Hiperativa, Mayra Siñeriz dava trabalho para os pais. No lugar de
remédios, a orientação dos médicos para solucionar o problema foi o
esporte. E lá foi a menina para a natação. A piscina, porém, não foi
suficiente para acalmar a capixaba. Na frente da TV de casa, em Vitória,
ela via a ginástica pela televisão e imitava os movimentos. Já sabia
fazer espacate (movimento de abertura das pernas, formando um ângulo de
180º) mesmo sem treino e, entre uma bagunça e outra, mostrava
desenvoltura em situações que a ajudariam no esporte. A mãe não teve
dúvidas. Aos oito anos, Mayra começou na ginástica rítmica. Sete anos
depois, a garota de 15 anos está entre as três melhores ginastas do país
e foi a única sul-americana classificada para os Jogos Olímpicos
da Juventude, em Nanjing. O pensamento, todavia, está mais longe, nas
Olimpíadas de 2016, no Rio.
- Comecei com 8 anos. Já fazia espacate pela casa, era muito flexível.
Era
hiperativa, não parava quieta. Meus pais tentaram a natação, mas não me
acalmou. Como o Espírito Santo sempre foi forte na ginástica rítmica,
eu imitava os movimentos em casa, vendo pela TV. Fui fazer uma aula e me
apaixonei. Chego em casa do treino e treino mais um pouco. Não tenho
nada para
fazer? Treino. Sozinha mesmo. É o que mais gosto de fazer no mundo.
Treino e me sacrifico para disputar os Jogos Olímpicos de 2016 - disse
Mayra, que tem forte concorrência de Angélica Kvieczynski e Natália
Gaudio, também do Espírito Santo, para apenas uma vaga olímpica.
-
Tenho um corpo parecido com o das russas: alta, magra e de perna
grande. Isso ajuda na ginástica, nos movimentos. E também por ser loira e
ter uma técnica de manejo com os instrumentos parecidos com o das
russas - disse a menina, que compete na noite desta segunda-feira.
Os
resultados desde o início da carreira mostraram que a escolha pela
ginástica foi certa. Mayra é tricampeã brasileira, no pré-infantil (9
anos), infantil (11) e juvenil (13). Além disso, é campeã sul-americana
juvenil, bicampeã dos Jogos Nacionais da Juventude, e dona do Prêmio
Brasil Olímpico de 2012 de melhor atleta até 14 anos. Os Jogos de
Nanjing, possíveis graças ao quarto lugar no individual geral do
Pan-Americano Juvenil, representam o salto para a "maioridade".
Pensando nas Olimpíadas de 2016, no Rio de Janeiro, quando o Brasil
tem uma vaga garantida sem necessidade de brigar em um Pré-Olímpico,
Mayra tem Angélica Kvieczynski e a
amiga Natália Gaudio como principais concorrentes. A briga, contudo,
fica apenas nas competições, já que se dão bem e Mayra inclusive treina
com Monika Queiroz, também técnica de Natalia Gaudio.
- Sou super tranquila como atleta. A minha maior rival sempre viaja comigo (Natália Gaudio), e
a gente é muito amiga. Temos a mesma técnica, e a Natália vai brigar também pela vaga.
Competição
é na hora. Acabou, uma ajuda a outra. Eu vou correr atrás dos Jogos
Olímpicos de 2016, pois é o meu sonho estar representado meu país dentro
de casa. Vai ser difícil, pois temos meninas com
experiências maiores, e ainda tenho a Natália, que é uma das melhores
atletas do Brasil - disse Mayra.
Mesmo pensando nas Olimpíadas, Mayra não pensa em parar os estudos. Quer fazer faculdade assim que terminar o ensino médio.
- Eu gosto muito de odontologia e de educação física - encerrou a ginasta.
Foto: CBG
Fonte: Globoesporte.com
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