Desde 2013, atletas com chances de pódio na Olimpíada de 2016 recebem
até R$ 15 mil do Ministério do Esporte. Esse é a grande vantagem
do programa Bolsa Pódio. Porém, o melhor esgrimista do Brasil, Renzo
Agresta, não recebe este apoio financeiro, mesmo dentro do critério
mencionado. Pior: o pouco conhecimento do esporte também não rende apoio
de iniciativas privadas. Dessa forma, às vésperas de disputar o
circuito mundial, ele tem pequenas dificuldades até com as passagens
para viajar. Mesmo assim, Renzo tenta ameinizar os problemas, valoriza
outros apoios que recebe do Estado e vê o futuro do esporte com
otimismo.
Sobre o apoio do programa Bolsa Pódio, Renzo é reticente: "eu estava
entre 20 primeiros no ranking mundial quando foi anuciado o Bolsa Pódio.
E esse é um dos critérios, mas não sei porque não fui agraciado.
Procurei entender, mas não entendi o porquê. Existem avaliações
subjetivas, mas não foram me passadas".
Questionado sobre a existência de algum interesse de
empresas privadas, Renzo se confundiu e evitou ser pessimista: "na
esgrima tem o Clube Pinheiros, que está apoiando bastante. Mas na
verdade ele tem incentivo fiscal pelo Ministério do Esporte. Então só
tenho o fornecedor de material esportivo, que é uma empresa da Hungria.
Mesmo assim acho que de uma forma geral está melhorando (o apoio financeiro) sim".
Sem o Bolsa Pódio, Renzo pelo menos conta com ajuda de
outros patrocinadores ligados ao Estado, como o Clube Pinheiros. "Conto
com ajuda também da Petrobras e do Exército. Isso tem me ajudado a
participar das competições e poder fazer intercâmbios. Estou indo para a
Itália graças a esse tipo de apoio, que é fundamental para nosso
esporte, porque tem muita viagem e competição".
Renzo costuma treinar em Roma. Mas ele jura que não faz
isso por falta de estrutura no Brasil: "aqui a estrutura é até melhor
que na Europa. Aqui eu tenho a parte de preparo físico, nutrição,
fisioterapia, psicologia e biomecânica, tudo em um lugar. Essa parte que
o Clube oferece no Brasil é até melhor que lá fora", comentou, antes de
explicar melhor porque precisa viajar: "na parte técnica não tem jeito -
a Itália ainda é o berço da esgrima. É para onde eu vou porque
nisso não tem comparação".
Se a vida é difícil para quem já é profissional, fica
ainda pior para quem quer começar a carreira na esgrima. Mas Renzo
explica que há um mito: "não é um esporte caro. Se você for ver o preço
do material ao longo dos anos... é um material que dura e você pode usar
sempre. Não tem tanto problema. Existe muito a ideia de ser caro, mas
não é realmente".
Para comprovar essa afirmação existem alguns resultados
da nova geração de esgrimistas que animam Renzo: "a gente teve um
resultado muito bacana no Mundial cadete do ano passado, com a Gabriela
Cecchini, que é uma menina de 16 anos. No florete masculino tem um
menino que é o Henrique Marques, que está subindo e tem bons resultados.
Tem também a Amanda Simeão, que está melhorando".
Apesar da falta de apoio privado e dificuldades com a
ajuda estatal, Renzo aposta exatamente na evolução desses jovens para
fortalecer a esgrima no Brasil: "acho que cada arma está com suas
referências, com sua nova geração querendo ocupar o lugar da geração
atual. Acho interessante, porque quando tem isso começa a briga para
entrar na Seleção. É aí que começa a ficar mais competitivo e melhora o
nível", apostou, sempre otimista, apesar das dificuldades.
Fonte: Terra/Allan Brito
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