Os primeiros passos de Jimmy Dreher de Oliveira no esporte foram bem
longe da bola de basquete. Apesar de ter um jogador dentro de casa, o
ala de 28 anos, que acaba de trocar Mogi das Cruzes por Franca, cismou
em ser goleiro. O futuro debaixo das traves não parecia promissor e,
depois de ver o irmão mais velho arranjar uma cesta no meio da rua para
tentar seguir os passos do pai, Jimmy resolver deixar a teimosia de lado
e tentar a sorte. A brincadeira deu certo e os primeiros arremessos em
Joinville (SC) no início dos anos 2000 deram fruto. Após passagens por
Seleções B e C, uma Copa América frustrada e de tomar do rival Alex
Garcia o título de melhor defensor do país nas últimas duas temporadas, o
jogador chegou aonde sempre sonhou.
- Vestir a verde e amarela sempre foi um sonho, mas quando comecei lá
em Joinville sabia que estava muito longe. Eu via Leandrinho, Varejão,
Splitter na TV, os caras da Seleção, e queria chegar lá com eles. Mas
quando você é mais jovem e ainda muito cru não sabe se vai chegar. Tive a
ajuda de caras como Rafael Mineiro, Fúlvio, Renato e o Matheus,
principalmente, que foi como um pai para mim, e as coisas foram dando
certo. Minha primeira vez na Seleção foi em Caracas, num Sul-Americano
com o Gustavinho, um ano antes das Olimpíadas - lembrou o novo reforço
de Franca.
Coincidentemente ou não, a estreia na seleção principal será na mesma
cidade. Um dos 15 jogadores chamados pelo técnico Aleksandar Petrovic
para os jogos válidos pela terceira janela das classificatórias das
Américas para a Copa do Mundo FIBA 2019, Jimmy acredita que sua
convocação foi um prêmio por sua dedicação e qualidade na defesa. O
primeiro jogo será disputado nesta sexta, dia 29 de junho, contra a
Venezuela, e o segundo, dia 2 de julho, diante da Colômbia.
Eleito o melhor defensor das duas últimas temporadas do NBB, Jimmy
desbancou ninguém menos que Alex Garcia, dono de oito dos últimos dez
prêmios.
- Brinquei com o Alex quando ele ganhou o sétimo prêmio seguido que
ia roubar o posto dele e consegui. Meu pai sempre me falou que o melhor
ataque no basquete é a defesa, e eu cresci com isso na cabeça. Acho que
em Mogi, nos dois anos com o Paco Garcia, aprendi muito e também sofri
muito até entender o que ele queria. Mas ele me deu alguns atalhos na
defesa e me usou muito bem para marcar quem estivesse sempre pontuando
muito. Fui aproveitando os minutos, comecei a pontuar e me tornei um
jogador mais completo. Acho que estou na Seleção hoje principalmente por
ser um excelente marcador - reconheceu.
Embora a Seleção tenha realizado o sonho de Jimmy de atuar com
jogadores que ele só assistia pela televisão, como o pivô Anderson
Varejão, por exemplo, o ala de Franca sempre teve outro objetivo tão
desejado como vestir a camisa verde e amarela.
- Tinha um sonho de jogar o universitário nos EUA, mas nunca tive
chance. Sempre batia na trave, mas não consegui - disse Jimmy, que vai
encerrar a carreira sem realizar outro desejo.
- Um cara que eu sempre quis ter jogado junto foi o Marcelinho Machado, que infelizmente se aposentou.
Se o ex-capitão rubro-negro não poderá mais estar do seu lado dentro de
uma quadra, Hettsheimeir, seu mais novo companheiro em Franca e outro do
seleto grupo que Jimmy sempre sonhou em jogar junto, estará com ele em
Caracas. E desta vez na seleção principal.
- Estar na seleção B ou C já é muito bom. Se estiver na C, por
exemplo, significa que você já está entre os 36 melhores jogadores do
país e isso já é uma grande evolução. Mas o reconhecimento de estar na
principal é muito bom e eu tenho que trazer esse peso de melhor
marcador. Logo no primeiro treino o Petrovic brincou e disse que queria
ver se eu era mesmo o melhor do país (risos). Mas isso é bom, porque
acaba se tornando um desafio para mim. Não é a primeira vez que estou na
Seleção, mas a primeira que estou na principal. Aquele nervosismo e
ansiedade já acabaram e não existem mais. Sei que estou bem e tenho que
aproveitar para dar o máximo - afirmou o ala.
Sobre o próximo jogo, Jimmy acredita que a Seleção Brasileira tem
tudo para repetir a boa atuação diante da Venezuela no Rio de Janeiro,
na segunda partida da primeira janela das classificatórias, e vencer
nosso principal adversário no Grupo B fora de casa.
- Sabemos que os venezuelanos gostam de volume e de correr, mas o
Brasil mostrou superioridade durante os 40 minutos na vitória da
primeira janela. Temos que ir lá na casa deles e fazer a mesma coisa que
fizemos em casa - concluiu Jimmy.
Foto: CBB
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