Após a ginasta McKayla Maroney revelar que foi mais uma das
dezenas de vítimas que sofreram abuso sexual do médico da Confederação de
Ginástica dos Estados Unidos (USA Gymnastics), Larry Nassar, hoje foi a vez de
uma outra campeã olímpica do país a denunciar o médico. Aly Raisman, de 23
anos, revelou em entrevista que também sofreu abusos do médico que já tem mais
de 140 acusações de ginastas e ex-ginastas. Aly foi companheira de equipe de
Maroney nas Olimpíadas de Londres, quando foram medalha de ouro com o quinteto
que ficou conhecido como “Fierce Five” (Quinteto Feroz). Aly ganhou ainda
outras 5 medalhas ao longo das Olimpíadas de Londres e do Rio de Janeiro, sendo
ouro no solo de 2012 e por equipes em 2016, prata no individual geral e solo no
Rio de Janeiro e bronze na trave em Londres.
Aly Raisman confirmou o abuso em uma entrevista ao 60
minutos, programa do USA Today, que deverá ir ao ar no domingo à noite, nos Estados Unidos. Três vezes
medalhista de ouro e capitão das equipes olímpicas de 2012 e 2016, Raisman
também o escreveu sobre o ocorrido em seu livro, Fierce, que será lançado na
próxima semana. "Estou com raiva. Estou realmente chateada. Eu vejo essas
jovens que vêm até mim, e eles pedem fotos ou autógrafos, seja lá o que for...
Eu só quero criar mudanças para que nunca tenham que passar por isso",
disse a atleta em um dos trechos da entrevista.
A revelação de Raisman ocorre um mês depois da denúncia
feita por McKayla Maroney, que sofreu por anos com os abusos de Nassar, começando
apresentou para dizer que ela foi abusada por Larry Nassar por vários anos,
começando quando tinha 13 anos. Entre os vários abusos que sofreu, Maroney
contou que dois deles aconteceram em Londres, durante as Olimpíadas. Um deles
antes de a equipe conquistar a medalha de ouro e o segundo antes da final de
salto, onde ganhou a medalha de prata. Uma terceira atleta olímpica, medalhista
de bronze em Sydney 2000, Jamie Dantzscher, também disse que foi abusada por
Nassar.
Já são mais de 140 mulheres que afirmaram terem sido
abusadas sexualmente pelo ex-médico da USA Gymnastics, sob o pretexto de
tratamento médico. Nassar foi o médico da equipe de ginástica dos Estados
Unidos por quase 20 anos, começando em 1996. Ele foi demitido pela USA
Gymnastics no verão de 2015, mas a federação esperou cinco semanas antes de
alertar o FBI. Na entrevista que vai ao no domingo Raisman contou que se
encontrou com o FBI após as Olimpíadas de Rio.
A ginasta criticou abertamente a forma como a ginástica dos
Estados Unidos tratou as denúncias contra Nassar, bem como outras alegações de
abuso sexual. A Indianapolis Star, parte da rede USA TODAY, fez um levantamento
com mais de 360 casos nos quais as ginastas acusaram treinadores nos Estados
Unidos de transgressões sexuais ao longo de 20 anos. a maioria das vítimas eram
de meninas ainda abaixo da maioridade. "Não
importa se você é o campeão olímpico ou se você é uma menina de 8 anos que vai
a ginástica em Ohio, ou onde quer que esteja nos Estados Unidos. Cada criança é
importante, e eu quero que a ginástica dos Estados Unidos faça um trabalho
melhor com isso", disse Raisman em uma entrevista conjunta com o USA Today
Sports e a The Associated Press em agosto, quando ela e suas cinco companheiras
de equipe do Rio foram introduzidas no Hall da Fama da US Gymnastics.
Na ocasião Raisman recusou-se a detalhar suas interações com
Nassar, dizendo que queria manter o foco no escândalo e seu impacto geral. "É
importante falar por algo e está certo. É a coisa certa. Mais pessoas precisam
falar sobre isso e só sinto que não está recebendo atenção suficiente no
esporte. Isso é o que me incomoda. Quero que essas jovens garotas saibam. Nunca
deveria ter acontecido e acho que isso precisa ser discutido mais”, disse
Raisman.
No Campeonato Mundial de 2011, Maroney disse que Nassar
ministrou um remédio quando ela ainda estava no avião, indo para Tóquio. Ela
apagou e quando acordou estava na cama de Nassar no hotel, recebendo “um
tratamento”. Ela tinha apenas 15 anos e disse ter acreditado que iria morrer
naquele instante. Para ela foi o pior dos abusos de Nassar.
Nassar foi preso depois que a polícia federal encontrou
pornografia infantil em seus computadores. Ele se declarou culpado dessas e
deverá pegar de 22 a 27 anos de prisão, em julgamento que deverá ocorrer em 7
de dezembro. Ele também enfrenta 33 acusações formais de conduta sexual
criminosa em Michigan, mas nega essas acusações.
O escândalo de abuso sexual ocorrido sob as vistas da USA
Gymnastics culminou com a expulsão do CEO da ginástica dos Estados Unidos,
Steve Penny, que renunciou em março sob pressão do Comitê Olímpico dos país
(USOC). A USA Gymnastics anunciou nesta semana que Kerry Perry, anteriormente
vice-presidente de desenvolvimento de negócios da Learfield Communications,
começaria como CEO no dia 1 de dezembro.
Foto: Getty Images
0 Comentários