Um esporte que surgiu e se consolidou
no continente europeu e uma equipe que vinha do ‘país do futebol’, que em
Dezembro de 2013 estiveram unidos como nunca antes. As meninas da Seleção
Brasileira de Handebol entravam para a história do esporte sendo a segunda
equipe fora da Europa a conquistar um Campeonato Mundial (Coreia do Sul
conquistou o título em 1995).
(Foto: AFP)
O livro Raça Brasil, de Monique Danello (repórter do Canal Esporte
Interativo), conta a trajetória das meninas que partiram para a Sérvia, onde
foi realizado o Mundial, mostrando os bastidores da conquista deste título
inédito. Monique esteve presente, acompanhando a Seleção Brasileira, desde
2011, quando o Mundial foi realizado no Brasil. Com depoimentos das atletas e
de quem estava junto com elas, o livro mostra o quão importante foi esta
conquista, com um processo longo, desde jogadoras indo competir em times
europeus, ficando longe de suas famílias e seu país, ao sacrifício de alcançar
qualidade e reconhecimento.
HISTÓRICO
O esporte é inserido com mais
destaque no cenário mundial de competições em um período pós Segunda Guerra
Mundial, sendo sua origem na década de 20, pelo professor alemão Karl Schelenz,
ainda no período da Primeira Guerra Mundial. A própria Alemanha começa a
popularizar o esporte pelo seu continente, com nações aliadas.
O Brasil logo recebeu o esporte,
e já em 1940 era criada a Federação Paulista de Handebol. Entretanto, o país
(ou qualquer outro não europeu) pouco se destacava em competições
internacionais. A primeira competição mundial
feminina do Brasil foi na década de 90 apenas.
Quando se trata de continente
Americano, a conversa muda o tom: Nos Jogos Pan-americanos, das sete edições em
que houve competição de handebol feminino, o Brasil conquistou 4 medalhas de
Ouro ( consecutivos, e sendo das últimas edições realizadas), 1 de Prata e 2 de
Bronze. Há também o Campeonato Pan-americano de Handebol, no qual nosso país
levou 8 títulos, de 12 disputados.
Na última década, contudo,
percebia-se a melhora da equipe verde e amarela em competições
internacionais. Dos Jogos Olímpicos de
Sydney 2000 pra cá, o Brasil foi melhorando. Em Londres 2012, o Brasil fez uma
excepcional primeira fase, mas caiu nas quartas-de-final, diante da forte
Seleção da Noruega. Nos Mundiais realizados neste mesmo período, o Brasil subia
um degrau após o outro. Em 2011, o Brasil foi anfitrião da competição e
conquistava, até então, sua melhor colocação em mundiais: 5º lugar.
A CONQUISTA
O Campeonato Mundial de Handebol
Feminino de 2013 ocorreu entre os dias 6 e 22 de Dezembro. Neste período, o que
se viu foi uma verdadeira demonstração de talento e barra das brasileiras.
(Foto: AFP)

Na fase final, só viria ‘pedrada’.
Nas oitavas-de-final, foram as holandesas, em um jogo não muito apertado, por
29x23. Depois vieram as meninas da equipe da Hungria, que acabou por 33x31. Na semifinal,
etapa em que o Brasil jamais tinha chegado, foi a vez de reencontrar as
dinamarquesas. E deu vitória novamente, por 27x21. Neste momento o Brasil
deixava de fazer história por chegar à sua melhor colocação apenas, e mostrava
que defini-las pela ‘Raça Brasil’ não estava equivocado.
E a grande final, diante das
anfitriãs, sob os olhares de mais de 19 mil espectadores eufóricos pelo seu país,
o Brasil precisava se agigantar. E agigantou. Na capital sérvia, Belgrado, fomos melhores e maiores.
As meninas brasileiras, que não
tinham incentivo, que não conseguiam se equiparar ao talento europeu, deixavam o
mundo de boca aberta. Alexandra Nascimento, já considerada a melhor jogadora do
mundo, levava a equipe verde a amarela consigo e desbancava a defesa
adversária. A nossa defesa também se tornava primordial. E com o apertado e
sofrido placar de 22x20, o troféu, o grito de ‘é campeão’ e o choro, mostravam
o quanto significava este título.
A SELEÇÃO
Foi uma seleção de Ouro, que
estará unida e com mais garra no próximo Mundial, do ano que vem, e dos Jogos
Rio 2016. Uma Seleção que enche de orgulho e que dá exemplo.
(Foto:EFE/EPA/Andrej Cukic)

Eis os nomes das jogadoras:
Fabiana Diniz, Alexandra Nascimento, Samira Rocha, Daniela Piedade, Amanda de
Andrade, Fernanda da Silva, Ana Paula
Rodrigues, Bárbara Arenhart, Elaine Gomes, Mayssa Pessoa, Karoline de Souza,
Eduarda Amorim, Deborah Hannah, Mariana Costa, Mayara Moura, Deonise Cavaleiro.
Nomes que ficarão escritos na história do esporte nacional. Nomes que mostraram
raça, que lutaram, que tem mérito para dizer que
são campeãs do mundo.
Que venham muitas conquistas pela
frente. Que sejamos os ‘país do futebol com as mãos’ também. Que tenhamos
sempre motivos para acreditar que o nosso esporte só tende a crescer. Que a
música Celebrar (da banda Jammil e
Uma Noites) seja sempre cantada por elas e por nós todos, na luta por mais
títulos.
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