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USA Gymnastics pede falência e tenta evitar seu desligamento do Comitê Olímpico dos EUA

A USA Gymnastics (USAG), órgão representante das modalidades de Ginástica nos EUA, entrou nesta quarta-feira com um pedido de falência junto à Côrte de Insolvências do Distrito Sul do estado de Indiana. 

O pedido, feito pela atual presidente da USAG Kathryn Carson, eleita há uma semana, seria uma tentativa de re-estabilizar a entidade e responder às mais de 350 queixas judiciais diversas que o órgão responde por conta do escândalo de mais de 250 abusos sexuais cometidos pelo médico Larry Nassar, que atuou na USA Gymnastics de 1996 a 2014. Segundo Carson, o pedido de falência não se trata de uma liquidação, e sim uma reorganização e resposta às vítimas, que até agora não tiveram uma resposta satisfatória da entidade: "Devemos aos sobreviventes resolver, completa e finalmente, as acusações baseadas nesses atos horríveis do passado." Segundo a presidente, o pedido de falência pode acelerar o pagamento de indenizações.

O meio esportivo dos EUA tem cobrado agilidade em se encontrar uma solução para a crise da ginástica, especialmente num momento particularmente delicado: falta pouco mais de um ano para os Jogos Olímpicos de 2020, em Tóquio, onde era esperada outra grande atuação da equipe do país. 

O escândalo teve profundo impacto nas contas da USA Gymnastics: desde a divulgação dos casos de abusos sexuais cometidos por Larry Nassar em 2016, patrocinadores abandonaram a entidade, que mesmo ante ao iminente colapso financeiro se mostrou incapaz tanto de lidar tanto com os processos criminais quanto com sua própria confusão interna, não conseguindo manter nem sua diretoria e nem um presidente por mais do que alguns poucos meses, alguns não tendo chegado a dez dias no exercício do cargo.

A solução encontrada, no entanto, foi vista com reprovação pelos advogados que representam a acusação. O pedido de falência da USA Gymnastics teria sido feito com base no relatório de auditores que estimam o valor dos processos entre US$75 milhões e US$150 milhões, valor considerado pela acusação como "ridiculamente baixo". Com base nesses valores, Carson espera pagar as vítimas com seguros da entidade que ainda estão sendo negociados, e afirmou que esses pagamentos não devem ser afetados pelo pedido de falência. No pedido, a organização listou seu balanço de contabilidade como tendo US$ 50 milhões em ativos e US$ 100 milhões em passivos, valores insuficientes para cobrir indenizações.

Outra possível consequência do pedido feito pela USA Gymnastics, segundo os advogados de defesa envolvidos no caso seria a paralisação do pedido de descredenciamento da entidade junto ao Comitê Olímpico dos EUA (USOC), processo já iniciado em novembro pela entidade, conforme carta aberta da presidente do USOC, Sarah Hirshland. Segundo Kathryn Carson, a manobra judicial irá pelo menos atrasar os esforços de descredencamento, e se justificaria: "Sempre tivemos um diálogo em curso com eles (USOC) e queremos deixar claro que temos ainda muito para falar e queremos manter isso fluindo."

O porta-voz do USOC, Patrick Sandusky no entanto discorda,e disse que o processo de descredenciamento da USA Gymnastics deve seguir com ou sem o pedido de falência:  "Enquanto entendemos que a USAG acredita que essa reestruturação vai começar a resolver as deficiências que nós identificamos, o pedido não tem efeito na nossa queixa e o processo deve seguir adiante."

O advogado John Manly, do escritório Manly, Stewart & Finaldi que representa várias vítimas de Larry Nassar disse que a decisão da USA Gymnastics pode significar um passo atrás na investigação e punição dos responsáveis pelo escândalo: "Esse pedido de falência vai por em suspenso todos os processos feitos pelas sobreviventes de Nassar e seus atuais esforços em descobrir a verdade sobre quem na USA Gymnastics e no Comitê Olímpico dos EUA sabia sobre a conduta criminal de Nassar e falhou em detê-lo". O advogado também declarou que "a liderança da USA Gymnastics provou ela mesma estar falida moralmente e se mostrou incapaz de cumprir suas obrigações como órgão de representação olímpica."

Do mesmo escritório, o advogado senior Stu Mollrich declarou que sua firma representa clientes com 215 queixas contra a US Gymnastics, e estima que existam de 350 a 400 queixas em todo o país.

Foto: AP




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