O colorido do aparelho fixo usado por Marcus Vinicius D’Almeida não é apenas uma modinha de adolescente. As borrachinhas amarelas significavam o alvo que o carioca queria atingir na prova do tiro com arco nos Jogos Sul-Americanos, em Santiago, no Chile. Aos 16 anos, o garoto, que começou a nadar aos 6 e lutava jiu-jitsu por diversão, conquistou três ouros na competição, quebrou o recorde sul-americano e passou a ser promessa no esporte pouco praticado no Brasil. O jovem ainda não garantiu a vaga nas Olimpíadas do Rio-2016, mas seus resultados o colocam mais próximo dessa classificação.
— Estou treinando para isso. Tentaria lotar ao máximo o sambódromo, e fazer a minha dali a minha casa — disse Marcus, que ainda festeja seus ouros. — É aquilo que sempre sonhei. Estar em cima do pódio (sobre o Sul-Americano) foi a sensação que quero ter sempre. A emoção de escutar o hino, ver a bandeira no mastro mais alto é demais. Espero ser escolhido para em 2016.
O esporte veio como uma flecha na vida dele. Foi aos 12 anos que ele resolveu praticar o tiro. Aos 14, deixou os pais, em Maricá, e foi morar em Campinas (SP) para treinar com a seleção. Com 15, estreou no Mundial júnior e no adulto, ficando em 9º e 17º, respectivamente. Cinco meses depois, foi triplamente ouro no Sul-Americano. As marcas impressionam pela rapidez que aconteceram.
— É um esporte complexo, de resultado. Fiquei um ano só conhecendo e entendendo. Sou o mais novo da seleção. Os outros têm 27, 31 anos — disse o atleta, que dedica 30 horas semanais para praticar o tiro com arco.
Longe de casa, Marcus foi obrigado a crescer e criar responsabilidades. Aprendeu a lavar roupa, louça e cozinhar. Tímido, não fez muitos amigos na nova cidade, só sai do alojamento para ver os pais, e dedica todo o seu tempo para treinar. Mesmo assim, não se arrepende de não “viver” como um adolescente normal.
— Não fico triste de não ir a uma festa. Quando eu viajo, subo no pódio, ganho três medalhas, nada paga. Posso ficar treinando um mês e que se eu for subir no lugar mais alto apaga tudo. São valores que eu tenho e outros jovens têm os seus — disse.
— A tradição vamos criar. Estou lutando para isso – falou.
Fonte/Fotos: Jornal Extra
0 Comentários