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Reportagem revela 42 acusações de abuso sexual contra técnico de ginástica Fernando de Carvalho Lopes

Em matéria exibida pelo 'Fantástico' da TV Globo, foi revelada uma investigação em que 42 ginastas e ex-ginastas- todos do sexo masculino-  revelam terem sido vítimas de abusos físicos, morais e sexuais pelo técnico Fernando de Carvalho Lopes, feitos entre 2001 e 2016. Os abusos aconteciam no local onde o técnico trabalha, no MESC (Movimento de Expansão Social Católica), localizado em São Bernardo-SP, local que se tornou referência em ginástica artística no Brasil. 

Fernando integrava  a seleção brasileira de ginástica artística no ciclo dos Jogos Rio 2016-  Treinava Diego Hypólito e Caio Souza - e foi afastado sem explicações um mês antes das olimpíadas, sem explicação. Agora revelou-se que ele responde uma acusação de abuso sexual por um ginasta de 13 anos de idade que o denunciou a polícia. 

Com isso, iniciou-se uma investigação que corre em segredo de justiça há quase dois anos, sem nenhum resultado aparente. O único ginasta que não pediu anonimato foi Petrix Barbosa, que começou a carreira de ginasta no MESC e foi abusado dos 10 aos 13 anos, quando se mudou para São Caetano.

"O que mais fazia comigo era todo dia tentar molestar, esse sufoco, essa pressão psicológica para um moleque de 10 anos. Banho junto, espiar. Dormir na cama comigo quando eu não queria. Já acordei com ele, não sei quantas vezes, com a mão na minha calça e eu conseguia tirar e dormir porque eu não ficava parado. Teve gente que não conseguiu ter as mesmas reações que eu. E eu não quero que aconteça mais" disse Petrix Barbosa, medalha de ouro no Pan de Guadalajara por equipes e que atualmente treina nos Estados unidos.

E os ginastas quando não desistiam da carreira, se mudavam para São Caetano, outro pólo de ginástica em São Paulo e sofriam bullying, pois as atitudes de Fernando já eram conhecidas pelo meio da ginástica. E o principal acusado de fazer piadas com os ginastas vindos de São Bernardo é o atual técnico da seleção brasileira de ginástica, Marcos Goto:

"Quando mudei para São Caetano, todos os técnicos sabiam. Os técnicos todos faziam piadas. Uma piada ou outra alguns faziam. Mas o Marcos (Goto) chacoteava bastante. Ele chacoteou bastante as pessoas. Por que em vez de fazer piada, ele não fez alguma coisa para ajudar? " contou uma vítima que não quis se identificar.

Marcos Goto não se pronunciou sobre o assunto até o momento. Já Fernando de Carvalho Lopes negou as acusações:

"Nunca fui um técnico legal. Eu fui um técnico sempre muito rigoroso, às vezes até demais. E acho que por outro lado eu tive um problema de ser um cara que muitas vezes misturei, de achar que eu era mais do que um técnico. Acho que eu podia ser um amigo, podia ser um pai, que podia ser qualquer outra coisa. Então, isso talvez tenha dado uma margem de interpretação errada para cada um deles. Mas a ponto desse tipo de acusação, eu não tenho o que falar, eu acho que eles vão ter que provar. Eu sei que eu tenho minha consciência limpa no que diz respeito que eu nunca estuprei, que eu nunca molestei ninguém, num intuito como está sendo colocado, entendeu?" disse.

O MESC só afastou Fernando de suas atividades no clube nesta segunda (30), após a reportagem: "Considerando a gravidade das acusações que recaem sobre o colaborador Fernando de Carvalho Lopes, veiculadas pela mídia na data de ontem, o clube MESC, por meio de sua administração, resolveu reforçar as cautelas anteriormente adotadas e determinou o afastamento do colaborador em questão de todas suas atividades nas dependências do Clube, até o final da apuração dos fatos pelas autoridades competentes. Reiteramos nosso compromisso com a segurança e bem-estar de nossos associados e visitantes" disse o clube em nota.

Questionado pela demora em resolução do processo, o Ministério público afirma que a demora se dá por muitas das vítimas estarem longe de São Paulo ou fora do país, e teriam que fazer o seu depoimento por carta precatória. 


foto: Ricardo Bufolin/CBG

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