Isaquias Queiróz deu uma bela declaração sobre o técnico espanhol Jesus Morlán, que considera como se fosse da família. Em entrevista ao site 'globoesporte.com', o canoísta que foi destaque na Rio 2016 afirmou que se o câncer que o técnico descobriu no fim do ano passado e operou o tivesse levado, ele teria desistido de sua carreira na canoagem
"Se ele tivesse que ir embora, acho que eu teria parado. Eu não teria continuado. Já são anos juntos, já nos entendemos muito bem. E vir outra pessoa... Eu não teria a mesma confiança que tenho com ele. Criei essa confiança. A gente morou junto na mesma casa (em Lagoa Santa, Minas Gerais, onde mora e treina hoje a equipe adulta de canoagem velocidade), conhece um ao outro, sabe os problemas que cada um tem. Se for outro treinador, não sabemos como vai ser. Não sabemos o comportamento... Nem quero pensar nisso. Já pensei muito e decidi: 'Se o Jesus for embora, eu vou embora. Aqui eu não fico não. Se o Jesus for embora, eu encerro minha carreira'. " Explicou Isaquias na entrevista
Jesus Morlán é técnico de Isaquias Queiróz desde 2013 e ele conseguiu fazer do Brasil revelante no cenário da canoagem velocidade, com Isaquias Queiróz conquistando títulos mundiais e nos Jogos olímpicos do Rio de Janeiro, três medalhas olímpicas, uma junto com Erlon de Souza. Isaquias continuou a entrevista falando de tudo que Jesus representa para a sua vida:
"Ele representa tudo para mim. Sem ele, não seria o Isaquias que todo mundo conhece. Devo tudo isso a ele. Eu não estaria mais na seleção se não fosse por ele. Até pela parte de ele ter chegado e estar muita bagunça na seleção, a gente não tinha reconhecimento, e quando ele chegou passamos a ter. A gente teve ótimos resultados. Crescemos no esporte brasileiro. Fui duas vezes eleito o melhor atleta do ano do Brasil. Sem ele, não teríamos isso. Eu devo tudo a ele na minha carreira."
Isaquias conta que no dia que Jesus passou mal, o técnico não saiu para orientar seus comandados, apenas ficou deitado e por lá ficou até que ele e Erlon notassem algo estranho e chamaram a ambulância. Jesus teve um tumor no cérebro retirado e vem fazendo quimioterapia desde então.
"Foi meio assustador pra gente, até pelo fato de nunca termos presenciado algo do tipo. E pelo fato de na Olimpíada ele estar tão bem e, logo depois, já ter isso. A gente foi pego de surpresa, não só a gente, mas ele também. Depois veio a parte do tratamento. A gente via ele de um jeito, depois via de outro, perdendo peso, a mudança de humor, essas coisas, mas a gente manteve a união, continuamos ali, sabíamos que ia precisar da gente. Mas o que mais sentimos foi em questão dele não ter ido embora. Se fosse outro treinador, ia querer ir embora para a casa com a família (quase chora nessa parte). Ele: "Não, vou ficar aqui no Brasil com meus meninos"."
Jesus ainda não sabe se poderá viajar com seus atletas para as competições no exterior, pois depende de autorização médica, mas segundo Isaquias sua presença não é tão necessária pois seu técnico é muito tranquilo nas competições: "O bom de estar com o Jesus é que na competição ele não fala muito. Ele já fez o que tinha que fazer. Ele diz: "Não adianta eu ir do lado gritando na hora que eu já fiz tudo que podia". Ele já chega na competição, antes sentava lá, fumava um cigarrinho, vendo na TV tranquilo. Ele não ficava nisso: "Isaquias, faz isso, faz aquilo". Ele só diz: "Faz o que você fez no treinamento". Não vem gritando no pé do ouvido. O que faz a diferença é o treino do dia a dia, então só preciso refazer o que faço no meu dia a dia e pronto. Agora, claro que ele não estar com a gente faz falta. É divertido. Ele conversa, zoa, a gente gosta de tê-lo participando com a gente, porque pelo menos a gente vai estar mais próximo, tem mais confiança. Espero que ele possa estar no Mundial com a gente, porque com Jesus do lado é um pouco melhor, né?" falou Isaquias.
com informações de globoesporte.com
foto:Gabriel Fricke/Globoesporte.com
0 Comentários