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Trigêmeas austríacas superam trauma de Baku e comemoram vaga nos Jogos de 2016

Da esquerda para a direita: Eirini, Vasiliki e Anna-Maria
Assim que saíram da piscina do Parque Aquático Maria Lenk, no Rio de Janeiro, na quinta-feira (03.03), logo após a apresentação da rotina livre do dueto, as irmãs austríacas Anna-Maria e Eirini Alexandri disseram à técnica: “Chama a Vasiliki”. Elas estavam felizes, porque sabiam que a nota 85.4667, somada aos 83.3894 pontos obtidos na rotina técnica no dia anterior, as deixaria entre as primeiras do Torneio Qualificatório do nado sincronizado e, por consequência, com uma vaga no Rio 2016. Mas o dueto é só na competição: durante os treinos e em toda a trajetória, as trigêmeas de 18 anos estão sempre juntas.

“Somos nós duas porque nossas pernas são mais parecidas”, explicou Eirini. “É um pouco complicado porque ela está o tempo todo conosco, treina conosco, está no mesmo nível, mas só duas podem estar na água”, completou Anna Maria.

Mas o momento era de comemoração para todas, e o abraço de Vasiliki nas irmãs assim que se reencontraram após a competição mostrou isso. Não importa quem está na piscina ou fora, cada conquista é tripla. “Estou feliz. Eu estou sempre com elas e tenho mais estresse que elas aqui do lado de fora”, contou Vasiliki.  A união é forte desde os tempos de Grécia.

Da Grécia para a Áustria
Gregas de nascimento, elas foram convidadas para entrar no esporte quando nem haviam completado quatro anos. Com oito, conseguiram a primeira medalha no campeonato nacional, na disputa por equipes. Aos 13, entraram para a seleção grega e foram medalhistas na Copa da Confederação Mediterrânea de Natação, também por equipes, com as três irmãs integrando o time.  Elas ainda disputaram o campeonato europeu de 2012 pela Grécia, mas uma decisão no mesmo ano mudou a vida das atletas. Elas deixaram o país natal, foram morar na Áustria e passaram a competir pelo novo país.

“Na Grécia era difícil conciliar escola e nado sincronizado, as condições na Áustria são melhores. Foi uma decisão difícil, mas com suporte da nossa mãe”, disse Anna-Maria.

A saudade da família é grande, já que as três se mudaram sozinhas para a Áustria, mas estão se acostumando. “Em algumas coisas nos sentimos austríacas e em outras nos sentimos mais gregas. Trabalhar pesado é algo grego. Já na Áustria, eles dizem o tempo todo: ‘sem estresse, sem estresse’, e isso já aprendemos”, contou Eirini.

Conquista e homenagem
O principal resultado da carreira, já competindo sob a bandeira da Áustria, foi obtido no ano passado, nos Jogos Europeus de 2015, realizados em Baku, no Azerbaijão, em junho. A competição teve somente a participação de atletas juniores, e as irmãs Alexandri, na época com 17 anos, chegaram com “fome de medalha”. E de fato conseguiram: ficaram com a prata.

“No início do ano a gente disse: queremos a medalha no nosso último ano de juniores. Ficamos à frente de países com tradição, como Ucrânia e Espanha. Isso significou muito”, enfatizou Eirini.

A conquista foi precedida por um trauma. Dias antes da competição, um ônibus atropelou três companheiras de equipe, já em Baku. Duas delas não tiveram lesões graves, mas Vanessa Sahinovic ficou sem os movimentos da perna.

“Estávamos indo treinar. Passamos o ano falando em medalha, e naquele momento só pensamos: estamos vivas e isso é o mais importante. Dedicamos a medalha à Vanessa, ela é um grande exemplo pra nós”, afirmou Eirini.

Ao relembrar o acidente, o semblante das irmãs muda, mas apesar da tristeza, destacam o exemplo da amiga, que está em processo de reabilitação e não perde contato com as trigêmeas.

“Falamos com ela (Vanessa) ontem, ela está orgulhosa de nós, mas também estamos orgulhosas dela, ela é uma lutadora”, disse Anna Maria.  “Quando estamos cansadas, pensamos nela e ela nos dá força”, completou Eirini.

A Federação Internacional de Natação (FINA) só vai oficializar os duetos classificados para os Jogos Rio 2016 após o fim do Torneio Qualificatório, no domingo (06.03). Mas as austríacas sabem que o sexto lugar na prova de dueto é praticamente o carimbo no passaporte, já que são 16 vagas em jogo. E elas mal podem esperar para voltar ao Rio. Antes, querem aproveitar os próximos dias para conhecer Copacabana, o Cristo Redentor e chupar manga, a fruta que mais gostaram de comer por aqui.

“Somos muito jovens e esse serão nossos primeiros Jogos Olímpicos, estamos muito empolgadas. O Rio é lindo e queremos voltar. Todos os dias nos treinos a gente lembrava que esse era o nosso objetivo. Conseguimos”, disse Anna.

Foto: Brasil 2016

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