Em termos de logística, o pentatlo moderno, com suas cinco diferentes
modalidades – natação, esgrima, hipismo, tiro e corrida – representa um
grande desafio para os organizadores de qualquer competição. Mas quando
o assunto são os Jogos Olímpicos essa preocupação se eleva a um patamar
de excelência único.
Por isso, o evento-teste do Pentatlo Moderno foi tão importante para o Comitê Rio 2016 e para a
União Internacional de Pentatlo Moderno (UIPM), a federação
internacional que rege o esporte.
O evento-teste, que para o calendário internacional representou a 2ª
etapa da Copa do Mundo, reuniu 183 atletas, de 37 países, muitos dos
quais voltarão ao Rio de Janeiro em agosto para os Jogos Olímpicos. O
nível técnico da competição foi altíssimo e todos os medalhistas dos
Jogos Olímpicos de Londres 2012, no masculino e feminino, desembarcaram
no Brasil para o que foi visto como um “aperitivo” do que eles esperam
encontrar daqui a 145 dias.
Técnico-chefe da equipe do Canadá, John Hawes fez uma avaliação
individual de cada uma das arenas e, ao fim, se disse maravilhado com o
acolhimento recebido por toda equipe de apoio do Brasil em Deodoro.
“A instalação para a esgrima (Arena da Juventude) é nova e fabulosa.
Tem um grande número de pistas disponíveis para aquecimento e para a
competição, um equipamento muito bom foi usado. É uma instalação no
nível das melhores do mundo”, afirmou o canadense. “Sobre a piscina, a
mesma coisa. Tem uma profundidade única e seu nível é top de linha e
permite a melhor performance dos melhores atletas do mundo”, continuou.
No pentatlo, os atletas não viajam com seus cavalos para as provas de
hipismo. Eles sempre são providenciados pela organização. Assim, como
os atletas não conhecem os animais, eles são sorteados, o que dificulta o
nível técnico da prova.
John Hawes exaltou a qualidade dos cavalos no Rio de Janeiro e se
disse impressionado. “A arena do hipismo e os cavalos são incríveis. O
percurso montado foi bem desenhado e em relação ao conjunto de cavalos
acho que foi o melhor grupo que já vi em toda a minha vida no circuito
em mais de 10 anos.”
“Em relação à estrutura do evento combinado (tiro e corrida), ela é
muito boa. Foi montado com uma grama de excelente qualidade. O trajeto
tem curvas, mas permite que os atletas desenvolvam uma boa velocidade.
E, falando dos alvos, os equipamentos são de primeira linha”, continuou.
Por último, o canadense ressaltou o tratamento recebido durante todo o
tempo que esteve no Parque Olímpico de Deodoro. “Estamos contando os
dias para as Olimpíadas porque é um lugar fabuloso para competir. Todas
as pessoas têm sido amigáveis e têm feito de tudo para facilitar nossos
dias, nossa chegada, nossos treinos e, principalmente, trabalhado para
tornar tudo o mais fácil possível para os atletas. As pessoas têm sido
fantásticas.”
Para Kim Raisner, técnica da equipe feminina da Alemanha, um dos
fatores mais positivos diz respeito à pequena distância entre uma área
de competição e outra. “É muito bom que todas as instalações estejam bem
perto uma das outras. Acho que, nas Olimpíadas, eles vão nos levar em
ônibus, o que chega a ser engraçado porque é tudo tão perto. Mas quando
você tem muito público acho que eles terão que fazer isso”, observou.
Apesar de elogiar a competição, Raisner apontou pontos que, para ela,
terão que ser resolvidos até os Jogos Olímpicos. “Em relação à piscina
eu vejo que ainda é preciso ajustes. Aqui nas arquibancadas nós vamos
precisar de uma cobertura. Não sei o quão quente é em agosto, mas
imagino que deveremos ter sol. Já em relação aos vestiários, eles são
pequenos e ainda não temos lugar para colocarmos nossas mochilas e
equipamentos. Então eles vão precisar trabalhar nisso. E também terão
que fazer ajustes no ar condicionado, porque quando está calor fica
muito quente lá dentro”, detalhou.
