Depois de disputar 15 torneios internacionais ao longo do primeiro
semestre do novo ciclo olímpico rumo a Tóquio, e de se habituar às
mudanças nas regras estabelecidas pela Federação Internacional de Judô
(IJF), a seleção brasileira estreia no próximo dia
28 no evento mais importante do ano.
Com 21 atletas convocados, entre
eles os que disputarão na inédita equipe mista, a delegação está em treinamento escalonado durante a aclimatação em Sainte Geneviève des
Bois, ao sul de Paris, na França.
A adaptação ao fuso horário teve início no último dia 19, com as
categorias mais leves, e o último grupo desembarca na Europa nesta sexta
(25.08). "Todos vão passar cinco noites na França para se adaptar ao
fuso e depois vão seguindo para Budapeste. Isso é também para não
chegarem com muita antecedência e perderem o foco", diz o gestor de Alto
Rendimento da Confederação Brasileira de Judô (CBJ), Ney Wilson. A
mesma estratégia foi adotada pela comissão técnica no envio dos judocas à
Vila Olímpica do Rio 2016.
Apesar do reforço na concentração dos atletas e da expectativa por
bons resultados, o dirigente destaca que, por se tratar do primeiro
Mundial após os Jogos Olímpicos, o evento funcionará como um grande
laboratório para todos os países. "Tivemos mudanças no regulamento,
alguns atletas deixaram de competir e encerraram a carreira, enquanto
outros estão começando e já se destacando. O próprio ranking é meio
distorcido em função disso. Então é difícil fazer uma previsão, traçar
uma meta", aponta.
"Vamos conhecer agora nossos grandes adversários e ver como os nossos
atletas estão, apesar de saber que eles estão em ascendência e bem
preparados. Teremos adversários diferentes dos das Olimpíadas, e é um
grande momento para entender isso e, aí sim, estabelecer metas para
2020", acrescenta Ney Wilson.
Novas regras
De qualquer forma, os brasileiros já tiveram diversas oportunidades
para retomar o ritmo após os Jogos e testar as novas regras, entre elas a
abolição do yuko e a redução no tempo de luta do masculino (de 5 para 4
minutos). Entre os 15 eventos internacionais disputados no primeiro
semestre pela seleção principal, sendo oito Abertos, três Grand Slams,
três Grand Prix e o Pan-Americano, o Brasil conquistou, ao todo, 80
medalhas, sendo 38 de ouro, 17 de prata e 25 de bronze.
O número ainda é menor do que os 110 pódios, em 14 competições, do
mesmo período de 2013 – desconsiderando as 12 medalhas conquistadas
naquele ano no Mundial Militar, que em 2017 será disputado apenas em
setembro –, também um início de ciclo olímpico. Contudo, Ney Wilson
destaca que, desta vez, o número de medalhas de ouro é superior: são 38
em 2017 contra as 36 registradas há quatro anos. "Estamos dentro do
previsto, sem sinal de alerta. É um processo de início de ciclo, de
adaptação e com novos atletas chegando à seleção", comenta.
No Mundial de 2013, disputado no Rio de Janeiro, a equipe brasileira
subiu seis vezes ao pódio, com uma medalha de ouro, três de prata e duas
de bronze. A conquista dourada ficou por conta da carioca Rafaela Silva
(57kg) que, três anos mais tarde, se consagraria campeã olímpica também
lutando dentro de casa. Já na última edição do Mundial, disputado em
Astana, em 2015, a seleção faturou duas medalhas de bronze, com Érika
Miranda (52kg) e Victor Penalber (81kg).
Foto: AP
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