dos Santos com a prata e Lorette Charpy com o bronze.
1º Alice Kinsella (GBR) – 13.566
2º Mélanie de Jesus dos Santos (FRA) – 13.466
3º Lorette Charpy (FRA) – 12.900
Solo
Mélanie de Jesus dos Santos, dessa vez, garantiu sua segunda medalha de ouro, agora no solo. Nota de finalista mundial, a francesa ganha impulso para o mundial do segundo semestre. Eythora Thordottir (NED) e Angelina Melnikova (RUS) completaram o pódio.
1º Mélanie de Jesus dos Santos (FRA) – 13.833
2º Eythora Thorsdottir (NED) – 13.666
3º Angelina Melnikova (RUS) – 13.466
E se a Rebeca Andrade disputasse o europeu?
Não podemos deixar de comparar as recentes notas de Rebeca Andrade na competição DTB-Pokal, em que as brasileiras se sagraram campeãs. Sabemos que as europeias sempre vão fortes às competições de ginástica e podem ser parâmetro para o futuro da nossa brasileira.
E Rebeca faria bonito entre as europeias.
No salto, Rebeca fez 14.800 na DTB-Pokal, suficiente para ser ouro no europeu. O 13.433, da trave, lhe daria o bronze no aparelho. Os ótimos 14.133 deixariam Rebeca com o ouro no solo e o 14.566 das barras assimétricas faria a brasileira levar a prata na competição. E mais: o total de 56.932 pontos conquistados no DTB-Pokal daria o ouro para Rebeca Andrade no individual geral do europeu, com 1.5 de vantagem para a segunda colocada. Boas perspectivas, não!? Assim, Rebeca, se disputasse o europeu e repetisse suas notas, sairia com 3 medalhas de ouro, uma de prata e uma de bronze. 100% de pódio.
Fotos: Divulgação
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