Últimas Notícias

Atleta catarinense promete que não irá aos Jogos Olímpicos de Inverno a passeio

Eduardo Madeira Jr (@omadeirinha)

Nos Jogos Olímpicos de Inverno que serão realizados em Sochi (Rússia) entre os dias 7 e 23 de fevereiro, o Brasil, pela primeira vez na história, terá 12 atletas na disputa, e entre esta dúzia de participantes estará a catarinense Sally Mayara (a direita na foto). Natural de Jaraguá do Sul, a esportista de 26 anos competirá no Bobsled ao lado de Fabiana dos Santos, 31. Apesar da inédita aparição, a jaraguaense promete não ir a passeio para a Rússia.

“Bom, sempre falo que não estaremos indo para Sochi passear, mas sim para brigar por posições. É muito gratificante representar o Brasil. Estou muito feliz e pretendo fazer história no esporte”, comentou Sally.

O Bobsled é um esporte de inverno no qual equipes de duas ou quatro pessoas realizam, por meio de um trenó, descidas cronometradas em uma pista de gelo sinuosa e estreita. O trenó é movido pela força da gravidade e pode atingir velocidades de até 150 km/h.

A catarinense teve rápido progresso no esporte. Ela, que também praticava atletismo profissionalmente, descobriu o Bobsled em janeiro de 2013. “Houve uma seletiva em janeiro de 2013, em São Caetano do Sul (SP), e resolvi participar. Por fim, acabei sendo chamada e, no mês seguinte, fui para uma competição nos EUA”, declarou.

Os treinamentos de Sally Mayara e Fabiana Santos se dividem em duas partes: física e técnica. Segundo a catarinense, o treinamento físico é feito no Brasil mesmo, mas a parte técnica tem que ser obrigatoriamente em pistas de gelo, o que lhes obrigava a treinar fora do país. “Nós treinamos em Calgary, no Canadá, Park City e Lake Placid, nos Estados Unidos. Treinamos muito tempo mesmo em Calgary, que é onde o treinador Cristiano Paes mora. Fomos para lá no dia 8 de outubro e retornamos no dia 13 de janeiro”, relata.

Classificação para Sochi

Sally Mayara e Fabiana Santos conseguiram a classificação para os Jogos Olímpicos de Inverno após boa participação na Copa América e, também, graças a uma combinação de resultados na Copa do Mundo que lhes favoreceu.

A catarinense comentou que o momento de torcer contra as rivais foi o mais complicado, porque Fabiana e ela já haviam feito a parte que lhes era necessária. Sally disse que estava confiante, mas que a indecisão do que aconteceria na Copa do Mundo preocupava.

Apesar de “não ir a passeio”, a atleta reconhece que é muito difícil sair de Sochi com medalha, mas garante a busca por bons resultados. “Os grandes nomes do Bobsled são os da canadense Kaillie Humphries (líder do ranking da Federação Internacional de Bobsled e medalhista de ouro nos jogos de Vancouver/2010) e da norte-americana Elana Meyers (3ª no ranking e bronze em Vancouver). Será difícil bate-las, mas queremos obter um ótimo resultado e mostrar que o Brasil também é capaz”, avalia Sally.

Porém, muitos atletas não estão com medo dos adversários que terão pela frente, mas sim das ameaças terroristas que a Rússia vem sofrendo quanto à realização do evento esportivo. No último domingo, por exemplo, um grupo terrorista islâmico denominado Vilayat Dagestan assumiu a autoria de ataques terroristas que mataram mais de 30 pessoas no país no início do ano e ameaçou novos ataques caso os jogos sejam realizados.

Sally Mayara, em contrapartida, não demonstra enorme preocupação com isso, já que a Vila Olímpica foi toda preparada para eventuais situações de emergência.

