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COI diz confiar na veracidade das delações do ex-diretor do laboratório antidopagem da Rússia

O Comitê Olímpico Internacional (COI) reafirmou a confiança em Grigory Rodchenkov, ex-diretor do laboratório antidopagem da Rússia, localizado em Moscou, que denunciou o esquema de doping sistematizado e apoiado pelo governo do país. Para a entidade internacional, Rodchenkov é uma "testemunha verdadeira" na primeira decisão fundamentada publicada após o escândalo de doping de Sochi 2014.

O caso em questão envolve o esquiador de cross-country Alexander Legkov, um dos primeiros atletas russos a ser sancionado pelo COI no início deste mês. Ele perdeu sua medalha de ouro, conquistada nos 50 km, e a prata no revezamento 4x10 km, além de ter sido banido de todas as futuras Olimpíadas.

A Comissão Disciplinar do COI baseou a decisão usando o "equilíbrio de probabilidade”, de acordo com o direito civil, após a confirmação do Tribunal Federal Suíço. A decisão de retirar as medalhas de Legkov foi baseada em "múltiplas marcas T conclusivas" em suas duas garrafas de amostra, consideradas como evidências diretas de que o esquiador estava implicado no esquema de doping.

As provas fornecidas por Rodchenkov também foram usadas no caso, levando a Comissão a estar "confortavelmente satisfeita". Legkov seria um dos beneficiados de um suposto esquema de encobrimento de testes positivos. A publicação da evidência aumentará a pressão sobre o presidente do COI, Thomas Bach, para impedir que atletas russos possam competir sob sua própria bandeira nos Jogos Olímpicos de Inverno de Pyeongchang, que acontece em fevereiro próximo.

A Comissão do COI, presidida pelo membro do conselho executivo da entidade e advogado suíço Denis Oswald, ofereceu apoio total a Rodchenkov e o considerou como sendo uma testemunha credível. Para o COI, as provas apresentadas foram corroboradas por suas declarações.

As explicações de Rodchenkov sobre um banco de amostras de urina limpas foram avaliadas por evidências adicionais, enquanto suas declarações estariam em conexão com atletas cujas amostras foram trocadas, mas não que não estavam incluídas na "Lista de Duquesas", uma lista de atletas russos protegidos. Determinou-se que, quando nenhum banco de urina limpo pudesse ser preparado para substituir uma amostra contaminada, a urina deveria ser proveniente de outras fontes.

Um diário detalhado, mantido por Rodchenkov quando ele dirigiu os laboratórios credenciados pela WADA em Moscou e Sochi, foi considerado como sendo verdadeiro, pois seria improvável que ele tenha sido reescrito recentemente ou seja uma representação falsa da realidade. A Comissão considerou que o conteúdo eram "evidências significativas". "A Comissão Disciplinar chegou à conclusão de que, qualquer que seja a sua motivação e qualquer erro que possa ter cometido no passado, o Dr. Rodchenkov dizia a verdade quando forneceu explicações sobre o esquema de encobrimento que ele operou", afirmou a entidade.

As conclusões fornecidas pelo professor Richard McLaren também foram apoiadas pela Comissão, que considerou que o relatório fornecido pelo canadense era "altamente relevante" e continha evidências "extremamente fortes". "As descobertas convincentes feitas pelo professor McLaren incluem a confirmação da existência, durante os Jogos Olímpicos de Inverno de Sochi 2014, de um esquema em que as amostras de atletas russos protegidos, principalmente os atletas de uma lista pré-selecionada, foram trocados", afirmou a Comissão.

O apoio oferecido pela Comissão às provas fornecidas por Rodchenkov e McLaren poderão ser significativas para a decisão de outros casos envolvendo atletas russos. Um total de 19 atletas já foram sancionados por suposto envolvimento no esquema de Sochi 2014. A Comissão do COI condenou fortemente o sistema e citou a Carta Olímpica como justificativa para uma proibição vitalícia dos Jogos Olímpicos para os atletas condenados.


"Neste caso, a Comissão Disciplinar considera que a implementação do esquema de troca de amostras foi um dos piores golpes da integridade e reputação dos Jogos Olímpicos. Seria inconcebível que o Movimento Olímpico tivesse que continuar recebendo no meio de qualquer atleta, personalidades que tenham se envolvido em tal esquema. A Comissão Disciplinar sublinha que não é tanto o fato de que violações específicas das Regras Antidopagem do COI foram cometidas, o que justifica a aplicação de uma medida de inelegibilidade, mas muito mais o fato de serem parte de uma conspiração, que foi infectada e subvertida nos Jogos Olímpicos da pior maneira possível. A participação em tal conspiração não só constitui violações de acordo com as Regras Antidopagem do COI, como também constitui um mau comportamento fundamental que afeta diretamente os valores fundamentais dos Jogos Olímpicos", afirmou a Comissão em sua decisão.

Foto: Ria Novosti


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