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Surto Entrevista - Monique Danello

O Surto Entrevista neste dia em que o site completa 2 anos de existência traz a jornalista Monique Danello, reporter do canal de tv Esporte Interativo que cobriu recentemente o Mundial de Handebol Feminino na Sérvia, quando o Brasil trouxe o inédito título da competição.

Quando você soube que iria para a Sérvia cobrir o Mundial?

Durante todo ano eu vivia essa expectativa, porque esta é uma competição muito importante para o Esporte Interativo. Fiquei sabendo em novembro, mais ou menos um mês antes. A primeira coisa que fiz foi ligar para o Morten e mandar mensagem para Dara para contar. Eles também viviam essa expectativa de saber se iríamos para a Sérvia com eles.

Como foi a experiência de ser a única repórter da TV brasileira a estar presente nesse feito histórico do Handebol?

Para mim foi inesquecível poder contar essa história para o Brasil inteiro, do meu jeito, com verdade, mas também com muita emoção. Eu, em nome do Esporte Interativo, sempre estive acompanhando as meninas na derrota e na vitória. Já sabia, desde o começo, que quase ninguém iria se interessar em mandar um correspondente para acompanhar a competição in loco, pouca gente acreditava nelas. Estar ali ao lado delas foi maravilhoso!

O que você espera dessa seleção nas próximas competições, que deixa de ser uma 'outsider' pra ser a seleção a ser batida? Agora que chegou no topo, ela tem condições de se manter?

Claro que tem. O Brasil evoluiu na parte técnica e principalmente na parte emocional. Hoje tem uma das melhores defesas do mundo. A tendência é que mais gente se interesse por esse grupo, o apoio aumente, as portas dos clubes europeus vão se abrir para outras meninas. O Brasil vai pra ganhar medalha no Mundial de 2015 e na Olimpíada de 2016.

Você que viu de perto, como você avalia o trabalho do Morten Soubak no comando da seleção?

O Morten transformou esse time. Mudou a mentalidade das meninas, construiu uma mentalidade vencedora, trouxe confiança para as meninas, montou uma comissão técnica super completa, e o trabalho da psicóloga Alessandra Dutra é fundamental. O Morten é sério, humilde, um homem bom. O que elas evoluíram de 2011 para 2013, é uma enormidade. Para vocês terem uma ideia, na Sérvia ele era o técnico mais concorrido pelo imprensa, desde a primeira fase. Os dinamarqueses idolatram ele, todo dia era uma disputa para as entrevistas. Embora ele diga que as meninas é que ganharam essa medalha, ele foi fundamental, nos treinos, nas conversas. Ele sabe tudo!

Qual você considera o jogo mais difícil e o mais emocionante da campanha do Brasil no Mundial?

Para mim o jogo mais difícil também foi o mais emocionante. Foi o jogo contra a Hungria, nas quartas de final. Jogo duro, do meio para o fim o Brasil teve que correr atrás do placar o tempo todo. Duas prorrogações e uma prova de fogo. O Brasil precisava vencer o fantasma das quartas e, no Mundial anterior e na Olimpíada, não soube se encontrar na partida quando perdeu a vantagem. Dessa vez não, o Brasil perdeu a vantagem, passou a correr atrás do placar, viu a derrota passar na frente várias vezes, mas soube recuperar. É essa evolução emocional a que me refiro. Nesse dia eu quase morri! Que emoção, mas uma emoção diferente. O estado de choque era tão grande que mal consegui chorar. Contra a Dinamarca na semi, o jogo foi mais tranquilo mas a emoção foi outra. O choro da medalha, de ter entrado pra história. Lembrei das coisas que elas falavam em 2011, pódio era um sonho tão distante, e virou tão real...

Como o público sérvio se comportou após a derrota na final?

Eles não aplaudiram o Brasil em nenhum momento, até chegaram a vaiar. Acho que só não foram embora porque a prata era um grande resultado para aquela seleção também. Inclusive, quando a Sérvia voltou para pegar a medalha, todos comemoraram muito.

Você já sabe se continuará com o trabalho de acompanhar seleção brasileira de perto nas próximas competições?

Imagino que sim! Não conversei com ninguém sobre isso ainda, mas, desde que fui em 2011, a ideia era mais ou menos essa: conhecer a história delas, para poder contar da melhor maneira possível. Hoje, além de todo o conhecimento, criamos um laço, uma relação de confiança. Isso nós (eu e a seleção) conquistamos aos poucos e ninguém tira!

Você acredita que o tratamento dispensado ao Handebol e demais esportes Olímpicos pela mídia pode mudar após esse título histórico?

Sinceramente, sou muito desconfiada. Fico me perguntando: se elas ganhassem a prata (o que já seria histórico) será que teriam a mesma recepção de ontem? A memória da mídia brasileira é muito curta, se na próxima competição o resultado não se repetir, o que vão dizer? Espero, do fundo do coração, que fique apenas na minha desconfiança. Elas merecem todo esse reconhecimento e um tratamento digno. O Brasil também é o país do handebol. O que posso garantir é que nós do Esporte Interativo estaremos sempre com as portas abertas para elas, como sempre foi, na derrota e na vitória.


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