O ministro do Esporte, George Hilton, acompanhado de outras
autoridades, como o ministro Eugênio Garcia, chefe da Divisão das Nações
Unidas do Ministério das Relações Exteriores; além de representantes de
órgãos ligados à segurança e à defesa no Brasil, participaram nesta
sexta-feira (27), em Brasília, do encerramento do “Seminário
internacional Enfrentamento ao Terrorismo no Brasil”.
Organizado pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e pelo
Ministério Público Militar (MPM), o evento discutiu, desde a
segunda-feira (23.11), as medidas necessários para minimizar os riscos
de atentados terroristas no Brasil, principalmente no período entre
agosto e setembro de 2016, durante os Jogos Olímpicos e Paralímpicos do
Rio.
O seminário contou com a participação do francês Jean-Paul Laborde,
uma das principais autoridades na área de combate ao terrorismo da
Organização das Nações Unidas (ONU) e diretor executivo do Comitê de
Direção Executiva Antiterrorista da ONU (CTED); além de Hussein Kalout,
professor-pesquisador da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos,
que discutiram aspectos do terrorismo internacional e assuntos ligados
ao Islã, à mídia e à prática do terrorismo.
“Quando tratamos de grandes eventos internacionais, esportivos ou
não, um dos principais desafios de planejamento diz respeito à
segurança. Nós, brasileiros, sabemos bem disso, já que nos acostumamos a
organizar megaeventos”, afirmou o ministro George Hilton, em referência
aos Jogos Pan-Americanos e Parapan-Americanos do Rio, em 2007; aos
Jogos Mundiais Militares, em 2011; à Copa das Confederações, em 2013; à
Copa do Mundo FIFA, em 2014; e, mais recentemente, aos Jogos Mundiais
dos Povos Indígenas, disputados em outubro, em Palmas (TO), com quase
dois mil representantes de 24 países. Isso sem contar eventos não
esportivos, como a Rio +20 e a Jornada Mundial da Juventude, ambos de
repercussão mundial.
O ministro destacou a importância de dois conceitos que foram
ressaltados durante o seminário como fundamentais para o sucesso no
combate ao terrorismo: cooperação (no caso das agências de inteligências
e demais órgãos de segurança internacionais) e integração, no que se
refere às ações entre o Ministério da Justiça, Ministério da Defesa,
Abin, Polícia Federal, Forças Armadas, Polícia Militar, Polícia Civil,
Corpo de Bombeiros, Polícia Rodoviária e Guardas Municipais.
“Um ponto em comum na realização de todos esses eventos (citados
acima) foi a excelência no quesito segurança. E uma das receitas para
atingir os resultados atende pelo nome de integração”, afirmou George
Hilton.
Ele lembrou que os Jogos de 2016 estarão amparados pela maior
operação de segurança integrada da história do Brasil. Trata-se de uma
ação que reunirá 85 mil homens, que serão coordenador pelo Centro de
Inteligência dos Jogos, comandado pela Abin, e pelo Centro de Comando e
Controle, que reunirá o primeiro escalão das áreas de defesa e
segurança.
Refugiados
Em sua palestra sobre o tema “Diplomacia e Terrorismo”, Eugênio
Garcia lembrou que o Itamaraty também está alerta à questão,
principalmente no que diz respeito à entrada de refugiados no país.
Garcia lembrou que o Brasil tem um história de receber refugiados
vindos de áreas de conflito ou de grandes desastres naturais, mas
ressaltou que a entrada no país se dá após o cumprimento de vários
mecanismos – entrevista e checagem de antecedentes – que visam impedir o
desembarque de indivíduos ligados a grupos terroristas em solo
brasileiro.
“Não se pode descartar nenhuma hipótese. Nosso papel, como governo, é
tomar as medidas cabíveis para garantir o respeito às leis e aos
direitos humanos. Não haverá desvios. Temos que garantir que pessoas má
intencionadas não busquem esse ingresso ao território nacional”,
declarou o chefe da Divisão das Nações Unidas do Ministério das Relações
Exteriores.
O diretor geral da Abin, Wilson Roberto Trezza, afirmou que, após
cinco dias de debates sobre o tema, a confiança de que os Jogos de 2016
serão bem-sucedidos no que diz respeito à segurança é grande. “O país
está mais bem preparado do que muitos imaginam”, afirmou. “Cumprimos o
nosso objetivo, que foi fazer um levantamento prévio e um assessoramento
às forças de segurança”, continuou.
Trezza garantiu que a qualidade do serviço de inteligência no Brasil é
equiparada aos melhores serviços de inteligência do mundo, embora tenha
lançado um alerta para uma legislação mais eficiente que ampare as
ações da Abin. Ele lembrou ainda que o mundo árabe e o Islã não
devem ser vistos como sinônimos de terrorismo e que o combate ao terror é
feito “independentemente da religião ou nacionalidade”.
Por fim, Trezza adiantou que essa vigilância não se esgotará nos
Jogos Rio 2016. “A preocupação com o terrorismo não tem prazo de
validade e não será encerrada no último dia dos Jogos. O Brasil, como
qualquer outro país, não está isento desse problema fora de um grande
evento”, sentenciou.
Foto: Ministério do Esporte
0 Comentários