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Surto Entrevista (especial) - José Roberto Guimarães

Por Juvenal Dias

O técnico José Roberto Guimarães, tricampeão olímpico, está iniciando um novo ciclo à frente da seleção feminina, buscando uma nova identidade de grupo, para deixar de vez para trás o desempenho na Rio-2016. Para isso, convocou muitas jogadoras jovens, desconhecidas do grande público, mesclando com nomes mais famosos, caso da Natália, Tandara e Adenízia.

Zé está na preparação do time para o Grand Prix que está por começar. Antes de seguir viagem na competição mais importante do ano, o Brasil faz dois amistosos contra a Polônia. Um, que já foi disputado em Belo Horizonte, com vitória de 3 sets a 0, e outro que ocorrerá hoje (29) no ginásio do Ibirapuera em São Paulo. Antes desta partida o treinador conversou com a reportagem do Surto Olímpico. Confira o que ele disse:

Jogando em casa pela última vez antes do Grand Prix

“É sempre muito bom jogar em casa, principalmente jogar no Ibirapuera, é um templo sagrado no esporte de São Paulo, já tivemos finais de campeonatos nacionais e internacionais, muita gente boa passou por aqui, então é uma energia diferente e estar entrando no Ibirapuera de novo, contra a Polônia, no começo de um novo ciclo. É uma despedida das jogadoras e da comissão técnica do nosso país, porque nós sabemos e vai ser um mês de muitas viagens e treinamentos, é um até logo para família e os amigos, sabemos da dificuldade que vamos encontrar, vamos conseguir jogar contra as melhores seleções do mundo, já na primeira semana pegaremos a Sérvia na terceira rodada, que é um dos melhores times no momento. Estamos treinando e buscando melhorar a cada dia e os jogos aqui vão mostrar o caminho para a gente”.

Jogo contra Polônia

“Eu estava preocupado porque nós sofremos muito quando fomos à Montreux, nós viajamos no domingo, chegamos na segunda e já jogamos na terça, como eles fizeram aqui, nós acabamos perdendo o jogo seguinte contra Alemanha, o time estava lento, jogando mal e eu vi o time da Polônia assim no primeiro amistoso, via nitidamente que elas estavam em outra rotação, agora já começam a se aclimatar um pouco mais, já treinaram também. Enfim, acho que vai ser o jogo mais difícil e isso é bom para o nosso time, nós precisamos passar por dificuldades, por momentos críticos exatamente para saber o que precisamos melhorar. Não adianta só treinar e ver algumas coisas que estão acontecendo na movimentação, mas se o adversário tem um saque diferente, um bloqueio diferente, um contra-ataque de outra maneira, pode nos mostrar um caminho diferente também na preparação”.

Sobre o grupo atual

“Seja no começo de ciclo ou durante, já temos algumas jogadoras que vamos trazendo, vamos vendo, observando mais de perto. Uma coisa é você ver da arquibancada ela jogando ou pela televisão ou ainda julgar contra, outra coisa é ela está treinando do seu lado, mostrando que ela é capaz de fazer. Isso vai acontecer bastante durante esse ciclo. Acho que muitas caras dessas novas podem estar no Japão sim, vai ser uma luta pelas posições para a próxima Olimpíada, esse time tem qualidade, tecnicamente falando, e estão lutando muito. O que falta para esse grupo é experiência, jogar contra as melhores seleções do mundo, poder participar de campeonatos e perceber e dá para jogar de igual para igual contra qualquer time, principalmente e nós melhorarmos cada vez mais nosso sistema defensivo, a relação bloqueio/defesa com um saque preciso, é isso que estamos buscando a cada treinamento”.

Sobre a diminuição do investimento no esporte

“A mão de obra no Brasil é muito rica, pena que nós estamos passando por vários problemas hoje como país, na economia... E isso está pesando muito para todos nós, a vida do brasileiro está muito difícil. As empresas estão segurando seus investimentos e isso está acarretando problemas enormes, mas eu acredito muito que tudo vá mudar, que tudo vá melhorar, nós teremos mais investimentos, poder ter mais mão de obra pelo país afora, sabemos que tem no Norte, Nordeste, Sul, enfim. Vamos ter muita gente fazendo esporte no futuro, é o que todos nós queremos, desejamos e sonhamos”.

Essas respostas ele deu para emissoras de televisão que acompanhavam o treinamento. Aqui segue o que ele falou exclusivamente para nós:

- Na terça tivemos o dia nacional do voleibol, então podemos dizer que essa é a semana nacional do esporte, com as meninas jogando duas vezes em nosso território?

Sim, estamos em uma semana feliz, que comemoramos o dia do vôlei e que para todos os que trabalham e gostam é uma semana bastante importante. Poder jogar, primeiro em Belo Horizonte, agora em São Paulo, que é praticamente meu estado, a cidade onde morei alguns anos, é sempre um motivo de muito orgulho. Este ginásio, esta atmosfera, esta energia, acho que vai ser muito bom e nós só temos a agradecer todo o apoio que estamos tendo e à oportunidade de estar jogando aqui.

- Fale da importância de pegar um adversário duas vezes seguidas, visando a preparação para o Grand Prix.

Isso faz parte, quando um time, como a Polônia, que vai jogar o Grand Prix na Argentina e está de passagem, nós convidamos a parar por aqui para fazermos esses dois amistosos. Até porque a Polônia é um time que, para mim, no futuro vai ter uma ascensão grande, são jogadoras altas, têm muito trabalho pela frente, mas são habilidosas e que vão dar trabalho. Logo depois, teremos mais dois jogos com a Turquia antes do início da competição. É bom para dar ritmo, dar um certo conhecimento de todas as jogadoras e é diferente jogar de treinar. Essa coisa de entrar uniformizada na quadra com público, contra jogadoras que você conhece pouco é bastante importante para o crescimento e maturidade delas.

- A Seleção está em um processo de renovação. Qual o nível que você enxerga que elas estão para disputar com as grandes potências?

Estamos evoluindo. As jogadoras, tecnicamente falando, são boas, habilidosas, tem muita gente que vai crescer neste período, principalmente enfrentando as melhores seleções do mundo, as perspectivas são boas e agora, no Grand Prix, é que vamos ter um retorno disso que estou dizendo.

- Gostaria que comentasse o papel da Natália como capitã desta seleção, que é uma das mais experientes, para dar orientações às mais novas.

Ela não é uma jogadora muito antiga de seleção, mas está desde os 16 anos, ela tem uma grande experiência, mas também para ela é algo novo, sempre foi uma participante, hoje já é uma das jogadoras com mais rodagem, já jogou fora do Brasil na última temporada. Eu vejo isso como crescimento, com uma responsabilidade a mais que faz com que a atleta cresça como pessoa mesmo, dar o exemplo para o grupo, de ter atenções maiores com o grupo, vejo de uma forma bastante positiva e ela está encarando muito bem.

- Por fim, há duas semanas tive oportunidade de conversar com a Jaqueline, que ainda pensa em jogar pela seleção. Você ainda conta com ela?

Eu vejo assim, contar com ela é sempre. Essas jogadoras têm muita lenha para queimar ainda, são ótimas jogadoras, tudo depende da preparação que elas vão fazer, porque precisa de treinamento, de dedicação, estar jogando campeonatos. Então se ela estiver bem, se estiver em condições, com certeza ela vai ser convocada. Tem que correr.




foto: Alexandre Loureiro/ CBV

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