O primeiro título no Circuito Mundial adulto, o título brasileiro em
Lauro de Freitas, vitórias sobre atletas top 100, crescimento na Europa
e, para fechar com chave de ouro, a classificação para o
Latino-Americano – esse foi o 2015 de Eric Jouti, que aos 21 anos quer
ainda mais.
Em meados de 2014, o jovem paulista resolveu encarar o desafio de morar
sozinho na Alemanha, em busca da melhor preparação. Para ele, essa
escolha teve um papel crucial em seu recente crescimento.
“O principal fator da minha evolução foi treinar com gente forte.
Mantive o ritmo de competição jogando a terceira divisão, mas o
principal eram os treinos. Era de domingo a domingo, e, de vez em
quando, apenas um dia de folga”, afirmou.
Toda a dedicação e entrega renderam frutos rapidamente. Após a bela
campanha na terceira divisão da Liga Alemã de 2014, em que foi o melhor
jogador da competição, com 35 vitórias e apenas uma derrota, Eric
recebeu um convite para atuar na liga de cima, pelo Weinheim.
Conquistou, ainda, seu primeiro ouro nos Challengers Series, torneio que
reúne boa parte da elite do tênis de mesa europeu.
A rotina intensa e o alto nível dos colegas, entretanto, não encerram
as vantagens do treinamento em solo alemão. Um experiente e rígido
mestre, o chinês Jianxin Qiu, dava o tom ao trabalho. Além dele, o
japonês Masataka Morizono (28º colocado no ranking mundial) era um dos
companheiros de treino que participaram no seu crescimento.
“Lá, o treinador me orientava em saque e outros fundamentos. Todos o
respeitavam muito. Com o Morizono nem todo mundo queria treinar, porque
era muito difícil e ele era um pouco exigente (risos). Aí eu acabava
treinando quase sempre com ele. Desenvolvi uma relação legal com ele e
todos os colegas de treino”, contou o jogador.
Já em continente americano, os triunfos lhe acompanharam. Foi finalista
de duas das três edições de Copa Latina na temporada. Na primeira, em
2015, chegou à decisão após vitória inconstestável sobre o argentino
Gastón Alto, além de vencer, de virada, o compatriota Gustavo Tsuboi,
atual 46º do mundo.
“Eu acho que foi muito importante ter ganhado dele (Tsuboi), porque
isso mostra evolução que eu venho tendo em conseguir encarar de igual
pra igual o pessoal da seleção principal. Isso mostra que eu não estou
longe deles e que no meu nível atual posso substituí-los em
competições”, declarou um satisfeito Eric.
Em setembro, viria a conquista mais importante de sua carreira: o
Aberto da Argentina, primeiro ouro no Circuito Mundial adulto. Em
seguida, na República Tcheca, Jouti manteria a boa sequência de grandes
atuações contra jogadores mais experientes e melhor ranqueados: superou o
francês Mehdi Bouloussa, então 166º colocado no ranking mundial, e o
alemão Ricardo Walther (95º), em seu primeiro triunfo sobre um top 100.
“Com certeza as etapas na Europa me ajudaram muito a chegar bem mais
preparado e confiante para o Aberto da Argentina, onde fiz um dos
melhores campeonatos da minha vida. Me senti bem em todos os aspectos:
pernas, coordenação, feeling e psicológico. E no Aberto da República
Tcheca pude bater de frente com Tiago Apolonia, que era número 18 do
ranking na época, além de ganhar de vários jogadores bem melhores no
ranking que eu”, lembrou.
Aumento na confiança e evolução técnica: aquisição de maturidade que
Jouti sentiu na pele, mesmo quando o ouro não veio. No Campeonato
Sul-Americano, em setembro, foi medalhista de prata, após ter sido
superado pelo equatoriano Alberto Mino na decisão por 4 a 2 (11/9, 11/7,
7/11, 11/3, 8/11 e 11/9). Ainda assim, o crescimento de um ano para o
outro era notório.
“No campeonato em geral, já estava me sentindo bem melhor em questão de
nível também, sabia que podia ganhar o título, mas não foi o que
aconteceu porque enfrentei um adversário de altíssima qualidade que é o
Mino. Acho que melhorei muito do ano passado para esse, consegui ganhar
campeonatos que tinha vários jogadores fortes, consegui me sair bem na
pressão também jogando contra adversários mais fracos”, comemorou o
atleta.
O destino lhe reservava, contudo, a glória internacional na semana
seguinte. Em sua quinta decisão em solo argentino naquele mês, venceu o
anfitrião Pablo Tabachnik por 4 a 3 ( 4/11, 11/8, 11/7, 8/11, 11/5, 8/11
e 11/5), assegurando a primeira conquista no adulto a nível mundial.
Até então, Mendoza já havia lhe rendido a prata individual no
Sul-Americano adulto e sub-21. Em seguida, na etapa do Circuito Mundial,
foi novamente prata sub-21 individual e nas duplas, ao lado de Massao
Kohatsu.
“Eu tinha ficado quatro vezes em segundo lugar naquele torneio e não
iria aceitar isso mais uma vez. Acho que a vitória já estava reservada
pra mim pelo tanto que eu vinha treinando e me dedicando para aquele
campeonato. E na final ainda joguei contra um atleta da casa, vieram com
uma pressão grande pra cima de mim. Graças a Deus deu tudo certo, não
senti pressão nenhuma naquele momento e meu pensamento era só em como
ganhar e levar esse título para casa”, relatou Jouti.
Mesmo diante do ótimo retrospecto recente, Eric não se dá por
satisfeito. Além de continuar a trabalhar intensivamente pelo
crescimento como mesatenista, o jovem tem, ainda, sonhos ambiciosos: o
primeiro deles é brigar por uma vaga nos Jogos de 2016.
“Minha expectativa é continuar nesse caminho de vitórias, aumentar a
potência dos meus golpes e melhorar minha parte mental, que muitas vezes
me faz perder jogos. Meu grande objetivo é jogar o Pré-Olímpico, sei
que só jogam três, mas se abrir uma vaga gostaria muito de jogar”,
concluiu.
Foto: Divulgação
0 Comentários