Mesmo depois de receber três eventos-teste no mês de janeiro –
basquete, halterofilismo e luta olímpica – a Arena Carioca 1 teve novos
aspectos avaliados durante o Torneio Internacional de Taekwondo,
encerrado no domingo (21.02). Um dos principais foi o uso de uma área
de competição elevada, semelhante à que será adotada nos Jogos
Olímpicos de 2016, além de todo sistema eletrônico de pontuação da modalidade.
Segundo Rodrigo Garcia, diretor de esportes do Rio
2016, o número de competições realizadas na arena permitiu que outros
fatores fossem avaliados pelo Comitê Organizador ao longo do fim de
semana. “Já estamos no fim da segunda ‘onda’ de eventos, começando a
terceira, então já temos muitas lições aprendidas e a chance de
cometermos erros é um pouco menor. Mesmo assim, em cada evento a gente
testa alguma coisa diferente”, explica.
Durante a competição de luta olímpica, no mês passado, a área
elevada não foi montada na arena. Para o brasileiro Leonardo Moraes, que
disputa uma vaga olímpica na categoria -58kg, é importante competir no
modelo que será adotado nos Jogos. “Os campeonatos lá fora, como
Mundiais e Grand Prix, costumam ser com área elevada. No Brasil é mais
raro. Lutar com área elevada, para mim, é um sonho desde pequeno porque
nos Jogos Olímpicos a gente vê os atletas subindo a ‘escadinha’ para
lutar”, comenta.
“Eu achei que a área está muito bem feita. Ela faz um pouco
mais de barulho por ser elevada, então acaba assustando um pouco, mas
achei muito bem montada. O piso também não está escorregadio, o que
também atrapalharia bastante”, analisa o atleta, que lutou no sábado
(20.2) e acabou lesionando um dedo da mão direita logo no primeiro
confronto.
Ainda assim, Leonardo aprovou o torneio para a adaptação dos
atletas também aos novos equipamentos. “Tanto o colete eletrônico quanto
o capacete são de modelos novos e há algumas diferenças. Na técnica do
chute, por exemplo, agora precisa ser com um pouco mais de força e
precisão. Dependendo da categoria, a calibragem aumentou ou diminuiu um
pouco”, detalha. “Por todos esses fatores, o evento-teste foi muito
positivo porque deu para os atletas terem uma noção do que vai ser nos
Jogos Olímpicos”, acredita.
O presidente da Confederação Brasileira de Taekwondo (CBTKD),
Carlos Fernandes, também elogiou as medidas operacionais da competição,
mas observou aspectos que deverão ser aprimorados até os Jogos. “Foi um
evento bem enriquecedor e que atingiu as expectativas. Claro que há
alguns ajustes a fazer, como ter um telão e melhorar a qualidade do som,
mas é por isso que é um teste”, opina.
Outra questão para o dirigente foi a da segurança. “As
delegações saíram nos ônibus e eu não vi nenhum aparato de segurança e
achei as ruas muito escuras. No Maria Lenk (saltos ornamentais) tem
segurança total. Deveria ter aqui também”, compara.
Segundo o Rio 2016, o taekwondo contou com a operação de 40
profissionais de segurança, somando a equipe do Comitê e a empresa
privada contratada. “Nos eventos abertos aos espectadores, como a Copa
do Mundo de saltos ornamentais, a gente conta com o apoio da Força
Nacional, que vai ser nossa grande parceira na área de segurança durante
os Jogos. No taekwondo, como é um evento privado, onde você só entra
com credencial e é dentro do Parque Olímpico, onde a gente já vem
fazendo eventos desse mesmo padrão, a gente mantém o mesmo esquema de
segurança. Todas as medidas são tomadas dentro de um plano operacional”,
explica Rodrigo Garcia.
Avaliação
A Arena Carioca 1, que já havia recebido elogios no último sábado da brasileira Iris Tang Sing,
foi novamente aprovada pelos competidores. “Eu achei que está
excelente, não tenho do que reclamar. O evento está super organizado,
começou na hora. Achei lindo o tatame, tudo está maravilhoso”, destaca
Rafaela Araújo, que tenta uma vaga olímpica na categoria -57kg. “A arena
é maravilhosa. Está sendo uma grande experiência”, comenta a canadense
Evelyn Gonda, que no ano passado disputou os Jogos Pan-Americanos de
Toronto, onde foi derrotada na disputa pelo terceiro lugar. Gonda,
entretanto, subiu ao pódio neste domingo para receber a medalha de
bronze.
Campeão dos Jogos Pan-Americanos de 2007 e bronze na edição de
Santo Domingo, em 2003, Diogo Silva assistiu às lutas na Arena Carioca 1
e também gostou do que viu. “Pela primeira vez estou vindo em um
evento-teste e achei muito legal. É exatamente como nos Jogos Olímpicos,
até no cronograma de horários. Alguns países mandaram seus
representantes, o que é interessante para os brasileiros verem o patamar
do esporte. Estou gostando muito, a organização está impecável, tudo
está funcionando”, elogia.
Para Philippe Bouedo, membro da Federação Internacional de
Taekwondo e diretor técnico da federação francesa, o evento-teste serviu
para antecipar o que irão encontrar em agosto. “É uma boa oportunidade
para testar tudo nas condições reais. Os atletas podem ver como será
nos Jogos Olímpicos”, avalia.
O dirigente também espera que a modalidade atraia a atenção do
público. “O taekwondo é um grande desafio para nós todas as vezes nos
Jogos Olímpicos. Nós trabalhamos muito com transparência e tecnologia
para fazer os Jogos mais ativos e espetaculares. Tentamos mudar um pouco
as regras para deixar o esporte mais popular”, acrescenta.
O torneio internacional contou com a participação de 64
atletas, de 15 países. A operação foi auxiliada pelo trabalho de 144
voluntários. O estudante de educação física Leonardo Rubio, de 20 anos,
foi um deles. Já tendo praticado o taekwondo, ele aceitou o convite para
trabalhar no evento-teste deste fim de semana. “Eu fiquei na área de
equipamentos, então pego os protetores dos atletas e levo até as áreas
dos árbitros para eles retirarem o sensor. Já levei água, gelo, já
carreguei equipamento para a área de treinamento”, conta, animado.
“Estou convocado para as Olimpíadas e a princípio ficarei na mesma área,
aqui no taekwondo. Já estou treinando para isso”, encerra.
Foto: Brasil 2016
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