O ano bizarro. Se tivesse que resumir o ano de 2016 no tênis, essa seria a definição. Quem imaginaria que Andy Murray seria número 1 do mundo? Nem a própria Judy Murray (mãe) acreditaria nisso se alguém tivesse lhe dito tal coisa em janeiro.
O início de temporada de Novak Djokovic foi assombroso. Melhor até que o de 2015. E a saga pelo título de Roland Garros, enfim, teve virou realidade. Em plena Phillipe Chatrier, o sérvio exorcizava seus demônios e conseguia, enfim, completar o Career Grand Slam. Mas não foi só isso. O feito de Djokovic foi ainda mais impressionante. Ele juntou-se a Rod Laver e se tornou apenas o segundo tenista da Era Aberta a vencer consecutivamente os quatro títulos de Grand Slam. Nenhum outro tenista conseguiu tal feito. Federer, Nadal, Sampras, Borg, Connors… nenhum deles conseguiu tal façanha.
Nesse meio-tempo, Roger Federer anunciou que não jogaria um Grand Slam pela primeira vez desde 1999. Além do sonho de conquistar o 18º Grand Slam em Wimbledon, a temporada tinha outra conquista em jogo que o suíço ainda não conquistou e pouco terá nova chance: o ouro olímpico em simples. O ritmo já é de despedida para o heptacampeão de Wimbledon. Até mesmo Roger Federer sente o peso da idade. Mesmo assim, chegou à semi em Wimbledon, com plenas chances de atingir a final.
O melhor torneio, na minha opinião, foi a Olimpíada do Rio. Diria até que o melhor jogo do ano foi aqui, o duelo entre Del Potro e Novak Djokovic. A atmosfera foi de arrepiar. E não é que Delpo derrubou o então número 1 do mundo. O forehand mortal do argentino conseguiu destruir o paredão chamado Djokovic. Ainda eliminou Nadal em uma semifinal emocionante e ficou com a prata na competição. Festa da torcida argentina na Cidade Maravilhosa.
Depois do sucesso em Roland Garros, Novak Djokovic não conseguiu manter sua soberania no circuito. Mostrou seu lado humano e caiu na terceira rodada em Wimbledon. Não conseguiu retomar o caminho das vitórias e viu sua confiança ficar abalada, sem encontrar soluções para contornar esse período conturbado que vive. Desacelerou o ritmo e foi ultrapassado por Andy Murray.
Se Djokovic dominou até junho, Andy Murray reinou no segundo semestre. Conquistou o bicampeonato no ouro olímpico e Wimbledon. Ainda somou cinco títulos consecutivos, anotando 25 vitórias seguidas. Fechou a temporada com vitória sobre Djokovic em um embate de quem terminaria o ano no topo do ranking.
Com o retorno de Ivan Lendl à equipe, parece que Murray conseguiu se reencontrar. Evoluiu tecnicamente, mas principalmente no aspecto mental. Deixou de oscilar e mostrou uma regularidade impressionante que até então não se vira dele. Pela primeira vez, não seria mais ofuscado pelo seu rival.
Não poderia deixar de falar de Rafael Nadal para completar o “Big Four”. A temporada do espanhol foi complicada, com uma lesão no punho que o impediu de prosseguir em Roland Garros, torneio que mais tinha chance. Veio ao Rio sem grandes expectativas e levou o ouro olímpico nas duplas. Ficou em quarto nas simples, mas a dois pontos de levar pelo menos a prata. Nadal vem tentando mudar, mas não encontrou a solução. Recuperado, tentará mostrar que não é apenas personagem secundário, assim como Roger Federer.
Entre os brasileiros, Thomaz Bellucci fez uma temporada sem fugir muito aos seus padrões de inconstância. Admitiu lutar com problemas físicos que o levam a perder até 6kg numa partida, mas conseguiu até aplicar pneu em Novak Djokovic.
Melhor campanha, definitivamente, foi na Olimpíada, quando jogou muito e teve chances reais de derrubar Rafael Nadal nas quartas de final. A surpresa positiva ficou com Thiago Monteiro, que derrubou o top 10 Jo-Wilfried Tsonga no Rio Open e entrou no top 100 nesse final de temporada. Rogerinho conseguiu recuperar o fôlego e também ficar perto da classificação para jogar a chave principal do Australian Open. Pela primeira vez em cinco anos tivemos três representantes no top 100 da ATP.
O protagonista, sem dúvidas, foi Bruno Soares. Terminou o ano como número 1 do mundo no ranking de duplas, ao lado do britânico Jamie Murray, conquistando o Australian Open e o US Open. Marcelo Melo também fez uma boa temporada, mas não conseguiu brilhar como o compatriota. Estreia ano que vem uma nova parceria, despedindo-se do croata Ivan Dodig e juntando-se a Lukasz Kubot.
No lado feminino, Teliana Pereira despencou em seu arriscadíssimo calendário e Bia Maia fechou a temporada com dois títulos em torneios menores (equiparados ao nível Challenger na ATP), que a levaram de volta ao top 200 e ao posto de número 1 do país, algo que não pode ser exaltado como um feito maiúsculo atualmente.
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