Por Juvenal Dias
Acabou! As últimas competições dos Jogos Olímpicos de
Inverno de PyeongChang 2018 tiveram seus campeões coroados, todos com um fator
em comum: serem mais tradicionais nas modalidades que seus adversários. Assim,
se encerra mais uma edição de Olimpíada, faltando apenas a comovente cerimônia
de encerramento.
Hoje tivemos apenas cinco eventos. Começamos o dia com
Curling Feminino, seus momentos finais foram divididos com o Bobsled 4-man.
Depois um evento de celebração, sem medalhas, a Patinação Artística de Gala,
com todos os vencedores em exibições bem mais descontraídas. Um jogo
eletrizante de Hóquei masculino não nos deixou dormir e, para concluir, Esqui
Cross-Country feminino 30km largada em massa.
No Curling, havia uma empolgação muito grande dos coreanos
com a expectativa de ganhar seu último ouro em casa, justificada pela excelente
campanha até então com uma derrota na primeira fase e primeira colocação geral.
Mas a Suécia é muito mais experiente em competições internacionais e chegadas
em momentos decisivos. Isso já quase tinha pesado na semifinal, contra o Japão.
Na partida derradeira, ficou evidente o nervosismo e a falta de cancha para
lidar com momentos importantes. Muitos erros pequenos nos finais de ends foram
somando pontos para as suecas e culminou no 8 a 3 encerrado antes do décimo
turno. De qualquer forma, uma medalha de prata inédita, para quem nunca tinha
chegado às finais, inclusive tinha terminado em último há quatro anos. Por
outro lado, fantástica atuação da Suécia, que levam o tricampeonato. Em todas
edições somam três ouros, uma prata e um bronze.
O Bobsled masculino é amplamente dominado pela Alemanha. Com
exceção da última edição, figuraram no pódio de quartetos com pelo menos um
trenó desde os Jogos de 1972, em Sapporo, no Japão. Dessa vez não foi
diferente. Com direito a dobradinha nas duas primeiras posições, mostram o
tamanho de sua força no esporte. Vale a pena ter duas das quatro pistas
permanentes no mundo para treinar e se aprimorar dentro de seu território. A
Coreia do Sul quase se intrometeu no meio, terminou empatada em segundo,
dividindo uma prata que foi mais celebrada do que a do Curling. Neste momento,
os alemães somavam sua 14ª medalha de ouro nos Jogos e assumia a liderança do
quadro geral, igualando o recorde do Canadá, em Vancouver-2010.
Quem pensou em ter um descanso na madrugada, acordou com um
jogasso de Hóquei. De um lado, uma Alemanha, que vinha como zebra, poucos
apostariam que nem Estados Unidos, nem Canadá fariam a final, mesmo sem atletas
da principal liga (NHL). Do outro, os Atletas Olímpicos da Rússia, que vinham
mordidos de Sochi-2014, que não disputaram sequer o bronze em casa, e vieram
com força total objetivando essa conquista. Mas o jogo foi muito mais duro do
que se esperava. Os russos abriram um a zero, a poucos segundos de terminar o
primeiro período. Os alemães não se abalaram e recuperaram a igualdade no
placar duas vezes. Chegaram a virar o jogo em 3 a 2, com um sistema pragmático,
do mesmo estilo que funciona seu futebol. Os russos tiraram o goleiro no final
e conseguiram um heroico 3 a 3 para levar à prorrogação. Nela, foram
implacáveis, se aproveitando de uma punição aos adversários e sucumbiram os
alemães com o gol de ouro. Nenhum dos países tinha o ouro em sua história,
porém a ex-União Soviética já teve oito campeonatos em Olimpíadas, contra
apenas um bronze. Seria o segundo ouro do país, caso a nação estivesse
figurando no quadro.
Para fechar as competições no mais alto nível, no melhor
estilo, com esquis de ouro, o maior nome da história olímpica de inverno, Marit
Bjoergen, da Noruega, deleitou nossos olhos com sua última conquista na
história dos Jogos. Nada mais tradicional que a maior medalhista de todos os
tempos vencer novamente. Marit mostrou grande forma física ao arrancar com
menos de 2km de prova percorrida e só ampliou sua vantagem até a linha de
chegada no Esqui Cross-Country feminino prova de 30km largada em massa. Ester
Ledecka vai ter que dividir o posto de maior nome desta edição olímpica.
Afinal, uma mulher de 37 anos, que interrompeu seu último ciclo olímpico para
ser mãe, ou seja, parou de treinar durante um ano, pelo menos, conquistar sua
quinta medalha na Coreia, a décima quinta no total, seu segundo ouro, o oitavo
da carreira, não é todo dia que acontece. Que maneira extraordinária de
terminar as competições. Ainda será coroada durante a cerimônia de
encerramento, mas a imagem dela sendo carregada e ovacionada pelas outras
esquiadoras de seu país, já traz a dimensão do seu legado e de seu feito. Como
se não bastasse, ainda deu a vitória para seu país no quadro de medalhas,
igualando os 14 ouros, mas vencendo em pratas (14 a 10) e bronzes (11 a 7).
Agora restam as lembranças de uma grande edição de Jogos
Olímpicos, a saudade de ver tantas histórias boas e o choro da despedida com a
cerimônia de encerramento.
Foto: Getty Images
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