Depois de nove dias de treinos e competição, o Aquece Rio Desafio
Internacional de Canoagem Slalom, realizado no Estádio Olímpico da
modalidade, em Deodoro, mostrou que o Brasil poderá de fato brigar por
uma medalha quando a instalação receber os Jogos Rio 2016. Melhor
brasileira no evento, Ana Sátila chegou à final do K1 feminino e
terminou a prova na sexta posição, brigando de igual para igual com a
elite do esporte.
Depois de chegar à semifinal com o segundo melhor tempo e à final com
a quarta melhor marca, a jovem de 19 anos completou o percurso em
160,99 segundos por conta de uma penalização, terminando em sexto lugar.
Neste domingo (29.11), a chuva e o vento castigaram os atletas que
competiram no período da tarde, dificultando a descida do percurso.
“Eu estava confiante, estava em um bom ritmo, mas infelizmente hoje
não deu”, lamentou Ana Sátila. “Teremos várias competições e também a
mais importante, os Jogos Olímpicos. Sei que será um ano de muito
trabalho e vou me dedicar ao máximo para trazer bons resultados”,
acrescentou. Para o técnico da Seleção Brasileira, o italiano Ettore
Ivaldi, Ana tem condições de competir com as melhores do mundo. “Ela vai
brigar por medalha nos Jogos Olímpicos”, afirmou.
O título ficou com a austríaca Violetta Oblinger-Peters, enquanto a
tcheca Katerina Kudejova foi prata e a espanhola Maialen Chourrat levou o
bronze. No K1 masculino, o francês Mathieu Biazizzo foi o campeão, com o
alemão Sebastian Schubert em segundo e o francês Sebastien Combot em
terceiro. O domingo teve ainda a decisão do C2 masculino, vencido pelos
eslovenos Saso Taljat e Luka Bozic, e do C1 masculino, com o britânico
David Florence levando o título.
Dificuldade elevada e elogiada
Quem saiu ganhando mesmo no evento-teste foi o próprio Estádio
Olímpico de Canoagem Slalom. Construída com investimento de R$ 118
milhões do governo federal, a instalação agradou a brasileiros e
estrangeiros e foi motivo de diversos elogios ao longo dos dias em que
recebeu os competidores em suas corredeiras.
Décimo terceiro colocado no K1 masculino, Pedro Gonçalves destacou
tanto o grau de dificuldade apresentado pela pista quanto o que ela
passa a significar para a modalidade no Brasil. “Para nós, atletas, isso
aqui é fantástico, coisa de outro mundo. É como se estivéssemos na
Europa ou nos Estados Unidos, onde sempre íamos buscar esses centros”,
destacou o brasileiro.
“É uma das pistas mais difíceis do mundo, brigando com a de Londres
(2012). A água é muito dispersa, então você pode sair toda hora da linha
que traçou”, explicou Pedro, mais conhecido como Pepe.
Dono de duas medalhas de prata nos Jogos Olímpicos, uma no C1 em
Pequim 2008 e outra no C2 em Londres 2012, o britânico David Florence
ressaltou o desafio da pista graças ao estilo de montagem dos portões
pelos quais os atletas são obrigados a passar e podem ser montados de
várias maneiras diferentes.
“Eles montaram de uma forma muito difícil para esta competição. Vimos
muita gente cometendo erros, poucos conseguiram chegar ao fim de forma
perfeita”, destacou o britânico, que conquistou o título do C1 masculino
e foi vice-campeão no C2. “Claro que não foi uma competição tão grande
quanto os Jogos Olímpicos ou um Mundial, mas tínhamos vários caras bons
aqui e estávamos no mesmo lugar em que iremos disputar os Jogos, então
estavam todos buscando o pódio. É um sentimento incrível”, disse
Florence, sobre o ouro no C1.
“Tudo correu tranquilamente”, diz Rio 2016
Diretor de esportes do Comitê Rio 2016, Rodrigo Garcia fez um balanço
positivo em relação aos testes realizados durante o evento no Estádio
Olímpico de Canoagem Slalom. Segundo ele, “tudo correu tranquilamente” e
o retorno dado por atletas e equipes envolvidas na competição foi
positivo.
“Isso para nós é o mais importante. Todo mundo questionava se Deodoro
ficaria pronto ou não e hoje a gente vê uma competição de altíssimo
nível, com os maiores do mundo”, comentou Garcia.
O diretor do Rio 2016 detalhou as áreas testadas pelo Comitê e
relatou que não houve nenhuma grande dificuldade na operação. “Temos uma
equipe de gerenciamento de competição extremamente complexa. Temos
pessoas preparadas para fazer salvamentos, voluntários, sistema de
armazenagem e transporte de barcos. Tudo foi testado sem problemas”,
detalhou.
Garcia explicou também que a montagem dos portões na descida da pista
foi outra área testada pela organização. “Nos primeiros dias estávamos
trabalhando com um número maior de atletas, então a ideia era facilitar
um pouco. Nas finais, modificamos um pouco e dificultamos um pouco mais.
Esse é o objetivo do evento-teste, conhecer um pouco o canal e pegar o
feedback dos atletas”, acrescentou o diretor de esportes do Comitê Rio
2016.
Foto: Heusi Action
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