A alemã fez ainda outra observação sobre as provas de natação. “Eu
reparei que aqui na piscina eles não disponibilizaram nenhum placar para
mostrar o tempo dos atletas. Mas acho que isso vai ser providenciado
para as Olimpíadas”, continuou.
“Sobre a instalação de esgrima eu achei muito boa. Só espero que a
temperatura interna esteja um pouco mais baixa durante as Olimpíadas,
mas acho que isso (sistema de ar condicionado) também não está
totalmente instalado”, declarou. “Eu também vi os cavalos e achei que
eles são muito bons, assim como a área de prova. Mas imagino que a
organização vá disponibilizar mais assentos para o público. E falando da
área de corrida e de tiro penso que será preciso uma proteção para os
alvos e para as armas em caso de chuva nas Olimpíadas. O percurso da
corrida tem muitas curvas, mas no geral é bem montado. Falando como um
todo eu gostei muito das instalações”, avaliou.
Quinze mil nas arquibancadas
Diretor de Gestão de Instalações do comitê organizador dos Jogos
Olímpicos Rio 2016, Gustavo Nascimento revelou que o evento-teste contou
um staff de 120 pessoas do Rio 2016, além de outros 120 voluntários.
Ele comemorou o sucesso da competição e ressaltou como é importante e
inovador que os atletas possam ter à disposição todas as áreas de
competição tão próximas. Gustavo ainda lembrou que durante as Olimpíadas
as arquibancadas ao redor da área de hipismo, tiro e corrida terão
capacidade para 15 mil pessoas. Já a estrutura montada na piscina
comportará outras duas mil.
“Comparado com outros Jogos (Olímpicos), você ter o privilégio de ter
a esgrima a 100 metros da natação, a natação a 50 metros dos saltos,
corrida e tiro é um privilégio comparado com as dificuldades de
transporte que se tinha”, afirmou o representante da Rio 2016. “Você ter
dentro de um mesmo cercado, de uma mesma área, todas as disciplinas do
pentatlo é único. É um desporto que foi feito para Deodoro. Temos aqui a
Arena da Juventude, que é uma instalação adequada para a parte de
esgrima; temos uma piscina com todos os requerimentos da federação
internacional e homologada pela Federação Internacional de Natação; além
do privilégio de ter um estádio temporário, mas que tem condições de
grama e de estrutura para atender a parte final da competição (hipismo,
tiro e corrida)”, continuou.
Gustavo falou ainda sobre a complexidade do pentatlo moderno. Disse
que, de fato, há pontos a serem ajustados até os Jogos, mas que eles não
o preocupam, pois a maior parte e a mais difícil do trabalho já foi
feita. “Para a gente é um teste importante para conhecer a
dinâmica. É um esporte complexo, considerando que você tem a
qualificação em um dia, mas a competição mesmo acontece em um único dia
só e em três lugares diferentes. Por isso é muito bom para a equipe
estar aqui. Temos só coisas positivas para falar. Os detalhes são
imperceptíveis, são só a questão no ajuste na condensação do
ar-condicionado, a questão de um ajuste ou outro no vestiário, mas nada
que tire o brilho desse evento, dessa Copa do Mundo e dos Jogos”,
afirmou.
Em relação à falta de placares na piscina, ele explicou que isso é um
acordo entre a federação internacional e a fornecedora. “Isso aqui é um
evento da federação internacional, da UIPM, é uma etapa da Copa do
Mundo. Em relação aos placares na piscina, isso foi uma negociação entre
a Omega (fornecedora dos placares) e eles (UIPM) sobre colocar placares
adicionais. A gente só tem, no nosso contrato com a Omega, um placar,
que é o que a gente deixa na parte de saltos, tiro e corrida. A
disposição de um placar adicional gera custo e isso foi uma negociação
entre a UIPM e a Omega que resultou nisso. A gente não tem muito mais o
que falar sobre isso”, encerrou Gustavo.
Foto: Brasil 2016
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