Parceria com a “supermulher”

Parceira de Sally Mayara, a paulista Fabiana dos Santos já tem mais experiência no Bobsled que a catarinense. Nascida em Santo André, ela já conquistou a medalha de ouro na etapa de Park City da Copa América e a medalha de bronze na etapa de Calgary do mesmo torneio, ambas em 2009. Além disso, ela está na 23ª colocação do ranking da Federação Internacional de Bobsled, sendo assim a melhor brasileira colocada.

No Bobsled de 2 feminino, há a pilota e a brakewoman (mulher do freio, em tradução livre). Mais experiente, Fabiana é quem pilota o trenó e entra primeiro no veículo, enquanto a catarinense, a “brakewoman”, entra logo em seguida.

A atleta de Jaraguá valoriza demais a companheira de trenó e a qualifica como uma ‘supermulher’. “A maioria dos representantes do Brasil vem do atletismo, assim como eu. Mas a Fabiana é uma ‘supermulher’. Ela fez ginástica, levantamento de peso e também atletismo”, destacou.

Quem também estará na equipe será Larissa Antunes da Silva, de Cascavel, Paraná. A jovem atleta de 22 anos será reserva de Sally e Fabiana.

Nome do trenó

No começo do ano, a CBDG (Confederação Brasileira de Desportos no Gelo) lançou uma enquete para que o público pudesse escolher o nome do trenó em que os atletas brasileiros estarão competindo em Sochi. Sally Mayara já tem seu predileto: “Eu gosto muito de Tropical Ice. Mas, de qualquer forma, vou adorar o nome que for escolhido pelo público”.

Segundo a CBDG, “Tropical Ice” (Gelo Tropical) representa as coisas boas do país, como animais e belezas tropicais. Outro nome que está em escolha é “Ice Warrior” (Guerreiros do Gelo), que representa a luta e as dificuldades enfrentadas pelos atletas para representar o país da melhor forma possível. Já a terceira e última opção é “Frozen Banana” (Banana Congelada), que seria o nome que os acompanha há algum tempo, também sendo uma forma de representar a fruta que é muito consumida no Brasil.

A votação pode ser feita através de um formulário no Google criado pela CBDG. O resultado final sai no dia 25.

O Bobsled em Olimpíadas

Desde 1924, o Bobsled faz parte dos Jogos Olímpicos de Inverno como uma competição para equipes masculinas de quatro pessoas. Em 1932, foi adicionada uma segunda modalidade, para equipes compostas de dois homens.

Apenas em 2002 foi admitida, pela primeira vez, a participação de mulheres entre os membros das equipes. Em 2006, foi introduzida a modalidade para times de duas mulheres.

O esporte ganhou notoriedade junto ao público depois do lançamento do filme “Jamaica Abaixo de Zero (Cool Runnings, 1993)”. A produção de Jon Turtelbaud narra, de forma bem humorada, a história do primeiro time jamaicano de Bobsled nos Jogos Olímpicos de Inverno, isso em Calgary no ano de 1988.


*Notícia originalmente postada no Jornal Hoje, edição nº 845, 24/01/2014

0 Comentários

.

APOIE O SURTO OLÍMPICO EM PARIS 2024

Sabia que você pode ajudar a enviar duas correspondentes do Surto Olímpico para cobrir os Jogos Olímpicos de Paris 2024? Faça um pix para surtoolimpico@gmail.com ou contribua com a nossa vaquinha pelo link : https://www.kickante.com.br/crowdfunding/ajude-o-surto-olimpico-a-ir-para-os-jogos-de-paris e nos ajude a levar as jornalistas Natália Oliveira e Laura Leme para cobrir os Jogos in loco!

Composto por cinco editores e sete colaboradores, o Surto Olímpico trabalha desde 2011 para ser uma referência ao público dos esportes olímpicos, não apenas no Brasil, mas em todo o mundo.

Apoie nosso trabalho! Contribua para a cobertura jornalística esportiva independente!

Digite e pressione Enter para pesquisar

Fechar